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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

CAVALO DE TROIA OU CABEÇA DA MEDUSA?

"Eleições 2014: TSE lança aplicativo móvel para eleitor acompanhar resultados das eleições"... Para iOS e Android, todas as plataformas. Quanta benesse do governos federal não? Acompanhar em tempo real pelo seu smartphone a apuração das eleições. O bom é que você poderá ver pela TV e ao mesmo tempo confirmar pelo celular. Uau! Todo mundo vai instalar. Será um sucesso espetacular.

Aí eu pergunto: "Você é maluco?" Será que as pessoas estão tão anestesiadas sobre a falta de privacidade voluntária oferecida gratuitamente através dos smartphones? E você minha amiga? "É maluca também?"

Quem pode ser inconsequente a ponto de instalar um app criado por um governo? Óbvio que não sabemos quais apps ditos "de empresas privadas" são apenas fachadas do estado. Há umas desconfianças muito óbvias, como Whatsapp e Waze, que fornecem informações demais ao "fabricante" e ficam conectados o tempo todo permitindo que o mais bem intencionado funcionário da área de informações saiba onde você está a cada instante... Bem... Cada um usa o que quer. Mas nada é de graça.

Na imagem abaixo  você pode ver que o app Eleições 2014 é oficialmente bem comportado. Nas "permissões" (que você dá ao aplicativo e seu proprietário, no caso o Governo) o app não acessa seus contatos, nem suas mensagens, nem suas ligações telefônicas, mas acessa todos os seus arquivos, de texto, áudio, fotos e imagens armazenados nos seus cartões de memória no telefone. Não acessa sua localização. Caramba! Tem uma grita internacional porque o governo chinês conseguiu enfiar um app em Hong Kong agora nas manifestações, que exatamente tem acesso para o "mao" das áreas do seu telefone que o app brasileiro teria para o bem. A maioria dos APPs que as pessoas instalam dão livre acesso a tudo e as pessoas não estão nem aí.

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Examine com atenção a imagem. Na área branca inferior, há um aviso que de as atualizações podem "adicionar automaticamente outros recursos". Ou seja, o Eleições 2014 pode automaticamente mudar o que faz quando for atualizado. Para que? Acho que não preciso explicar e você já entendeu.

E esse é o governo que caiu de pau na espionagem digital americana na ONU... Sun Tzu puro: "quando você estiver perto, faça as pessoas entenderem que você está longe". Então, se estiver para lançar uma mega campanha de espionagem da sua própria população, faça um veemente discurso contra a espionagem.

App do Governo? Tô fora. E você?

domingo, 23 de março de 2014

Atos Terroristas no Brasil de 1964 a 1969

CINCO ANOS DE TERROR

Reportagem de Luiz Carlos Sarmento

Publicado pelo Correio da Manhã de domingo, 6 de abril de 1969
(gramática da época)

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(nota de março de 2014: é preciso que se entenda a lista abaixo com a perspectiva do momento em que ela foi publicada. É um documento precioso da guerra terrorista que se travou no Brasil entre os movimentos comunistas e os movimentos anticomunistas. Os dois lados não possuíam comando único. Cada grupo agia como pudesse ou achasse necessário. Ambos lados tinham como característica, não assumir a autoria dos atentados, dificultando as investigações. Alguns dos ataques abaixo só foram vinculados a este ou aquele grupo, décadas depois, já no período da abertura política. A maior parte dos alvos era composta por trabalhadores e estudantes, mulheres e crianças, e a mídia. Qualquer coisa que tivesse uma ligação com os Estados Unidos, mesmo que apenas pelo nome, era alvo legítimo para a esquerda e locais onde estudantes comunistas se reuniam era alvo legítimo para os estudantes de direita. A maior parte dos explosivos citados como roubados na matéria abaixo, junto com o armamento roubado pelo capitão Lamarca e seus comparsas, foi utilizado, posteriormente ao longo do tempo. É preciso também compreender que não foram publicadas fotos de praticamente nenhuma das ações abaixo, devido à censura, mesmo a partir do início de 1964, muito tempo antes da censura oficial se instalar. As matérias completas sobre cada ação podem ser lidas nos jornais dos dias seguintes aos fatos. Esta lista não contempla roubos, assaltos, sequestros e assassinatos. A Comissão da Verdade não vai nem chegar perto destes assuntos…)

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Uma criança cega e outras quatro mutiladas. Um soldado morto e uma empregadinha doméstica com o rosto irreconhecível. Dezenas de pessoas que trazem, no corpo a “marca do terrorismo”, para não falar naquelas que perderam a vida. Jornais, escolas, teatros, casas comerciais e prédios do Governo destruídos. Eis o saldo trágico dos 144 atos de terror praticados desde 64 até os primeiros dias de 69, passando pelos atentados contra um ministro de Estado (atual presidente da República) dos Guararapes, em Recife, em 1966, no Aeroporto e contra o CORREIO DA MANHÃ, nos fins do ano passado.

Milhares de prisões, investigações sumárias, severos inquéritos que prometiam "apurar com o máximo rigor” os atentados, trouxeram resultados absolutamente negativos no que concerne à autoria dos atos. A verdade é que — como acontece nas investigações que apuram os assaltos a bancos — há uma infinidade; de pessoas e entidades suspeitas de terem praticado atos de terror, mas nada de positivo que provasse a culpabilidade dessas pessoa ficou devidamente e “rigorosamente” apurado. A única coisa que a Nação sabe é que os fatos existiram e continuam existindo.

TFP (nota: Tradição Família e Propriedade), CCC (nota: Comando de Caça aos Comunistas), MAC (nota: Movimento Anticomunista), Manes, Marighela, João da Silva, Exército da Libertação Nacional, etc. não passam de nomes e siglas suspeitas na confusa colcha de retalhos das investigações.

Roubam-se dinamite e armas com a mesma facilidade que se assalta um banco. Atenta-se contra a vida de bancários como se atira uma bomba contra uma inocente empregada doméstica, como aconteceu no principio dêste ano, no cruzamento das ruas Voluntários da Pátria e Real Grandeza, quando Alzira de tal morreu com o corpo, esfacelado e com o rosto irreconhecível. lmpunemente.

Há, entretanto, oficialmente (podem existir outros que a Nação desconhece), nove órgãos dedicados à investigação, sobretudo de atividades políticas. Além de serviços menores, de segurança, que funcionam junto aos gabinetes aos governadores, e dos ministros civis e das Secretarias de Segurança, em cada Estado funcionam os seguintes órgãos zelando pela segurança dos povo: 1) Serviço Nacional de Informações (SNI); 2) Departamento de Polícia Federal (DPF) através do Serviço de Ordem Política e Social (SOPS); 3) Secretaria de Segurança através dos respectivos DOPS; 4) Serviço Secreto do Exército, que está ligado diretamente ao gabinete do ministro, com ramificações em cada uma das unidades militares; 5) Centro de Informações da, Marinha (CENIMAR); 6) Serviço Secreto do Corpo de Fuzileiros Navais, que funciona junto ao CENIMAR; 7) Serviço Secreto da Aeronáutica; 8) Serviço Secreto da Policia Militar; 9) Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFIC) que funciona defronte da Embaixada dos Estados Unidos, na Avenida Presidente Wilson, na Guanabara, sendo, êste, órgão, pertencente do Conselho de Segurança Nacional.

Tais órgãos recebem verbas secretas e vultosas. Todavia, nenhum dêles deu uma satisfação ao Pais sôbre o andamento das investigações. Isto só leva a um caminho: dizer que as investigações e seus resultados estiveram todos êsses anos — e ainda continuam — na estaca zero.


ATENTADOS EM 64

2-3-64 — São Paulo — Uma banana de dinamite explode no Instituto Feminino de Educação e Cultura Judaica Beth Jacob, localizado na Alamêda Tietê, 255. Causou danos materiais. Não houve vitimas. (nota: note que este ataque ocorre em 2 de Março, portanto ainda 29 dias antes do Golpe Militar. Além da bomba na escola judaica feminina, atribuída a um grupo nazista, que em 1963 havia pixado suásticas nas portas de casas de judeus em São Paulo e atacadas as torres da Rádio Marconi AM, que dava cobertura às lutas da esquerda, naquele momento. No dia 13 de março dirigentes da "Aliança Contra o Anti-semitismo" atribuiram o ataque ao MAC e a um grupo obscuro chamado Quarteirão.)

19-7-64 — Guanabara — Uma bomba jogada pela madrugada contra as Mercearias Nacionais, em Pilares, fere o comerciante Antônio Monteiro.

21-10-64 — Guanabara — Explode uma bomba na Faculdade de Direito. Não houve feridos.

22-10-64 — Guanabara — Bomba no Cine Bruni, na Praia do Flamengo, mata uma pessoa, ou mais precisamente, o vigia.

1-12-64 — Estado do Rio — Explode o sistema de refrigeração do Cine São Bento, em Niterói. Polícia suspeita de ter sido ato terrorista; Antes, no dia 28 de novembro, houve uma tentativa, frustrada, de descarrilamento de um trem, em Sete Lagoas, Minas Gerais.


ATENTADOS EM 65

15-3-65 — Guanabara — Uma bomba relógio de brinquedo foi encontrada no Cine Ópera, na Praia de Botafogo. Estava marcada para “explodir” às 21 horas. Era de brinquedo.

1-4-65 — Guanabara — Uma bomba-relógio de verdade é encontrada no conjunto residencial do IAPI. Não chegou a explodir.

22-4-65 — São Paulo — Diversas instalações do jornal O Estado de São Paulo são destruídas por uma bomba-relógio. A bomba explodiu de madrugada. Não machucou ninguém.

18-5-65 — Guanabara — Nos jardins da Embaixada Americana é encontrada uma bomba contendo oito “bananas” de dinamite. O DOPS a recolheu.

22-9-65 — Guanabara — Duas bombas explodem na Sala dos Pregões da Bôlsa de Valôres, ferindo 10 pessoas.

29-9-65 — Minas Gerais — Explode uma bomba no DOPS de Belo Horizonte. Não houve feridos.

2-10-65— Guanabara — Duas bombas explodem na sede da OEA, na Praia do Flamengo. Vidraças arrebentadas e muitos danos materiais.

19-10-65— Guanabara — Duas bombas explodem na entrada principal do Clube Naval. Não houve vítimas.

10-65 — Mais três bombas explodiram durante o mês de novembro. A primeira delas, defronte a residência do sr. Juracy Magalhães, que por sinal estava em Brasília; a segunda, no 3.° andar do Ministério do Exército, e a terceira, no térreo do Ministério da Fazenda. Nenhuma delas fêz vitimas, causando, todavia, danos materiais.


