domingo, 20 de abril de 2008

Pentium HT x DUAL CORE

http://www.intel.com/personal/desktop/dualcore/demo/popup/demo.htm

Se vc ainda não entende qual é a diferença entre processadores com capacidade HT e Dual Core, assista a demo oficial da Intel de 2005. É rapidinha.

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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Museu dos aparelhos e formatos de vídeo

Quer dar uma olhada em todos os formatos de vídeos do passado? Fitas e aparelhos conhecidos e absolutamente desconhecidos? Visite

http://www.totalrewind.org/

Do you want to take a look at old video formats and tape recorders?

Preservação de Fitas de Vídeo

http://www.amianet.org/resources/guides/fact_sheets.pdf

O documento acima é completo e fundamental não só para a preservação de fitas de vídeo nos mais diversos formatos - VHS, BETA, BETACAM, U-MATIC, BETAMAX, S-VHS, 8MM, Hi8, SMTPE e outras. Nele há históricos, lista de problemas, algumas soluções, armazenamento, período de vida etc. É um documento muito necessário nesta época de transição de fita para DVD. Não fala nada sobre o processo de cópia.

Você sabia que a durabilidade de uma fita de vídeo ERA de apenas 10 a 60 anos dependendo da qualidade e da manutenção? Agora vai dar para entender porque suas fitas de 15 ou 20 anos, que ficaram quietinhas no canto do armário se desmagnetizaram...

Discurso Sem verbos

Mais espetacular e inusitado que o Discurso Sem a Letra A, abaixo, temos este Discurso Sem Verbos. Parece impossível escrever tanto um quanto outro, mas isso nos mostra que nós, jornalistas e escritores atuais não conhecemos nossa língua. Difunda este texto pois é especificamente desconhecido e feito por um clérigo que também acabou esquecido em nossa história. Os sermões dele deviam ser muito interessantes.

D. Antônio de Macedo Costa (Bahia, 1830-1891) estudou em Paris e doutorou-se em Roma. Teólogo notável, foi bispo no Pará e juntamente com D. Vital de Oliveira (bispo de Olinda) combateu a Maçonaria. Ambos foram presos e anistiados após um ano e meio.

José Roitberg - jornalista

DISCURSO SEM VERBOS
D. Antônio de Macedo Costa

Primeira regra de estilo, uma das principais e porventura a mais esquecida de todas: naturalidade por oposição a afetações ridículas.

Quanto no galarim da fama réu deste delito e quantos oradores, aliás dignos de encômios pelos dotes singulares de seu engenho e imaginação, responsáveis perante a crítica sisuda, pela falta de uma nobre simplicidade de estilo e boleio das frases.

Muita atenção, orador noviço, para este ponto capital.

Nada de ornatos supérfluos, apegados como parasitas ocos a cada palavra: miserável ouropel por cima de pensamentos muitas vezes ocos e sem solidez alguma, só para engano da vista de espíritos superficiais ou de mau gosto. Um brilho fosforescente e um deslumbramento passageiro, como o de um fogo de artifício, tal o único mérito desses campanudos oráculos do púlpito cristão.

Idéias porém sólidas e bem dosadas, ordem rigorosa de raciocínio, doutrinas exatas luculentamente expostas, isso nunca. Não assim Bossuet, os Bourdalouse, os Massilon e todos os outros grandes modelos da eloqüência do púlpito do grande século de Luís XIV.

Que nobre simplicidade! Que naturalidade sublime! Que opulenta sobriedade! Qual rio caudaloso por entre margens, ora severa e escarpadas, ora floridas e risonhas, mas sempre formosas de naturalidade, assim o pensamento desses famosos gênios, por entre a frase ora simples, ora mais ornada, sempre porém em relação com o assunto cheio de graças ingênuas, de louçainhas despretensiosas.

A cada um desses grandes gênios o seu merecimento próprio: a Bossuet sobretudo, em suas orações fúnebres, uma grandeza e majestade incomparáveis; ao nosso Vieira, apesar dos seus senões, uma sutileza, uma retentiva e uma fecundidade pasmosa; e assim os mais, cada qual com seus primores e as suas qualidades características, em todos porém a naturalidade e a simplicidade no seu último auge!

A frase sempre límpida, tersã, louçã; o estilo sempre acomodado ao pensamento, modestamente ataviado, sem arrebiques, sem enfeites pretensiosos e ridículos, sem todas essas lentejoulas tão em voga nas épocas de decadência literária.

Mas sobretudo no orador sagrado, no homem do Evangelho, no Ministro de Deus morto na Cruz, nada mais desairoso, em verdade, do que essas afetações de estilo! Ai! Onde aquele espírito dos varões apostólicos, onde aquela abnegação aos vãos ornatos da eloqüência do mundo?

