quarta-feira, 28 de março de 2018

NESTA SEXTA-FEIRA OS PALESTINOS PODEM DAR O PASSO A FRENTE ESPERADO HÁ DÉCADAS E CRIAR UM PROBLEMA MUITO GRANDE PARA ISRAEL.

sniper-idf

por José Roitberg

Nesta sexta-feira temos Pessach e a Sexta-Feira Santa. Eu detesto o termo empregado normalmente pelos judeus de Pessach ser a Páscoa Judaica, para fazer os não judeus tentarem entender do que se trata. Em primeiro lugar, Pessach e Páscoa são momentos religiosos completamente diferentes e dissociados e se há alguma interação histórica, é a Páscoa que se trataria de um Pessach Católico, pois a Última Ceia de Jesus e seus apóstolos foi de fato um jantar de Pessach, já que todos lá eram absolutamente judeus.

O que isto tem a ver com os palestinos? Nada. Apenas uma data sensível, ótima para importunar os judeus.

O que está amplamente anunciado pelo Hamas para esta sexta-feira a a movimentação de um enorme número de palestinos da Faixa de Gaza para o seu lado da cerca na fronteira com Israel, para o início de seis semanas, anunciadas previamente, de protestos contra a inauguração da Embaixada dos EUA em Jerusalém, marcada para o dia 14 de maio.

QUAL SERIA O PROBLEMA DE MILHARES DE PALESTINOS VINCULADOS AO HAMAS EM GAZA ANDAREM ATÉ SEU PRÓPRIO LADO DA CERCA?

Em princípio nenhum problema. Podem ir lá com cartazes, com carros de som, gritar e cantar, protestar à vontade, pois estão no território deles.

Acontece que também é PRERROGATIVA EXCLUSIVA DOS PALESTINOS, criar um cenário de pesadelo há muito projetado: atravessar a cerca. Milhares de civis dispostos a morrer por Allah e alcançar o Paraíso que lhes é prometido através do martírio desde a mais tenra idade. Milhares de civis com seus filhos dispostos a derramar seu sangue por Jerusalém como lhes é ensinado nas escolas palestinas patrocinadas pela ONU há mais de 35 anos.

O cenário de pesadelo para Israel são civis, com suas camisetas brancas, ultrapassando a fronteira e andando Israel adentro.

O QUE FAZER?

Conversando com conhecidos ao longo dos anos eu sempre ouço uma resposta imediata: "mandar bala em todo mundo". Eu retruco: "Como? Você acha que se pode disparar contra milhares de civis e matá-los na frente de centenas de câmeras? Quantos soldados do IDF iriam se recusar a disparar?"

INFELIZMENTE, na minha visão militar e geopolítica, não há resposta satisfatória e no momento em que os Palestinos decidirem dar este passo além da cerca, a realidade do Oriente Médio irá mudar.

A Ética Judaica pode terminar na sexta-feira se o IDF atirar deliberadamente contra civis. Já receberam a ordem. Deixando claro: o tenente-general Gadi Eizenkot, chefe do Estado Maior do IDF ordenou o posicionamento de tropas dentro de Israel e a disposição de 100 snipers, atiradores de elite. As palavras exatas do general comandante, publicadas como citação dele na mídia israelense, são:

"Nós não vamos permitir a infiltração em massa dentro de Israel e danos à cerca, e certamente eles não irão chegar até nossas comunidades. As instruções são usar muita força. Nós colocamos no terreno mais de 100 snipers que foram movidos de todas as unidades militares, principalmente das forças especiais. No caso de perigo mortal, eles tem autorização para abrir fogo." O general também pediu que os manifestantes mantenham-se há 100 metros de distância da cerca.

NÃO SE PODE ASSUSTAR OU INTIMIDAR QUEM QUER MORRER

Por vezes eu penso que sou um imbecil por acreditar no Islã e no culto jihadista de martírio para aceder ao Paraíso. Mas eu apenas acredito no que os fundamentalistas islâmicos praticam abertamente na frente de todos. Eu apenas acredito no que eles publicam nas mídias deles. Eu apenas acredito nos discursos e práticas dos incentivadores dos martírios e também nas confissões dos mártires que não morreram e estão na prisão.

Da mesma forma que tomei pedradas virtuais ao defender que Israel não pode adotar a pena de morte para os terroristas que não morrerem em ação de matar israelenses, pois isto apenas completaria a missão de martírio deles, eu PRECISO GRITAR AQUI que abater civis palestinos que invadam Israel na sexta-feira É FAZER EXATAMENTE O QUE O HAMAS ESPERARIA QUE O IDF FIZESSE e é tornar o plano de martírio o mais bem sucedido da história.

Ninguém da Faixa de Gaza com até 40 anos de idade, que foi educado abertamente para o martírio pode ser intimidado com a perspectiva de tomar um tiro de fuzil se atravessar a cerca. Vão fazer isto de livre e espontânea vontade, com fervor religioso (coisa que o Ocidente não acredita apesar de todos os filmes e documentários produzidos e divulgados, como Sementes do Ódio, ainda numa época que nem existia DVD, ou Obsession).

EU NÃO QUERO VER O MUNDO MUDAR NA SEXTA-FEIRA

Eu não quero que a visão radical entre o Povo Judeu prevaleça neste caso. Eu não quero que por falta absoluta de outras alternativas, que não seja a do gatilho os judeus no mundo inteiro passem a ser condenados. Eu não quero que os palestino muçulmanos sunitas se imolem nas balas disparadas por judeus para derrotar os judeus.

Eu quero que mandem muito gás lacrimogêneo, muito spray de pimenta ou aquele spray fedorento que o IDF usa e ninguém suporta o cheiro, muito jato d'água e tinta, mas que não se dispare contra os palestinos civis que cruzem a cerca deliberadamente.

VAI ACONTECER SÓ NA FAIXA DE GAZA?

Se o planejamento foi inteligente, irá acontecer em frentes múltiplas, em Jerusalém, na altura de Natânia, e em outros pontos vulneráveis de Israel. O IDF já havia anunciado na semana passada que não iria permitir o acesso de homens em idade militar á Esplanada das Mesquitas nesta sexta-feira.

É preciso contar também com a certeza de que vão estar entre os civis, soldados armados do Hamas não só para proteger seu próprio povo como também para, deliberadamente através de ordens ou de ação individual inciar um tiroteio que levaria as tropas do IDF a responder.

Nos últimos dias houve incidentes intencionais de infiltração pelo Hamas, com características de martírio. No mais recente, três soldados do Hamas atravessaram a cerca durante a noite, armados com fuzis e granadas. Uma patrulha do IDF descobriu as pegadas deles e foi atrás. O combate rápido onde os três foram abatidos aconteceu há 20 km dentro do território israelense. A impressão que se tem é de que esta era a missão deles, pois atacar comunidades em território israelense já poderia ser feito a partir de 400 ou 500 metros da cerca apenas.

Quando os judeus brasileiros começaram a se preparar para o jantar de Pessach desta sexta-feira, tudo já terá a acontecido. Vamos torcer para que os palestinos mantenham o seu recorde serem os que nunca perdem a chance de perder uma chance e que o protesto seja muito visível, muito divulgado no mundo inteiro, mas todo do lado deles da cerca.