ATENTADOS EM 66

5/3/66 — Guanabara - Dois funcionários do Departamento de Limpeza Urbana encontram na Rua Cândido Mendes, misturadas com o lixo, duas bombas tipo granada, que não chegaram a explodir.

31/4/66 - Pernambuco - Duas bombas explodem no Recife. A primeira na sede do DCT (feriu duas pessoas) e a segunda na residência do então comandante do IV Exército, general Damasceno Portugal.

13/6/66 — Minas Gerais — Atentado contra a sede do Instituto Brasil—Estados Unidos, de Belo Horizonte. Elementos não identificados jogaram gasolina no prédio, e em seguida atearam fogo. O IEEU ficou parcialmente destruído.

29/6/66 — Brasília, DF — Às 3h15min explodiu bomba na Casa Thomas Jefferson, causando sérios prejuízos.

25/7/66 — Pernambuco — Atentado contra o marechal Costa e Silva, no Aeroporto dos Guararapes. Bombas explodiram às 8h50min e estavam colocadas numa escarradeira, perto da entrada onde são descarregadas as bagagens. Resultado: dois mortos o almirante Nelson Gomes Fernandes e o jornalista Edson Régis, secretário de Administração do Governo pernambucano, e mais 13 feridos. Mais de 500 prisões são efetuadas. Quase na mesma hora do atentado do aeroporto, explodiram mais duas bombas uma contra a sede da União dos Estudantes de Pernambuco e outra contra a sede da USIS. No primeiro atentado duas pessoas saíram gravemente feridas.

2/8/66 — São Paulo — Uma bomba explode no banheiro do Cine Itajubá, em Santos, provocando pânico e danos materiais.

3/8/66 — Paraíba — Bomba explode no Colégio João Pessoa. Não houve vítimas.

4/8/66 — Guanabara — Pânico entre os funcionários do IPASE. Um telefonema anônimo dizia que uma bomba ia explodir no saguão da seção financeira, na Rua Pedro Lessa. O prédio foi evacuado às pressas. A Policia foi ao local e nada encontrou.

5/8/66 — Goiânia — Uma bomba explode na agência do Banco Mercantil de Minas Gerais, causando prejuízos materiais.

6/8/66 — Rio Grande do Sul — O governador recebe um telefonema anônimo ameaçador. O prédio iria pelos ares por causa de uma bomba. Imediatamente manda todos os funcionários do Govêrno para rua. Fecha o palácio e entrega as chaves à policia. Rebate falso.

7/9/66 — Guanabara — Uma bomba de fabricação caseira explode no 8.° andar do Ministério do Exército. Não houve vítimas.

8/10/66 — Guanabara - Outro alarme falso. Desta vez contra o Ministério da Educação. O prédio foi evacuado, houve pânico, mas a Policia nada encontrou.

12/10/66 — São Paulo — Desta vez foi pra valer: bomba explode nos fundos do Palácio dos Campos Elíseos, não chegando, porém, a produzir danos materiais. .


ATENTADOS EM 67

3/1/67 — São Paulo 7- Um defeito técnico numa bomba impediu que uma fábrica de pneus; localizada na Rua dos Prazeres 284, fôsse pelos ares. As bombas não chegaram a explodir. Técnicos disseram que elas eram de grande potência, embora da fabricação caseira. Foram encontradas por dois guardas da fábrica que logo comunicaram o fato ao DOPS.

10/3/67 — Guanabara — Desta vez a propalada bomba do MEC explodiu. Explodiu no 14.° andar, às 14 horas, pondo em pânico mais de dois mil funcionários. Era de grande potência, mas não causou vítimas. Apenas danos materiais.

13/3/67 — Guanabara — Outra bomba no MEC. Na mesma hora daquela que explodiu no dia 10. Desta vez o petardo foi colocado no 12.° andar, onde funcionava a Contabilidade da Campanha de Expansão do Ensino Comercial. Não houve vitimas.

17/3/67 — São Paulo — Explode uma bomba na Estação de Vila Matilde (ramal da Central do Brasil), causando apenas danos materiais.

21/3/67 — Guanabara — Material explosivo que estava dentro de uma garrafa que foi jogada na lixeira da Rua Jardim Botânico, 1.204, explodiu, ferindo gravemente o funcionário do DLU, Ozarias Moreira Sotero.

27/3/67 — São Paulo — Explode, bomba no Centro da Indústria Metalúrgica. Não houve vítimas.

3/5/67 — Guanabara — Duas crianças, Noel e Teresa, ficaram gravemente feridas ,uma delas mutilada, quando explodiu uma bomba na casa 352 da Estrada do Papagaio, em Jacarepaguá. O pai de uma das crianças, o operário Aloísio Leonardo Reis, encontrou o petardo na rua e resolveu levá-lo para casa. A bomba explodiu no banheiro. O operário também saiu ferido juntamente com sua mulher, dona Alice.

6/5/6T - São Paulo — Às 3h30min, bomba explode e destrói o Cartório da Paz e o Registro. Civil do 38° Subdistrito de Vila Maltide, localizado na Avenida Conde de Frontin, n.° 2.306. Não houve vítimas.

14/7/66 — Guanabara — Bomba de grande potência explode pela manhã na casa 56 da Rua Bamboré, em Del Castillo. Fêz duas vítimas. Uma delas, o menino José Antônio. Ficou cego.

1/8/67 — Guanabara — Explodem bombas nos escritórios do programa “Voluntários da Paz" na Praia do Russel. As bombas eram de fabricação caseira e estavam dentro de um saco azul e branco. Ruy Ribeiro esfacelou uma das mãos e as norte-americanas Helen Keln e Patrícia Yander ficaram gravemente feridas, com vários estilhaços nos corpos. Mais tarde soube-se que o sr. Ruy Ribeiro teve que amputar a mão.

4/8/67 — Guanabara—Minas Gerais — No Rio um alarma falso fêz; com que a sede do IBEU de Copacabana fôsse evacuada às pressas. Um telefonema anônimo dizia que uma bomba iria explodir às 16 horas. Em Belo Horizonte, a polícia apreendeu 17 bananas de dinamite na casa do pedreiro Antônio de Carvalho.

18/8/67 — Guanabara — Duas bombas explodiram na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A primeira, às 19h30min, e a segunda às 20h15min. Dois estudantes saíram feridos.

24/9/67 — Guanabara — Nos jardins do palacete do adido militar dos Estados Unidos, coronel Jerry Jay Hunt, no Leblon, explode uma bomba sem causar vítimas.

1/10/67 — Maceió — Quatro pessoas saíram feridas quando uma bomba explodiu no interior do Cinema São Luís. A bomba era de fabricação caseira.

22/10/67 — São Paulo — Cinco bombas explodiram em cinco cinemas de Ribeirão Preto, tôdas quase ao mesmo tempo. Os cines atingidos foram: Centenário, Pedro II, São Jorge, Suez e São Paulo. As bombas estavam “rotuladas” com as iniciais “SALN”.

Dezembro de 67 — Foi frustrado um assalto à Escola de Cadetes de Barbacena. A polícia descobriu que um grupo de estudantes terroristas pretendia proclamar a “República das Rosas". A correção de provas reteve oficiais e professôres na Escola. O fato só foi revelado em março de 68. Sete estudantes estavam envolvidos no inquérito, e em poder dêles foi encontrado todo o mapa da Escola dos Cadetes, na Serra do Prado.


ATENTADOS EM 68

19-3-68 — São Paulo — Duas bombas explodiram no Consulado norte-americano, ferindo gravemente Orlando Loveki, Fernando Varela e Edmundo Ribeiro Mendonça. Os feridos estavam num carro estacionado nas proximidades do Consulado quando se deu a explosão. Depois de medicados foram envolvidos como suspeitos, juntamente com dois outros estudantes.

10-4-68 — São Paulo — Bomba "Molotov" explode no QG ,da Fôrça Pública, na Praça Fernando Prestes. Causou um princípio de incêndio. Não houve vitimas.

14-4-68 — Pôrto Alegre — Bomba "Molotov" explode no Teatro Leopoldina, onde se exibia Juca Chaves, Também não houve vítimas.

15-4-68 — São Paulo — Bombas de dinamite do alto teor explosivo foram atiradas contra o Q_G do II Exército, a poucos metros do gabinete do então comandante, general Sizeno Sarmento. Os petardos estavam embrulhados em folhas de jornais. Feriram uma telefonista de uma loja vizinha e um rapaz que tentou apagar o pavio da bomba com um balde de água.

20-4-68 — São Paulo — Outra bomba de alto teor explosivo é jogada às 3h30min na portaria do jornal O Estado de São Paulo. Destruiu tôda a fachada do prédio. O porteiro Mário José Rodrigues saiu gravemente ferido. Os prédios vizinhos foram danificados pela explosão. A bomba arremessou longe um veículo que passava pelo local (ferindo também duas pessoas. A Sucursal do jornal O Globo, localizada no 19.° andar de um prédio defronte ao do Estadão, também sofreu danos.

21-4-68 — São Paulo — Uma bomba explode às 20h30min na residência do ex-procurador-geral do Estado, sr. Virgilio Malta Cardoso, na Avenida Rebouças, 3.143. Apenas à empregada estava em casa. Não houve feridos.. O presidente Costa e Silva diz ao governador Sodré que “as bombas são para derrubar o regime”.

22-4-68 — São Paulo — Telefonemas anônimos fazem evacuar o prédio da Assembléia Legislativa. Pânico é total entre deputados e funcionários. A mesma coisa aconteceu, à noite, no Hotel Nacional, em Brasília. Ambos os telefonemas diziam que “uma, bomba vai fazer o prédio voar pelos ares".

25-4-68 — Maranhão — O terror chega a São Luiz. O DCT local também recebe telefonemas ameaçadores. Não houve bombas.

1/5/68 — Guanabara — São presos o ex-ofidal búlgaro Nicola Dodoroff e o ex-estudante Pedro Mota Mendes. Revelaram que iam jogar bombas na Embaixada americana. Em poder dos presos foi encontrado o croquis da Embaixada.

6/5/68 — São Paulo — Um vigia do gabinete do, prefeito de São Paulo, no Ibirapuera, encontrou, às 22h45min, uma bomba de fabrico caseiro no gabinete do brigadeiro Faria Lima. A bomba não chegou a explodir e foi recolhida pelo DOPS.