Ministros do Altíssimo, culpados desta espécie de profanação da palavra santa! Desgraçados de vós por este abuso tão estranho dos dons de Deus e das graças do nosso divino ministério! Mas nem mais palavra! Sobre desvios como estes, só lágrimas e muitas lágrimas!"

Discurso Sem a Letra A

Caros colegas, em nossa discussão continuada sobre como escrever melhor cabe o texto abaixo. Ele ficou perdido durante anos em meu arquivo e o achei por acaso quando procurava por outra coisa. Creio que a maior parte das pessoas nunca ouviu falar dele, e acho que deveria ser de leitura obrigatória nas escolas de jornalismo.

O motivo de ser desconhecido é o fato de seu autor, Dr. Antônio Araújo Gomes de Sá, não ter a mínima importância na memória nacional. Ainda não pesquisei a fundo o que ele fez ou deixou de fazer. O texto é chamado de "Discurso Sem a Letra A" e foi proferido na posse de Gomes de Sá no Instituto Geográfico da Bahia em 1918.

O texto não apenas mostra a riqueza da língua portuguesa, mas também é o fim do duelo de duas mentes privilegiadas: foi o resultado de uma aposta entre Gomes de Sá e Ruy Barbosa. A fonte deste texto é sua publicação na desconhecida revista "Momento Policial ed 28" cuja página eu arranquei quando esperava num barbeiro, na década de 80 do século 20. Não sei se a revista ainda existe, nem sei a data de publicação: devia ter levado a revista inteira...

A gramática de 1918 foi mantida. O texto veio num bloco só sem parágrafos e tomei a liberdade de incluí-los para facilitar. Outras publicações conhecidas: revista Pulso de 29/06/1966. Boa leitura e divulguem essa pérola, principalmente para aqueles que dizem que sabem escrever...

José Roitberg - jornalista

Discurso Sem a Letra A

Dr. Antônio Araújo Gomes de Sá – Bahia - 1918

Meus ilustres e digníssimos consórcios; meus senhores.

Por mim, humilde membro que vou ser deste Instituto, eu vos direi sem orgulho em que me oculte: errou no que pretende, perdeu no que colime, esse que de mim muito esperou em prol deste luzido grêmio, que, sem o meu débil concurso, vive com brilho e vence com fulgor. 

Sim. Porque eu que neste momento vos dirijo um verbo simples e despretensioso, cumprindo somente o desejo de exprimir o sentimento de júbilo de que me possuo, por ser tido no vosso doce e utilíssimo convívio; no meu viver, quer como homem público, quer como eficiente de um tempo ido, sem dons que me nobilitem, sem luzes que me guiem no presente rumo do futuro; em pouco, em muito pouco mesmo, posso proteger o curso luminoso deste conjunto de homens eminentes, deste grêmio benemérito, por isso que, nem de leve, fulgem em mim resquícios de primor.
Fizestes, escolhendo-me em vosso consórcio, o que só costumo ver nos espíritos superiores e que, por isso mesmo, surtem seus vôos por sobre míseros preconceitos. Eis o motivo por que eu me deixei prender nos elos do vosso gentil convite, e deve dizer-vos, sincero, quem fui, quem sou e quem serei, vencendo o pórtico luminoso deste templo repleto de fulgores.

Quem fui? O débil rebento de um tronco bom, e sobretudo honesto, em cujo viver de espíritos eleitos, só virtudes vi florirem e vícios nem de longe pretenderem prender.

Eduquei-me sob o influxo do bem, e tive por complemento dos meus modestos e humildes genitores, um excelente mestre conhecido de todo vós, que tens disso entre vós erguido mil louvores, que nem lhe pode dizer o seu merecimento entre os velhos, entre os moços e entre os que recebem no presente o brilho do seu espírito seleto, fulgindo como um sol que incide-nos pequeninos cérebros, sequiosos de luz. Do colégio, de que conservo vivo o exemplo do bom e do honesto, fui vencer o tirocínio superior, onde, por muito feliz, entre docentes e condiscípulos, conservei desde o início, ouvindo Filinto, Leovigildo e Guerreiro, um nome sem deslizes, que desgosto me trouxesse, no meio de muitos estudiosos como eu. Tenho por mim neste recinto quem vos pode dizer se me exprimo correto neste ponto.

Depois, colhido o louro de um torneio vencido, penetrei o mundo de ilusões, supondo, ingênuo que fui, fluísse em meu viver, num eterno sorrir. Dentro em pouco, porém, vi que o sorriso nos moços nem sempre é prenúncio de um futuro venturoso e, sim, como prólogo de um sofrer contínuo, de um existir repleto de decepções e mil desgostos sem fim.

Sem que desperte dores no recesso de meu peito ferido, eu vos direi: fúnebre dobre de sinos, ouvido por mim, filho extremoso, pelo espírito desse que me deu o ser e que se foi rumo do céu, morrendo como um justo, entre outros golpes bem fundos, foi o primeiro que me fez sentir os negrores deste mundo em que vivemos. Sofri e sofri muito com o ter perdido meu excelente e nobre genitor. Superior porém eu fui, vencendo os óbices do sentimento, tendo, como tive e felizmente tenho, consorte e filhos, meus enlevos que me impelem, cheio de fé e de vigor, no trilho em que me vou conduzindo neste orbe, rico de dores e pobre, muito pobre mesmo, de momentos bons e felizes como este. Isto é que fui.

Que sou? Um pequenino servo de Têmis que fiz do Direito em si o ponto que em reside o imenso bem dos homens, e que Deus quis fosse tido por nós como virtude de virtudes, e que dele mesmo nos veio por intermédio do conhecimento que todos nós devemos ter direitos e deveres próprios, bem como dos de outrem.

Eu vos disse de princípio que tínheis feito de mim um juízo imerecido, escolhendo-me vosso consórcio. Disse e repito. Como o serdes gentis ergueste-me, um homem simples que sempre fui, nos estos de outro indivíduo, desejoso de ter nome e ter estudos que o elevem, que o dignifiquem, por meio dos conhecimentos científicos, vendo, ouvindo, lendo como se de cérebros sem luz seguissem sem temores, no intuito de vencer. Eis o que sou.

E o que serei? Se fui um zero, como vos disse, hoje sou um número dentre vós que no futuro hei de escrever com imenso orgulho todo meu por me sentir no vosso doce e superior convívio. Flui do meu ser um júbilo incontido, por me ver neste recinto, todo luz, todo belo, todo proveito, como se nesse templo se celebre sob os meus olhos o novo surgir de um sol no meu espírito, sequioso de lumes, que me excite o empenho de viver no centro puro em que me detendes com os fortes grilhões dos vossos profundos conhecimentos.

Tudo eu terei, recebendo de vosso ensino o que deixei de ter em outros tempos, quer porque o desleixo me tolhesse, quer porque inconsciente ou cego que estivesse. E venho beber convosco em fonte cujo espelho reflete os melhores dons contidos nesse sólido, no mesmo berço que Rui, o vinho científico me inebrie o intelecto, sorvendo-o em copos de ouro.

E venho com os olhos fitos nesse horizonte cheio de luz. E vendo os seus primores, sentindo-lhe os nobres feitos, noto que por isso mesmo, tudo menos eu concorre com seu brilho em benefício desse grêmio, cujos pórticos, neste momento, penetro como sócio. Sinto-me um homem diferente, sinto-me muito bem, como se de mim se fosse um outro eu e o próprio ressurgisse, revivesse sob o influxo poderoso de vossos fecundos empreendimentos.

Meu íntimo sentir, que os vossos sentidos percebem nos breves termos de meu singelo dizer, é tudo o que de sincero reside nos refolhos do meu peito, repleto desse mesmo vigor e nobre volições com que tendes erguido o Instituto Histórico, que de mim pode ter somente fogosos e efusivos elogios. Tendes nisso o meu futuro proceder.

Neste discurso, produto exclusivo de um esforço ingente que despendi, como noviço que sou de vosso culto, vede somente o desígnio que nutri de exprimir os meus sentimentos sem o emprego de um símbolo de todo preciso no modo de dizer e de escrever o que os nossos espíritos concebem e podem produzir.

Quis, tentei e consegui que me ouvísseis por minutos, sem que dissesse o primeiro signo com que se expõe os estilos. Revele-se-me o inepto intento. Perdoe-se-me o estulto propósito. No intuito que tive e bem vedes que o cumpri, louve-se menos em mim o esquisito escopo, que o meu ilustre e glorioso mestre Ernesto C. Ribeiro, que recebe de um seu discípulo, num excêntrico discurso, os meus íntimos encômios, pois dele eu só tenho tido luzes e conselhos com que pudesse ser recebido neste Instituto.

Ele, o emérito cultor do verbo que o celebrizou entre os profundos conhecedores do Português, que encontre no meu gesto o empenho que tive de querer ser-lhe gentil, dizendo-lhe, de público, o muito bem que lhe quero e o sincero respeito que lhe voto.

Consórcios. Sede indulgentes comigo. Recebei-me como se eu fosse um proscrito que buscou o recolhimento deste teto, em que vejo luzindo os espíritos nobres dos conselheiros Torres e muitos outros de escol; do mesmo modo que crio o desejo certo e imperecível de tudo empreender em prol deste Instituto, dos seus benefícios presentes e futuros, do seu brilho eterno, do seu progresso vencedor, do seu indefectível merecimento, do seu luzente fim, do seu destino vigoroso, conhecidos urbi et orbi como sobremodo úteis e por sempre proveitosos. Tenho concluído.