6/5/68 — São Paulo — Explode bomba numa garagem de uma emprêsa de ônibus, nos arredores da Cidade. O vigia, sr. Miguel Don Pedro, disse que a bomba foi jogada por ocupantes de um “Volks” que tinha rumado, em seguida, para Garulhos. Não foi possível identificar a placa do carro.

7/5/68 — São Paulo — O funcionário Francisco Marques de Oliveira, encontra uma bomba enterrada perto de um bebedouro, no Parque do Estado, na Agua Funda. O petardo estava armado para explodir. Não explodiu. A Polícia Federal foi incumbida de apurar o caso.

8/5/68 — Pôrto Alegre — Carga de dinamite explode numa balsa que estava sôbre o Rio Turvo, entre Três Passos e Tenente Portela. Não causou vitimas. A Polícia suspeitou, na época, de um grupo do coronel Jefferson Cardin.

5/6/68 — Guanabara — Bomba explode no pátio do Colégio Pedro II, às 14 horas (Rua São Francisco Xavier). Feriu três meninas.

13/6/68 — São Paulo — É encontrada uma bomba-relógio junto a uma viatura da Policia que fazia ronda contra as manifestações da proibição da I Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar. Na ocasião, foi preso o estudante Eduard Abramovay, de 19 anos.

20/6/68 - São Paulo — Duas bombas são jogadas contra a residência do industrial Eric Egan, no bairro de Vila Nova Conceição. O proprietário da casa estava nos Estados Unidos, mas os vizinhos disseram que, quem atirou as bombas, foram os ocupantes de um “Volks" vermelho.

26 e 27-6-68 — São Paulo — Dois carros metralharam o QG do II Exército, no Ibirapuera. Na noite do dia 26, uma camioneta carregando grande carga de dinamite explodiu de encontro ao muro do QG, causando a morte do soldado Mário Kozel Filho. Quatro pessoas ficaram feridas. Testemunhas disseram quer o motorista da camioneta desceu do veículo em movimento e pegou um Volks que já o esperava nas proximidades do Quartel. A Polícia desconfiava na época de que “os terroristas são os mesmos que em fins de 67 roubaram 250 bananas de dinamite da Fábrica Perua, em Cajamar. O roubo foi praticado por indivíduos vestidos com fardas do Exército.

28-6-68 — São Paulo — Meia tonelada de dinamite e 100 cargas montadas com espolêtas foram roubadas da pedreira Giovanolli, no km 15 da Rodovia Rapôso Tavares. A noite, uma bomba é jogada contra o Colégio Mackemzie e os rapazes que a jogaram, segundo as testemunhas, fugiram num Volks.

3.7.68— Guanabara — O menino Rubens, de sete anos, ficou com a mão esquerda mutilada e com uma perna esfacelada. Apanhou uma bomba que estava na Rua Washington Luís. Apanhou e a jogou no chão, ocasião em que ela explodiu. A Polícia fêz várias prisões, mas nada ficou apurado.

7.7.68— São Paulo — Quatro bombas explodiram simultaneamente: 1) à 1h30min na passagem de nível da Estação Engenheiro Goulart da Central do Brasil. Destruiu rêde elétrica e arrancou dormentes do leito; 2) a segunda bomba atingiu um pontilhão e um trem cargueiro da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí; 3) A terceira bomba, na Estação da Lapa, arrancou os dormentes da Estrada de Ferro Sorocabana; 4) A quarta bomba atingiu as vizinhanças dos oleodutos da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí em Utinga.

12-7-68 — São Paulo — Mais dois atentados contra trens. Duas bombas explodiram. A primeira, às 22h, no banheiro do trem prefixo “J-14”, da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, no pontilhão dia Alamêda Nothman. (Não houve vítimas). A segunda bomba explodiu às 23h30min com características idênticas à primeira, mas no trem prefixo “E-158”, da Central do Brasil, que se preparava para sair de Estação Rooservelt. Também não houve vítimas.

18-7-68 — Estado do Rio —Bomba explode no Colégio Santa Bernadete. O petardo estava no lavatório. Não houve vítimas.

22-7-68 — Guanabara — Foi encontrada uma bomba no 9o andar do edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). A bomba estava com o seguinte aviso: “Bomba do MAC. Da próxima vez vai explodir”

23-8-68 — Guanabara — Boatos levam o Inspetor Mário Borges à Escola, de Belas-Artes., Nada encontrou. Apenas o pânico dos alunos.

25-7-68 — São Paulo — Exército apreendeu 200 quilos de dinamite na Cidade de Aparecida.

28-7-68 — São Paulo — Bombas explodem nos jardins do palacete 212 da Rua Grajaú, no Sumaré, residência da milionária Elizabeth Chang Margareth. Na mesma rua, no n.° 172, morava o vice-cônsul dos Estados Unidos.

28-7-68 — São Paulo — É prêso ooperário Geocindo Oliveira Camargo, com 25 quilos de dinamite e 300 espolêtas. Estavam numa casa, em Perus.

5-8-68 — Guanabara e Brasília — Bomba explode no Teatro Gláucio Gil em Copacabana. Iam estrear Os Inconfidentes no dia seguinte. No mesmo dia, em Brasília, uma bomba de fabricação militar explode numa ponte da Estrada Paranoá, ferindo três pessoas.

11-8-68 — Niterói — Quartel do 4.o G Can sofre atentado. Um carro passa e atira contra sentinelas. Duas pessoas saem feridas.

18-8-68 — Guanabara — Bomba de fabricação caseira explode às 20h30min na Seção Comercial da Embaixada Soviética, na Rua Alice, causando danos materiais. Não houve feridos.

19-8-68 — São Paulo — Três bombas explodiram: no Largo General Osório, em frente ao DOPS, destruindo várias viaturas da polícia. A bomba estava dentro de um “Aero”. A segunda bomba foi na 15.a Vara Distrital do Forum de Santana e a terceira, na 5.a Vara do Forum da Lapa. Vários prédios vizinhos ficaram danificados, inclusive uma agência bancária.

3-9-68— São Paulo — Telefonema anônimo volta a assustar o pessoal da Assembléia Legislativa e outros órgãos do govêrno.

7-9-68 — Guanabara - Bomba explode num educandário, nas Laranjeiras, logo após a Parada da Independência.

16-9-68 — Guanabara — Bomba na Seção da Composição do Jornal dos Sports causa prejuízos materiais.

27-9-68 — Guanabara - Três bomba explodem. 1) Residência do coronel Jary Hunt, da Fôrça Aérea Norte-Americana, na Rua Visconde de Albuquerque 324; 2) Bomba (desta vez de verdade) na Escola Nacional de Belas-Artes; 3) Bomba no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, na Praça dá República.

13-10-68 — Guanabara — Bomba de alto poder explosivo contra a Livraria Civilização Brasileira, na Rua Sete de Setembro. Quase destruiu um quarteirão inteiro. Todas ais vitrinas ficaram danificadas. A bomba atingiu cêrca de 200 firmas. (nota: a situação era tão confusa que alguns jornais acusam a esquerda e outros jornais acusam a direita. As fotos a devastação foram censuradas e não publicadas. O emblemático assassinato do capitão americano Charles Rodney Chandler havia ocorrido alguns dias antes.)

Diario da Noite (SP) 15-out-1968 ataque contra civilização braisieleira

18/10/68 — Minas Gerais - duas bombas em Belo Horizonte: uma contra a residência do delegado regional do Trabalho sr. Onésio Vicente de Sousa e outra contra a residência do interventor do Sindicato dos Metalúrgicos, sr. Humberto Pólo. Em ambos os atentados houve apenas danos, materiais.

19/10/68 — Estado do Rio — Dinamite destrói cartório de Registro Civil da localidade de Itaguaí.

23/10/68 — Guanabara — Um servente da Faculdade de Direito da UFRJ encontra “coquetéis gigantes” (nota: molotov), em dois galões de cinco litros, prontos para explodir.

24/10/68 — Guanabara — Polícia apreendeu 50 bananas de dinamite na casa de Lúcio Costa Menezes, em Jacarepaguá.

27/10/68 -São Paulo — Bomba explode na Sears (nota: loja de departamentos de matriz norte-americana) do bairro de Água Branca/ Prejuízos materiais.

31/10/68 — São Paulo — É encontrada na Rua Paim uma bomba feita com material exclusivo das Fôrças Armadas. Exército apura.

1/11/68 — Guanabara — Bomba contra a Livraria Forense, na Rua Erasmo Braga, no Castelo.

7/11/68 — Guanabara — Bomba contra o depósito do Jornal do Brasil, num subúrbio carioca.

10/11/68 — São Paulo — Bomba explode numa usina de asfalto, em São Bernardo do Campo. Um trabalhador perde um braço.

26/11/68 — São Paulo — Duas bombas explodem no Parque da IV Zona Aérea, pouco depois das 19 horas. A polícia começa a caçar Mariguela.

27/11/68 — Estado do Rio — Explode bomba na casa do ex-prefeito de Nova Iguaçu, Antônio Joaquim Machado, na Rua Brás Júnior, 1.606.

1/12/68 — Estado do Rio — Novamente atentado contra cartório de Registro Civil de Itaguaí. Dinamites destroem mais uma vez o prédio.

2/12/68 — São Paulo - Volta o terror à Assembléia Legislativa, com falsas ameaças pelo telefone.

8/12/68 — Guanabara — O CCC (nota: Comando de Caça aos Comunistas) após sucessiva ameaças explode bomba às 2 da manhã no Teatro de Arena do Grupo Opinião, em Copacabana, atingindo ainda 12 lojas do Super Shopping Center, da Rui Siqueira Campos.

7/12/68 — Guanabara — Uma bomba de alto poder explosivo é colocada pela madrugada na agência do CORREIO DA MANHA, no Edifício Marquês do Herval, destruindo as instalações, causando prejuízos calculados inicialmente em NCr$ 300 mil. O deslocamento de ar provocado pela bomba arrebentou vidraças de lojas e escritórios nos 10 primeiros andares do prédio. Na agência, abriu uma cratera de mais de um metro de diâmetro, pondo os ferros da laje & mostra. Arrebentou ainda as esquadrias de alumínio, o mármore das paredes, o sistema de refrigeração e sua casa de máquinas. Todo o mobiliário foi danificado. A livraria, que funcionava no mesmo local, teve as suas vitrinas totalmente destruídas. O operário Edmundo dos Santos saiu gravemente ferido. A explosão foi ouvida num raio de mais de 500 metros.

Minutos antes, uma outra bomba explodiu na Faculdade de Ciências Medicas da UEG (nota: Universidade do Estado da Guanabara), destruindo a biblioteca e parte do Diretório Acadêmico, na Avenida 28 de Setembro.

28/12/68 — São Paulo — Trinta homens, fortemente armados, invadiram uma pedreira situada no Município de Mogi das Cruzes e roubaram 520 quilos de dinamite. Fugiram em sete carros que os aguardavam com os motores ligados. Não deixaram pista.


ATENTADOS EM 69

4-1-09— Guanabara — Bomba contra a viatura 6-210 da 4.a DP quando ela estava estacionada defronte da Delegacia, na Praça da República. Mais duas viaturas da Polícia foram atingidas por uma outra bomba Jogada nas proximidades da Delegacia de Defraudações, na Avenida Presidente Vargas. As bombas foram Identificadas como Geleps-piquete, da Fábrica Presidente Vargas, do Ministério do Exército. Setes fatos aconteceram pela madrugada. Ao amanhecer, foi encontrado no Leblotn um Jipe chapa GO 51-40-72 — com diversas bananas de dinamite. Estava abandonado.

7-1.69 — Guanabara — Três bombas explodiram em diferentes pontos da Cidade, matando uma mulher — Alzira de tal —, ferindo quatro pessoa e causando damos. A primeira bomba explodiu às 22h30min debaixo de uma viatura da Polícia, estacionada à porta da 9.a DP. Saíram feridos Geralda Leonardo Pereira de Almeida e Blume Moreira. A segunda bomba, explodiu pouco antes de meia-nolte nas esquinas das Ruas Real Grandeza e Voluntários da Pátria. Os estilhaços atingiram a empregada doméstica Alzira de tal, que morreu no HMC, quatro automóveis e ainda janelas de edifícios da redondeza. Mela hora depois explodia a terceira bomba, na Av. Ataulfo de Paiva, em Ipanema. As bombas eram Geleps-piquete.

14-1-69 — Guanabara — Quatro homens, durante a noite atiram do interior de um Volks azul uma bomba de fabricação caseira contra a porta da loja Curiosidades Charles, na Avenida Rio Branco, 11, causando danos materiais. Fugiram, tomando a direção da Avenida Rodrigues Alves.

26 e 27-1-69 — São Paulo — Sete atentados a bomba ocorreram na capital paulista, causando prejuízos materiais. A primeira explosão ocorreu no saguão dos Diários Associados, onde o Exército estava realizando uma exposição de material subversivo; a segunda explodiu na fábrica de automóveis Ford, em Vila Prudente; a terceira, na Sotema SA., na Rua Antártica; a quarta, nas instalações da Light, no bairro do Tatuapé; a quinta, na Ibelga, Rua Amador Bueno; a sexta, na Burroughs, também, na Amador Bueno; e a sétima bomba, num laboratório de produtos químicos, na Rua Treze de Maio, 50, na Boa Vista.

1-69 — São Paulo - O Exército procura o capitão Carlos Lamarca, acusado de ter roubado grande quantidade de armas pertencentes às Fôrças Armadas. Várias prisões são feitas.

© José Roitberg - Jornalista e Pesquisador 2014

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Dilma e a Bunda

A Copa do Mundo nos trouxe uma série de ações desastradas por parte do governo e quem imaginou que isso ia parar na bunda de alguém? Creio que todos já viram as camisetas da Adidas, patrocinadora oficial da Copa 2014, que colocaram uma mulher gostosa e vestida com biquini numa estampa do Rio de Janeiro que dizia: "Pensado em Marcar no Rio de Janeiro." Nem duplo sentido tinha. São vários os sentidos: seu time vai marcar um gol, seus amigos vão marcar um encontro, você tem um encontro marcado com o Rio e é claro, você vai se dar bem e comer uma carioca. Na outra camiseta, um "I Love Rio", com o coração VESTIDO com um biquini, dando a entender que era uma bunda. As camisetas entraram no mercado dos Estados Unidos e não do Brasil.

Ora vejamos, os historiadores divergem sobre a origem do símbolo do coração não anatômico, utilizado para demonstrar o amor. Alguns apontam uma gravura de mamute paleolítico onde um desenho de coração foi "retirado" de uma mancha na parede (talvez mostrando aos membros da tribo, onde as lanças deveriam ser enfiadas para abater o bicho, mas depois some por mais de 10.000 anos. Outros historiadores garantem que é um bunda de mulher mesmo e a maioria dos historiadores, certamente cooptados pela Igreja e por "história oficial católica moralista", definiram que nosso coraçãozinho onipresente é uma folha da planta "hera", com a qual possui exatamente ZERO de semelhança. Eventualmente alguma folha de hera tem o formato exato do ícone, mas é incomum. Mas história católica é fé, e não realidade, então tudo bem. Outra quarta corrente acha que o símbolo vem do perfil de dois cisnes se beijando, ou bicando, porque cisne não beija, mas é o que eles dizem. É o caso de você escolher a versão que prefere. A minha escolha, é claro, é a bunda!

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Camisetas da Adidas para a Copa 2014 vendidas nos EUA

Então uma empresa comercial VESTE uma bunda, e o PT se escandaliza! Proíbe a venda da camiseta. Então uma marca comercial faz um desenho artístico cartunizado de uma sereia carioca VESTIDA e a presidente fica horrorizada e proíbe a venda! Lamentavelmente a Adidas colocou a bunda entre as pernas e não entrou na justiça contra a decisão. É um caso óbvio de censura! É um caso óbvio de abuso de poder dentro do Estado de Direito, pois no Brasil o presidente NÃO PODE MANDAR EM NADA! Não estamos na Venezuela de Maduro!

"Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer, exceto devido à Lei", é mais ou menos o que diz nossa Constituição. E como nossa Constituição não proíbe nem bundas vestidas, nem bundas peladas, a proibição das bundas vestidas da Adidas é ILEGAL, INCONSTITUCIONAL e viola os mais básicos preceitos de liberdade no Brasil. Este mesmo governo do PT jamais entrou com qualquer ação nos Estados Unidos contra os sites e portais de brasileiros, hospedados lá que divulgam o racismo e o nazismo para o Brasil.

Este mesmo PT no governo, aceita que o Big Brother da Globo, com suas bundas reais e palpáveis, com biquinis menores que os dos gráficos da Adidas e com todo o resto das mulheres que acompanham tais bundas tenha uma classificação etária de 12 anos. Entendeu??? Para a regulamentação do que pode ser mostrado para as crianças o Estado Brasileiro AFIRMA POR ESCRITO, que a partir de 12 anos as bundas sexy estão liberadas na TV. E Bandeirantes e Rede TV e Rede Record, não ficam atrás na competição das bundas mais volumosas e dos biquinis 3 ou 4 números menores. Tudo isso, liberado pelo ESTADO para consumo de todos.

A Globo (está aqui citada, porque ela o faz) é vista por cabo em dezenas de países e manda a Mulata Globeleza pelada para o mundo inteiro, para atrair a audiência para o Carnaval, onde as peladas e as abundantes proliferam e se multiplicam, com censura ZERO, a qualquer hora do dia, no intervalo de qualquer programa e isso não escandaliza o governo petista.

Somos um país que gosta de mostrar a bunda de forma lúdica, sexy e positiva, não de forma agressiva e ofensiva como ocorre nos EUA, e somos um país que gosta de olhar as bundas mostradas. Ninguém é obrigado a mostrar a bunda e ninguém o obrigado a olhar a bunda de outrem. Evoluímos do pudor do século 19 para uma sociedade leniente com suas bundas e outros petrechos femininos. Quem não quer ver, que olhe para outro lado. Quem não quer assistir, tem a liberdade democrática de trocar de canal. E um país que mostra centenas de milhares de bundas verdadeiras nas praias e clubes todos os dias, não pode impor censura a uma bunda gráfica numa camiseta. Essa imposição é que é a verdadeira IMORALIDADE.

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Dilma dá ao Papa, bola da Nike, mas a bola oficial da Copa é da Adidas

E fez isso, a presidente que parece ter passado na loja da Nike no freeshop do aeroporto de Roma e presenteado o Papa Francisco com uma camiseta falsa da seleção e com uma bola da concorrente do patrocinador oficial, no mínimo uma das ações mais burras que um presidente brasileiro fez, desde que Jânio esmerdalhou o argentino Chê Guevara, assassino de cubanos democratas, com a mais alta comenda nacional. Para Jânio, matar cubanos é um ato de heroísmo. Mas tem que ser os cubanos errados e não os certos. Pergunte aí para sua neta "Sininho", quem são os brasileiros errados...

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Jânio Quadros dá Ordem do Cruzeiro do Sul, para Guevara em 1961

A consideração exposta pelo governo é de que os gráficos estimulavam o turismo sexual, coisa que o governo não quer e a sociedade não liga. Talvez o governo não saiba, mas a prostituição É LEGAL NO BRASIL desde o século 19. O que é ilegal no Brasil o caftismo, a exploração das prostitutas, o agenciamento entre clientes e prostitutas. Quantos caftens você viu presos no Brasil nos últimos 50 anos? Nenhum? Então o governo que proíbe gráficos não prende cafetões: muito correto...

Os dados de uma ONG carioca de uns 10 anos atrás apontavam para a existência de 4.000 prostitutas operando APENAS EM COPACABANA, bairro com população flutuante diária de um milhão de pessoas. Agora mesmo quando escrevo, o sexo pago está rolando solto já com os turistas chegados para o Carnaval, tudo dentro dos conformes, discreto, sem que a sociedade sequer perceba. Muito diferente de Amsterdã, na Holanda, onde as prostitutas se vendem abertamente nas vitrines de suas casas ou prostíbulos e não parece haver holandês ou governo de orange preocupado com o turismo sexual por lá: até o incentiva.

O governo ainda afirma que os gráficos da Adidas estimulam a prostituição infantil. Não estimulam. Prostituição infantil é CRIME DE ESTUPRO, mas o Estado Brasileiro reluta muito em meter na cadeia tais estupradores e reluta mais ainda em tornar públicos os seus julgamentos para preservar a imagem de tais criminosos.

Mas o que é mais imoral? Sexo por dinheiro para meninas que nada tem no interior, ou a fome diária em um vazio não preenchido pelo Estado?

Vou contar uma história. Em 1988 estive em Penedo (Alagoas), uma cidadezinha colonial às margens do Rio São Francisco que tem semelhanças com Ouro Preto. Esta cidade controlava militarmente o tráfego no rio e tem fortes com canhões, muito legais. Foi ponto de resistência portuguesa à invasão holandesa e campo de batalha.

Fizemos uma travessia de balsa vindos do outro lado, lá pelas seis da tarde. Enquanto esperávamos os trocentos carros do rallye do qual participávamos (Rota do Sol), fomos passear pela cidade. Encontramos um cinema com uma lanchonete. Para ter uma ideia do tamanho da cidade, a lanchonete possuía três banquinhos fixos para o balcão. O letreiro empoeirado do cinema, continha ainda o título do último filme apresentado, anos antes de sua falência. Era "O Exterminador do Futuro", de 1984. Triste profecia para Penedo. Estávamos no futuro e tudo tinha se acabado. O baleiro da cidade com sua "caixa de balas" estava parado na porta do cinema falido, até por não ter mais para onde ir. Compramos uns Drops. Coisa kafkiana. Só havia um tipo de sanduíche: queijo quente. Então pedimos alguns, com umas Cocas geladas (de fato sempre tinha em qualquer lugar do sertão). Preço do queijo quente com a Coca? 5 cruzeiros ou cruzados, nem lembro mais que moeda era.

Comemos e fomos rodar a cidadezinha. Quase todas as casas estavam fechadas, provavelmente abandonadas. Descendo a rua da igreja matriz (a ladeira da foto), vimos uma casa com porta e janelas abertas, luzes acesas e várias moças e mulheres com vestitidinhos curtos e normais. Paramos. Começamos a conversar e rapidamente ficou claro que era um prostíbulo. Não havia mais cinema, mas havia prostituição.

Por interesse jornalístico (mesmo) perguntei quanto era. A resposta me deu um nó no estômago e caiu-me no pé a bigorna da realidade do Sertão: "5 cruzeiros, completo", respondeu uma das meninas, aliás, todas muito bonitas, loiras, morenas de olhos verdes e azuis. Este é o destino das nascidas por gens holandeses recessivos em todo os sertão. Em qualquer área de prostituição nordestina você vai encontrar meninas que seriam capa de revista, mas que aos olhos do padrão de beleza nordestino são "as excluídas".

Olhei para meu companheiro de corrida e nem precisamos falar. Dissemos as meninas que voltaríamos logo. Ao chegar na praça da balsa, todo o rallye já tinha atravessado e expusemos a todos a dura realidade daquele lugar. Rapidamente levantamos 150 cruzados entre os participantes e voltamos ao bordel.

As meninas nos receberam com sorrisos, imaginando quais seriam escolhidas. Tiramos o bolo de dinheiro e colocamos nas mãos da mais assanhada que retrucou: "Cê vai querê todas?" Dissemos que não queríamos nenhuma, e que aquele dinheiro era para elas gastarem com elas como elas quisessem. Começaram a chorar e nós também. Aceleramos, demos as costas à realidade desgraçada criada por nossas políticas de Estado e fomos embora. Faltavam uns 20 minutos para a largada de Penedo e tínhamos ainda um logo trecho até Maceió.

Penedo foi arrasada, pois vivia de uma das principais travessias de balsa do São Francisco, a mais próxima de sua foz vindas de Neópolis ou de Santana do São Francisco. Mas resolveram passar a estrada BR 101 alguns quilômetros rio acima, em Propriá e construíram uma grande ponte rodo-ferroviária, praticamente destruindo a economia das três cidades citadas. Agora, passados quase 26 anos a cidade, felizmente, se reencontrou como cidade histórica e está recuperada
(na foto).

penedo alagoas hoje
Foto de Marco Carrillho postada no Google Maps-Panoramio

© José Roitberg - jornalista e historiador - 2014

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Erro grave no discurso do governo na audiência pública sobre terrorismo

Estou lendo a transcrição da audiência pública sobre terrorismo e algo me preocupa muito. Não pensei que nesta altura do desenvolvimento das relações entre a comunidade judaica e o Estado (e o erro não é por parte da Comunidade), o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sr. Jorge Armando Félix viesse com o parágrafo:

"Tivemos o exemplo de um país também com um grau de risco bastante baixo, nossa vizinha, a Argentina, que sofreu, na década de 90, em 1992 e 1994, 2 atentados bastante sangrentos. Inclusive, no atentado contra a Associação Mutualista Israelense na Argentina, em 1994, teve o maior número de morte de cidadãos israelenses entre todos os perpetrados até hoje. Inclusive aqueles no próprio Oriente Médio, dentro de Israel ou fora de Israel... ...Esse exemplo mostra que, apesar de o país ter um grau de ameaça bastante baixo contra ele, isso não é válido com relação às instituições de outros países localizadas no interior deste País

É muito preocupante que a ABIN confunda judeus argentinos com cidadãos israelenses e erre o nome da AMIA (Associação Mutual Israelita - judaica - Argentina)... Ainda estou na página 4 de 63, mas para mim, isso compromete totalmente a avaliação. Está absolutamente clara a colocação de que 'os judeus são cidadãos de Israel e suas instituições são ESTRANGEIRAS nos países onde se localizam.. Terrível !!! Espero que este email seja pego no monitoramento da internet - que deve ser feito - e chegue a quem de direito.

Mais adiante em seu discurso, o Ministro faz questão de distinguir especificamente entre árabes e muçulmanos (mas não entre árabes cristãos, árabes muçulmanos e muçulmanos de outras origens), e a transcrição pública da fita diz que há 8 a 10 BILHÕES (vc leu direito) de descentes de árabes e muçulmanos no Brasil. Quer dizer, o ponto onde deveria haver uma clara definição entre os descentes árabes cristãos, árabes muçulmanos e muçulmanos brasileiros, imigrantes pós 1982, convertidos ou já descendentes fica todo embolado e sem esclarecimento. É claro que são "milhões", mas transcrição é transcrição. Sò se corrige numa revisão final por autoridade competente.

No ataque à embaixada de 1992 houve cidadãos israelenses mortos. No ataque à AMIA, não houve. Eu tenho uma página, que não atuallizo desde 2003, onde há o que se sabia da AMIA naquela altura. Pesquisei e coloquei lá TODOS os nomes, nacionalidades, idades, religião e ocupações dos assassinados no atentado, conforme as informações policiais argentinas públicas. http://www.angelfire.com/journal2/midiajudaica/especiais/Amia/AMIA-1994-2003.htm

Quem não for dar uma olhada, pelo menos fique com a informação mais resumida: 33 das vítimas fatais eram cristãs, 53 das vítimas fatais eram judias, 26 delas eram funcionários da AMIA ou DAIA, 22 delas estavam na rua ou em prédios vizinhos, 240 outras pessoas ficaram feridas (quase na totalidade não judias)

Mas as pessoas comuns que lêem apenas a fragmentos de notícias e não possuem o "arquivo" em suas cabeças, não vão lembrar dos dados certos e vão pautar suas reações e decisões pelo fato novo mais recente, que é este: o errado. Pior, é pela informação errada que o governo brasileiro vai se pautar...

Abs,
José Roitberg - jornalista

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Senador do PT usa propaganda anti-Israel e questiona EL-AL no Brasil

João Pedro defende movimento internacional pela criação da Palestina

(07-ago-2009) O senador João Pedro (PT-AM) defendeu em Plenário, nesta sexta-feira (7), a organização de um movimento internacional pela criação do Estado palestino. Também propôs a realização de audiências públicas para debater essa questão e o comportamento das autoridades de imigração no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) em relação a pessoas que saem do Brasil com destino a Israel.

- Não haverá paz no Oriente Médio enquanto houver opressão nos territórios ocupados - afirmou.

As considerações do parlamentar sobre a causa palestina foram apresentadas em relato de viagem feita à Cisjordânia no final de julho. João Pedro conheceu a região a convite da Associação Árabe do Amazonas e, lá, foi recebido por integrantes do governo da Autoridade Nacional Palestina, como o chefe de gabinete do presidente Mahmoud Abbas, Rafiq Husseini. A ele, entregou carta de apoio à luta do povo palestino enviada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

Se o Brasil respaldou a criação do Estado de Israel junto à Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, agora é hora, conforme avaliou João Pedro, "de olhar com certa solidariedade e humanismo para o povo palestino e apoiar a criação do seu Estado". Ao mesmo tempo em que se afirmou como um defensor da causa palestina, o representante do Amazonas não poupou críticas à conduta do Exército de Israel no controle não só da circulação de pessoas nos territórios ocupados, mas da própria água que abastece sua população.

Em relação à conduta das autoridades de imigração em Guarulhos, comentou episódios de agressão e humilhação envolvendo passageiros que viajavam para Israel e Palestina. O parlamentar também disse ter presenciado tratamento degradante a viajantes no Aeroporto de Tel Aviv, em Israel.

Discurso do Senador João Pedro (PT – AM)

http://www.senado.gov.br/sf/atividade/pronunciamento/detTexto.asp?t=380460

O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT ¿ AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) ¿ Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, farei, nesta manhã de sexta-feira, um balanço da viagem que fiz agora, no período do recesso parlamentar, à Palestina, à Cisjordânia. É um relato do que vi, do que senti, do meu sentimento, e meu pronunciamento vai na construção, Presidente Mão Santa, de apoiarmos a criação do Estado da Palestina.

É com a expressão salaamu alaykum, que em nossa língua quer dizer ¿a paz esteja contigo¿, que o povo palestino, mais do que saudar o próximo, manifesta sua mensagem de paz, seu desejo por liberdade e sua repulsa à violência. A violência, Senador Mão Santa, Senador Paim, Senador Mário Couto, desencadeada e levada a efeito há mais de 60 anos pelo governo israelense; a violência e a covardia expressa através do uso da força; da construção de muros descomunais e de assentamentos, com luxuosas casas, no território palestino. Merece registro também a ostensiva presença militar de Israel nos check points, onde todos são minuciosamente revistados e desautorizados, ou não, a adentrarem nas regiões ocupadas.

Em julho deste ano, deixei de ser apenas um defensor da causa palestina, um espectador à distância dessa barbárie, para conhecer in loco essa realidade que golpeia não somente a paz e a liberdade, mas agride, sobremaneira, a independência, a soberania nacional e o desenvolvimento social do povo da Palestina.

Atendendo ao convite da Associação Árabe do Amazonas, presidida por Mamun Yacub e integrada pelos palestinos e amigos da causa democrática em meu Estado ¿ e destaco, aqui: Issa Yacub, Abdel Latif, Ismael Monassa, Walid Monassa, Abdel Al Salam Monassa, Mahmoud Yacoub, Ata Yacoub, Khalid Zakri, Yussef Yacub e Kaled Yacoub ¿, ingressei em Amã, capital da Jordânia, no dia 21 último, onde fui recebido pelo Embaixador brasileiro naquele País, Fernando José Marrone, e o Conselheiro Henrique Luiz Jenné, que, em rápidas palavras, narraram as dificuldades que por certo encontraria para entrar e conhecer a Cisjordânia.

Cumpridas, finalmente, as formalidades impostas pelas autoridades israelenses para entrar na Cisjordânia, lá ingressei em companhia do Secretário da Embaixada brasileira na Palestina, o Sr. Cláudio Leopoldino ¿ e quero dizer da minha alegria em constatar um escritório do Itamaraty lá na Palestina, na cidade de Ramallah. Como dizia, no dia 23, entrei, então, na Cisjordânia, ao tempo em que me dirigi à cidade de Bani Nain (Bani Nain quer dizer filhos de Nain), na região de Hebron, onde estava sendo esperado por irmãos palestinos, entre os quais figuravam vários filhos de Bani Nain que moram e labutam no Estado do Amazonas. Eles são palestinos, filhos de Bani Nain, uma cidade de 25 mil habitantes, que, por conta dos conflitos, migraram para o Brasil, moram em Manaus, trabalham em Manaus e voltam quase todos os anos para passarem o período de suas férias lá na Palestina.

Afigura-se importante registrar, Sr. Presidente, que foi em Bani Nain que presenciei uma das mais absurdas expressões do holocausto que se abateu sobre o povo palestino. Se não fosse pouco o confisco de terras, a destruição de lavouras e toda sorte de humilhação em nome do sionismo, Israel controla 80% da camada freática da Cisjordânia ¿ controla a água onde vivem os palestinos ¿ e, via de consequência, este recurso natural, que deveria abastecer a população e os setores agrícolas, comercial e industrial, é cotidianamente controlado. Soma-se a esse quadro já alarmante a crise no tratamento da água, que também é limitado por Israel. Inobstante o alerta da Organização Mundial de Saúde de que o esgotamento e a deterioração das camadas subterrâneas palestinas são muito maiores em decorrência da destruição das estruturas hídricas e das redes de saneamento pelos bombardeios ocorridos em diversas regiões do país.

Fazendo o contraponto com essa realidade, temos, em Bani Nain, um povo feliz, um povo corajoso, esperançoso, que ainda chora seus mortos, a exemplo do Sr. Abu Nabi Manasrah, que teve seu filho, de tenra idade, aos 16 anos, executado pelo exército israelense, quando o mesmo encontrava-se em companhia de um amigo na área externa de sua residência. Esses dois jovens, Srªs e Srs. Senadores, foram mortos, assassinados, a partir de um helicóptero, localizado a 20 metros de altura.

Surpreendeu-me, naquela cidade, o poder de superação e resistência dos homens, mulheres e crianças que ali vivem, das autoridades que labutam na construção e reconstrução do seu espaço, com vistas à criação do democrático Estado Palestino. Ilustro dita afirmação com o que vislumbrei nas visitas às obras de prédios públicos de Bani Nain, acompanhado do prefeito da cidade, o Sr. Radwan Manassra.

Mas minha curiosidade em conhecer a Palestina e ¿ confesso ¿ minha crescente indignação com o controle da região pelo exército de Israel levaram-me além de Bani Nain, para mensurar, inclusive, os limites dessa conduta institucional (para nós, brasileiros, inconstitucional), que viola o direito de ir e vir dos palestinos. E foi com surpresa, Srªs e Srs. Senadores, em que pese tudo o que já havia escutado, que testemunhei inúmeros bloqueios de estradas na Cisjordânia, os quais consistem ora em cerca de metal, montes de terra e barricadas de concreto, ora em check points militares, guarnecidos por soldados fortemente armados que monitoram as estradas que correm apenas dentro da Cisjordânia, impedindo o seu povo, os palestinos, de ingressarem, por exemplo, em Jerusalém. Ademais, trajetos que, no passado, eram realizados por palestinos em 20 minutos, atualmente, por conta dos check points, levam quase duas horas. Os postos de controle de Nablus Jenin, e os de todas as cidades na Palestina, como o de Ramallah são exemplos desse absurdo.

Ou seja: para você entrar nas cidades palestinas, você tem que passar pelo rigor, pela humilhação da fiscalização feita nos postos militares instalados em todas as cidades da Palestina.

Em visita a Ramallah, nos dias 26 e 27, fui recebido na Universidade de Birzeit, onde, entre as diversas ações no campo do ensino, pesquisa e extensão, são desenvolvidos projetos de ajuda aos estudantes oprimidos no Oriente Médio, inclusive com apoio jurídico aos acadêmicos ilegalmente privados da liberdade, tendo em vista as prisões administrativas existentes naquele país, que autorizam a detenção de universitários considerados subversivos por até seis meses prorrogáveis.

Na oportunidade, fora denunciada a prisão de estudantes há mais de três anos sem acusação formal, restando sem êxito a adoção de medidas judiciais por obstarem o prosseguimento das mesmas a falta de representação das famílias dos presos para o início da ação, por temor às represálias do governo israelense.

Na verdade, a Palestina, Srs. Senadores, lamentavelmente, é uma grande prisão. Pasmem! Existem, hoje, naquela região, 11 mil presos, dos quais 3.500 cumprem prisão perpétua e 450 são adolescentes de 16 a 17 anos.

Não tenho dúvidas em afirmar que não haverá paz no Oriente Médio enquanto houver opressão nos territórios ocupados, enquanto não for garantida aos palestinos a liberdade para transitar em suas ruas.

Presidente Mão Santa, fugindo do discurso que procurei elaborar para retratar a dura realidade do povo palestino, eu quero dizer que nós precisamos, os partidos políticos comprometidos com a democracia, os intelectuais, os jornalistas, organizar um movimento internacional pela criação do Estado palestino. É inconcebível, é inaceitável que, em pleno século XXI, uma população histórica, que faz parte da história do mundo, o povo palestino, 6 milhões de palestinos não tenham um Estado. E, mais grave do que não ter o seu Estado, não ter a sua fronteira, é a presença de Israel, que tem o seu Estado criado pela ONU em 1948, inclusive com o voto do Brasil no Conselho de Segurança. Israel tem o seu Estado. Está ali às margens do Mar Mediterrâneo, mas controla, escraviza, aprisiona o povo palestino. É inaceitável!

O Brasil, como referência na América Latina e no mundo, com muita solidariedade, com muito humanismo, com muito compromisso com o futuro do povo palestino, precisa articular um movimento na ONU.

A ONU não pode se omitir, Presidente Mão Santa, de fazer uma sessão para criar o Estado Palestino. Israel deve cuidar do seu Estado e não ter uma presença, como nos dias atuais, controlando de forma abusiva o povo palestino.

No desiderato de colocar o mandato à disposição dessa causa que reputo nobre, justa, patriótica e soberana, no dia 28 de junho dirigi-me ao escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), onde contei com a atenção do Sr. Nasser Faqih, responsável pelo programa de apoio às famílias palestinas, programa esse que atende quatro mil famílias de um universo de sessenta mil, que hoje dependem de ajuda humanitária naquela região.

Outro ponto visitado por mim foi a sede do governo da Autoridade Nacional Palestina, onde fui recebido pelo chanceler da ANP, Dr. Riad Malki, pelo chefe do gabinete do Presidente, Dr. Rafik Husseini, e pelo Ministro da Agricultura da Palestina, Sr. Ismail Daiq, ocasião em que o chanceler Malki destacou a importância da atuação da comunidade internacional como intermediária junto a Israel para que sejam reiniciadas as negociações de paz.

Acolhendo sempre com muito interesse as exposições formuladas pelas autoridades palestinas, entreguei ao Dr. Rafik Husseini, para que fossem repassadas às mãos do Presidente Mahmoud Abbas, cartas de apoio à luta do povo palestino enviadas pelo Senador Eduardo Azeredo, Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, bem como do Deputado Ricardo Berzoini, Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Em conversa com o Ministro da Agricultura da Palestina, Sr. Ismail Daiq, S. Exª resgatou a existência de dois projetos de cooperação em andamento, entre o Brasil e a Palestina, nas áreas de piscicultura e recuperação de pastagens, no valor de US$12 milhões. Mencionou, ademais, o interesse em buscar formas possíveis de aumento da oferta de ração animal no mercado palestino, da qual a atividade pecuária local (ovinos e caprinos) é dependente, tendo em vista a aridez do clima e a consequente escassez dos pastos naturais. De igual modo, destacou o interesse do governo palestino em facilitar a importação de carne bovina brasileira, contribuindo para a redução dos elevados preços que o produto alcança no mercado palestino.

Por oportuno, aventei a possibilidade de buscarmos, Brasil e Palestina, canais de cooperação entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Raba, seu homólogo palestino, com vistas a permitir o intercâmbio e o treinamento de técnicos dos dois órgãos.

Não podemos olvidar, no campo dos projetos de cooperação, a atuação do Brasil, da África do Sul e da Índia, que, em parceria, vêm financiando um projeto importante de construção de um complexo esportivo e escolas na Palestina. E o Brasil acaba de colaborar com a doação de uma praça no centro de Ramallah.

Para finalizar, Sr. Presidente, não poderia encerrar minha viagem e tampouco este discurso sem mencionar minha ida ao túmulo do líder Yasser Arafat. Yasser Arafat é, inexoravelmente, uma das personalidades políticas mais conhecidas e publicitadas da segunda metade do século passado. O seu nome identifica-se com a luta do povo palestino, por sua condição de grande e maior interlocutor da causa de sua gente. Sendo um homem extremamente afável no seu trato pessoal, deu provas de sua firmeza exemplar quanto às suas convicções e de um impressionante valor moral e físico. Por ter sido um homem de coragem e de princípios, ele tem hoje um lugar inapagável na história. Os seus últimos anos, praticamente até a morte, foram de indomável resistência, arriscando a vida a cada hora, a cada minuto, no seu último refúgio, que foi a sede do Governo da Autoridade Palestina em Ramallah.

Yasser Arafat tornou-se um ícone para o seu povo, um ícone que perdurará incontornável enquanto houver Palestina. E não tenho dúvida, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, pela força e coragem do povo palestino que conheci, que a Palestina sobreviverá para sempre.
Presidente Paim, que tem mandatos no Congresso Nacional em defesa dos direitos humanos e compromisso de vida com os direitos humanos, quero chamar a atenção de V. Exª para a dura realidade da vida do povo palestino. E, como V. Exª tem uma presença na Comissão de Direitos Humanos do Senado da República ¿ é grave o que vou dizer aqui, Sr. Presidente e Srs. Senadores ¿, gostaria que pudéssemos fazer uma audiência pública aqui no Senado. Quero propor duas audiências públicas: uma no âmbito da Comissão de Direitos Humanos, para averiguarmos, junto às autoridades do Aeroporto de Guarulhos, de que forma são tratados os passageiros que saem do Brasil, por São Paulo para Tel Aviv, para Israel. A humilhação, Sr. Presidente, imposta a brasileiros e a palestinos que vivem no Brasil. A comunidade palestina no Brasil é grande. No Rio Grande do Sul, estão os árabes, assim como em Santa Catarina, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no meu Estado, o Amazonas. Esses cidadãos são submetidos a constrangimentos absurdos aqui no Brasil.

O Brasil não é Tel Aviv. O Brasil não é Israel. Nós não podemos aceitar essa humilhação, Presidente Paim. Estou colocando isso para que V. Exª... Vou formular um requerimento, mas precisamos ouvir a todos e, quem sabe, fazer uma visita in loco ao Aeroporto de Guarulhos para presenciarmos o tratamento dispensado às pessoas do Brasil que se deslocam para Israel, que se deslocam para a Palestina.

Porque lá em Israel é humilhante. V. Exª não imagina o que as autoridades alfandegárias e militares fazem contra as pessoas que viajam a Israel. Presenciei. Fiz essa viagem acompanhado da minha esposa e presenciei o tratamento dispensado, no Aeroporto de Tel Aviv, às pessoas que chegam e às pessoas que saem. É humilhante a fiscalização.
Há poucos dias, agora, na minha viagem, telefonei para um cidadão que estava na Palestina e que viajou. Colocaram esse brasileiro despido, nu, no Aeroporto de Tel Aviv. Presidente Paim, a comunidade internacional não pode fechar os olhos e os ouvidos para essa realidade da Palestina, do Oriente Médio.

A outra audiência pública que vou propor é com a presença do Chanceler Celso Amorim e de autoridades brasileiras, para começarmos, aqui nesta Casa, que tem compromissos com a democracia, uma articulação para apoiarmos a criação do Estado Palestino. Nós temos que virar esta página da nossa história.

Israel, já disse aqui, tem seu Estado desde 1948, desde o pós-Segunda Guerra Mundial. E como é que fica o povo palestino? Crianças, jovens, seis milhões de seres humanos, sem um estado, sem um país, sem uma fronteira, com esse agravante, que é a presença militar de Israel dentro da Palestina?

Presidente Paulo Paim, os palestinos estão proibidos de visitar sua capital, Jerusalém. Eles não podem adentrar, não podem visitar Jerusalém. Imagine o brasileiro ser proibido de visitar Brasília. Imagine! Imagine o gaúcho ser proibido de visitar Brasília. Só entram em Jerusalém palestinos que morem em Jerusalém. O restante daquela imensa população não entra em Jerusalém desde a Guerra de 1967.

Eu quero fazer desta fala, nesta manhã de sexta-feira no Senado, não só um relato da minha viagem, mas denúncias acerca desse holocausto. Israel e o povo judeu que não perdoa, até hoje, o que aconteceu com eles na Segunda Guerra Mundial, o sofrimento, os assassinatos, que nós repudiamos, que nós condenamos. E como é que faz igual? Como é que faz a mesma coisa? Como é que proíbe esse direito de ir e vir? Todos que vivem na Palestina, a qualquer hora, Presidente Paulo Paim, chegando um tanque em frente à sua residência, podem ser revistados e presos, sem um mandado judicial ¿ sem um mandado judicial!

Então, são as denúncias que faço. Mas há também as duas propostas para que nós, aqui no Senado, possamos realizar duas audiências públicas: uma para debatermos a construção e esse direito de o povo palestino ter o seu Estado; a outra com relação ao comportamento das autoridades no Aeroporto de Guarulhos para com as pessoas que saem do Brasil para Israel.

Sr. Presidente, era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ahmadinejad deve ser bem recebido no Brasil

Estou dando minha cara a tapa para um monte de gente, mas após dois dias de convívio na ONU aqui no Rio de Janeiro com jornalistas e políticos israelenses, palestinos, turcos russos brasileiros antissemitas abertos, árabes brasileiros mais moderados que O Globo, embaixadores etc, passei a ver as coisas de uma outra forma e convido você a fazer uma reflexão não emocional.

Relações internacionais e diplomacia são jogos de cachorro grande. Não há respostas verdadeiras para as perguntas. Não há certezas. Não há nada simples. Não há nada preto e branco. As coisas na maior parte das vezes não são o que parecem, ou pior, são ditas mas não são publicadas, como ocorreu com a cobertura extremamente parcial e ignorante da grande mídia à este evento.

Tudo que os participantes falaram contra Israel (judeus e não judeus) foi publicado basicamente. Tudo que palestinos falaram contra palestinos e contra o Hamas, não foi publicado. Os comentários do ministro Celso Amorim foram pinçados e tirados do contexto. Ele falou por 34 minutos e as matérias apontam para quatro ou cinco linhas de coluna de jornal. Lamentável.

Nosso ministro das relações exteriores foi abertamente claro sobre a posição brasileira em relação ao Oriente Médio. Claro e público, mas não publicado. A frase que vimos hoje nos jornais foi mais ou menos: o muro construído nas áreas palestinas é insuportável... mas ele continuou e isso não foi impresso, "essa foi minha primeira impressão. Depois de alguns dias você se acostuma,,,"

Tudo que foi dito nestes dois dias sobre Ahmadinejad vindo ao Brasil ou lá em Teerã foi varrido do papel jornal, como se o que aconteceu não tivesse acontecido: negação da verdade, revisionismo do dia anterior. O representante da Turquia no evento foi enfático na ameaça nuclear do Irã à Turquia, à Jordânia, à Arábia Saudita, ao Egito e é claro à Israel. Disse que pela primeira vez desde sua independência um dirigente saudita foi à Turquia. O rei Faiçal foi duas vezes lá este ano e não foi para comprar tapetes. Lembre que Turquia e Israel possuem um acordo de cooperação militar válido e ativo.

Ahmadinejad deve ser recebido bem no Brasil porque somos brasileiros e tratamos bem as pessoas. Ahmadinejad não é inimigo do Brasil e é um falastrão no poder no Irã. Ele, pessoalmente, nada pode fazer para ditar a política de seu país. O Irã e seus projetos de conquista do mundo, de transformação de cada um de nós em muçulmanos é um sonho retórico, uma utopia islâmica irrealizavél de Estado e não de uma pessoa. Do Conselho de Aiatolás, não de um em especial.

Além disso para o estado Xiita dominar o mundo precisa eliminar os Sunitas, que são a maioria e o poder nos outros 53 países muçulmamos e encarar
de frente a Al Qaeda, sua inimiga mortal. Se você fosse o líder do Irã e tivesse que escolher onde jogar a bomba, jogava em Israel matando judeus, cristãos, católicos e palestinos (isso não é problema pois são sunitas) ou jogava na cabeça da monarquia sunita que controla Meca e a Kaaba não permitindo a peregrinação obrigatória dos xiitas iranianos? O que é mais importante para um estado muçulmano conquistar? Jerusalém ou Meca? Saddam tentou. E também tentou varrer o Xiitas iranianos do mapa, numa guerra de 10 anos com 1 milhão de mortos. Quem tem o poder de resistir e retaliar: Jerusalém ou Meca?

Alguém em sã consciência sabendo da quantidade de mísseis norte-coreanos que foram levados de navio para o Iraque e para o Irã acha que os xiitas precisam perder tempo enriquecendo urânio para fazer sua própria bomba? Um país que fornece os foguetes tem as bombas. Se vende uns, vende outros.

Há uma avaliação de dois pontos sobre o terrorismo internacional: (1) se obtiverem arma química, radiológica, bacteriológica ou nuclear, vão usar e, (2) se usarem o mundo, todas as leis, sistemas de transporte, todas as relações internacionais e comerciais mudam e ninguém sabe para que lado - um ataque e a civilização atual muda para a nova realidade - talvez por isso ainda não tenham feito pois o grau de imprevisibilidade é total. Uma bomba hoje não destrói uma cidade: ela redefine a civilização, por menor que ela seja.

Por traz de Ahmadinejad há um sistema. Há diversos escalões políticos e operacionais para baixo e escalões religiosos para cima. Ahmadinejad não controla a Guarda Revolucionária e nem o Hezbollah iraniano ou libanês. Ele está no meio disso e é o porta-voz do que lhe dizem para falar. Testa de ferro para os conspiradores.

Ainda fico impresisonado com o alinhamento automático ocidental a favor dos rivais eleitorais de Ahamadinejad, ainda mais quando a menina de 16 anos morreu baleada numa das manifestações. Todas as outras mortes são irrelevantes e se opta por tornar algo emblemático porque alguém gravou. As outras mortes foram mais confortáveis para as vítimas ou seus parentes? Mas aquela oposição a ele é exatamente do partido que governava, planejou e executou os ataques contra a Embaixada de Israel e contra a Amia! Vou eu ter um segundo de consideração com este grupo político porque ele é contra o grupo de Ahmadinejad? Eles que se danem! Eles JÁ FIZERAM! Eles JÁ NOS MATARAM! Eles mandaram seus filhos e netos marchar sobre campos minados iraquianos para poupar seus soldados adultos. E fizeram isso tudo quietos! O Ahamdinejad fala para caramba. Suas primeiras declarações de negação do Holocausto fizeram o barril do petróleo disparar; A insistência, concursos, convenções mantiveram a alta. De uns meses para cá o que ele fala não afeta mais o preço do petróleo.

É complicado para os brasileiros entenderem que confirmadas as imensas reservas do pré-sal, o Brasil passa a ter a maior reserva mundial de petróleo (tirando o Alasca) num momento em que os países produtores tradicionais estão vindo rapidamente ladeira abaixo no gráfico de suas reservas. Nos anos 1970 tinha-se a certeza de que a essa altura já não haveria mais petróleo. Não há nada mais na região do Golfo Pérsico além do que existe neste momento. Aqui estamos começando e as empresas árabes, iranianas, americanas, inglesas, francesas, holandesas, japonesas, venezuelana e chinesas vão explorar petróleo aqui. Não imaginem por um minuto que isso não vai acontecer. O Brasil não dá conta sozinho nem do investimento nem da escala de produção. Vai ser um petróleo caro numa era de escasses. A balança do poder mundial vai mudar rápido, isso sem levar em conta o etanol brasileiro.

Ahmadinejad é fruto de um país, de uma ideologia. Se você quer reclamar, se você não concordar com o que o Irã é, proteste contra o Irã. Não proteste contra o porta-voz do Irã. Aquilo lá não é uma ditadura como alguns de seus aliados. Possui todas as instituições para o bem e para o mal. Para a nossa realidade e para a realidade deles. Não compre esse discurso de que Ahmadinejad é Hitler porque nega o Holocausto. Hitler foi Hitler por que realizou o Holocausto. Todos os líderes nacionalistas e panarabistas falaram a mesma coisa: Gamal Adbel Nasser, Saddam Hussein e até mesmo Anuar Sadat que atacou no Kippur, assinou a paz alguns anos depois e foi assassinado pelo embrião da Al Qaeda, um grupo egípcio radical islâmico onde estava Mohamed Al Zahawiri o atual número 1 ou 2 dessa excrescência taliban. A banalização de quem é um hitler de uns anos para cá já tirou até o significado do nome: o outro é um hitler, eu não.

Em português "radicais" já foram apelidados de xiitas, e depois de talibans. Hoje hitlers são lançados à direita, à esquerda e ao centro, dependendo de quem os joga.

O ministro Celso Amorim deixou bem claro que um dos pontos da visita recente de Lieberman o amado por poucos e odiado por muitos, ministro das relações exteriores israelense, foi o de pedir ao Brasil como um interlocutor aceito por Israel, pelo Irã, Síria, palestinos, Líbia e outros árabes, que mostre ao Irã que o caminho correto é o uso pacífico da energia nuclear, até por que eles precisam se preparar para o fim do petróleo deles enquanto podem. Não sei se você sabe mas a eletricidade no Irã é quase toda fornecida em usinas que queimam petróleo e o país nunca teve a visão para construir sequer uma refinaria: precisa importar todo seu combustível e milhares de derivados de petróleo, até para fabricar plásticos e asfalto. Todo o gás que tinha foi queimado e está queimando nos respiros dos poços. A matriz energética por lá é quase inexistente.

A idéia geral não é se preocupar com quem o Irã enforca ou deixa de enforcar segundo suas leis, mas impedir que Israel e outros países sejam atacados por uma arma nuclear, ou pior: que tenham que atacar o Irã e nunca saberemos se havia ou não arma nuclear envolvida. Conhecemos essa história com o Iraque. O necessário é impedir uma guerra de consequências imprevisíveis e não protestar contra violação de direitos humanos no Irã. Há 1 bilhão de muçulmanos para fazer isso, mas no fim das contas não fazem por que vítimas e algozes são xiitas iranianos enquanto os outros são em quase sua totalidade sunitas, logo, os xiitas que se danem, estando no poder ou na ponta da corda...

A interlocução do Brasil pode surtir efeito para levar o Irã ao uso pacífico da energia nuclear. Precisamos apoiar isso. Precisamos enxergar a geopolítica e não notícias picadas que nos levam a cometer graves erros de julgamento.

Na época das outras manifestações contra a vinda de Ahmadinejad ao Brasil eu não participei. Agora resolvi ser mais enfático pois já estou vendo circular aquelas bobagens de "vote na enquete..." A vitória cantada em verso e prosa foi qual mesmo? Alguém acha que o cancelamento da viagem teve algo a ver com as manifestações? Israel se pauta por um punhado de radicais brasileiros nas ruas gritando palavras de ordem? O Irã vai se pautar por um punhado de cidadãos brasileiros reclamando de sua política? Além disso, enquanto se davam tapinhas nas costas, toda a missão comercial iraniana já estava no Brasil - chegou antes. Todos os acordos foram assinados e a visita transcorreu sem nenhum incidente, protesto ou exposição na mídia. Mas, ELE não veio...

Amigo e amiga: a questão é a bomba não o burro.

José Roitberg - jornalista

segunda-feira, 20 de julho de 2009

TV Pública no Brasil

Nos fins de semana costumo assistir o noticiário da NBR com um bom resumo sobre as atividades do Congresso na semana. Faz umas 3 semanas seguidas que falam muito de TV Pública para cá, TV Pública para lá. Há um projeto de digitalização da TV Pública no Brasil. Não tá entendendo nada? Bem, para o governo atual e seus ministérios "TV Pública" é composta pelos Canais Brasil NBR, Congresso, Senado e Justiça...

Entendeu que lambança? O governo define como TV Pública a TV Estatal... Não tem nada de pública... É feita por órgãos do governo federal. TV Pública em qualquer lugar do mundo é a feita pelas pessoas. É a TV Comunitária, muitas vezes a cabo e com abrangência apenas até de bairro. É o espaço público para as pessoas organizadas ou desorganizadas da sociedade veicularem conteúdo.

Enquanto o governo federal tentar passar este conto da TV Pública Estatal insistindo no nome, o projeto é bom pois ao invés de digitalizar cada canal, haverá uma central de produção e difusão de TV Digital para todos os canais Estatais. Perfeito. Bastava apenas não tentar enganar todo mundo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Enem – MEC Pune Quem Respeita o Sábado Com Cárcere Privado

Escrevi um artigo anterior onde definia a violação constitucional criada pela marcação do ENEM para um shabat e ainda por cima em Sucot, importante data judaica. Essa violação era apenas do artigo quinto da Constituição no que diz respeito à liberdade de credo e culto, sendo o culto a expressão do credo no dia-a-dia. No Brasil ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em função da Lei. ENEM não é lei: é portaria do Ministério da Educação. Lei é algo elaborado coletivamente por nossos representantes eleitos, e aprovada por eles em nosso nome. Portaria é algo assinado por um ministro ou chefe de departamento como bem entender, sem submeter sua funcionalidade ou validade ao escrutínio da sociedade. E os brasileiros adoram portarias e não reclamam desta forma de legislar e estabelecer o controle – ilegal – sobre a sociedade.

 

Vou deixar claros alguns pontos. Eu não sou um judeu ortodoxo ou que se considere religioso. Estou defendendo aqui a Constituição Brasileira e não o direito deste ou daquele grupo. O artigo quinto, não fala dos direitos das minorias. Fala dos direitos individuais de cada cidadão. A Constituição é a Lei aprovada pela maioria que em nosso país preserva os direitos das minorias até o nível individual. Em vários países isso não acontece, principalmente nos "democráticos" comunistas ou teocráticos.

 

Dentro do judaísmo existe até uma definição para quem respeita o sábado, como definido na lei das leis, na lei que originou todas as outras, os Dez Mandamentos: "respeitarás o sábado." O judeu que respeita o sábado é chamado de "shomer shabat", o que guarda o sábado. Portanto há os que guardam, os que não guardam e os que guardam em parte. Uma minoria guarda completamente. Mas tratamos de direitos constitucionais individuais. Não se pode definir que todos os judeus religiosos guardam o sábado, pois não teríamos os ramos conservadores, liberais, reformistas e outras. Os ortodoxos são uma maioria entre os judeus religiosos.

 

O judaísmo tem três pilares: torah, avodá (trabalho) e guemilut hassadim (justiça social). Neste caso, avodá não é o seu trabalho para o seus sustento, mas o trabalho pelo judaísmo em geral, voluntário ou remunerado. As pessoas normalmente se dividem entre estes pilares e muitas conseguem atuar em dois deles, pouquíssimas em três. Mas são a essência do judaísmo e interdependentes: não existe um sem os outros dois. Quem está especificamente direcionado ao pilar torah, guarda o sábado.

 

Entre estes grupos e até mesmo alguns considerados ortodoxos há um relaxamento do que pode e não pode ser feito no sábado. Como exemplo, o deslocamento. Não é aceitável nas grandes cidades que uma definição religiosa de não usar veículos – de quando eram puxados por animais, pois o animal também deverá descansar no sábado, bem como os empregados e na época, escravos, até mesmo a terra -  e se deslocar apenas a pé até a sinagoga se sobreponha à realidade das distâncias. Melhor ir com veículo que não ir.

 

Mesmo em grupos tidos como ortodoxos há uma visão de que o judeu deve fazer "o que é possível" dentro da sua realidade e do local onde vive. E isso basta. Não fazer o que é possível, para estes grupos é errado. Então quando há uma exceção como uma prova pública no shabat isso entra claramente no "desta vez não é possível guardar o sábado completamente" e isso deveria bastar – na minha opinião.

 

Para manter-se apenas dentro da lei judaica é preciso viver em alguns lugares bem específicos de Israel. Não imagine por um momento que Israel é um país que para no sábado. Lá é mais fácil e mais simples parar. Nos núcleos ortodoxos tudo para. Mas os serviços públicos essenciais, o serviço médico, bombeiros, polícia, todos os ramos militares e toda a estrutura de turismo não para. Alguns serviços ao público, como ônibus e trens, por exemplo, param por força de acordo sindical. O aeroporto, por outro lado, não para.

 

Agora que as inscrições para o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio estão abertas escutei por aí que há um campo no formulário para o candidato marcar se respeita o sábado. Não há. Li em notas curtas em vários jornais brasileiros que o MEC fez um acordo com judeus e adventistas do sétimo dia: não fez. Apenas "disse" que há uma exceção. Não a encontrei em nenhum lugar do site do ENEM, nem no formulário de inscrição. Se está escondida dentro de um dos dois pdfs de legislação pouco me importa, porque uma exceção destas deveria estar claramente indicada, no bom portal que abriga tudo relacionado ao ENEM, algo, pelo menos como "últimas notícias." Não podemos assumir que as crianças que vão se inscrever entendam ou saibam manusear e abrir arquivos em pdf.

 

Neste caso a decisão do MEC publicada pela imprensa, aparentemente sem uma portaria ou qualquer texto oficial que a ampare, diz que tal aluno "poderá começar a responder a prova a partir do por-do-sol." Ora... Com isso o Ministério da Educação criou o crime anunciado, a punição coletiva criminosa com cárcere privado e tortura para quem respeita o sábado!!! Porque o aluno que optar por responder ao ENEM a partir do por-do-sol terá que se deslocar até o local de prova no horário normal (violando seu direito ao culto) e ficará em sala isolada das 12h30 até às 17h30, cinco horas de cárcere privado e tortura, aguardando o por-do-sol como punição por ser temente a Deus e cumprir seus mandamentos!!!

 

Essa situação é inadmissível tanto para indivíduos judeus quanto para indivíduos adventistas do sétimo dia, os atingidos por este serviço de deseducação federal! O agravante deste crime que o Estado Brasileiro está prestes a cometer é que será cometido por adultos contra menores de idade e aí vai-se também o Estatuto do Menor e do Adolescente! As leis rasgadas na frente de todos. Os direitos individuais jogados no lixo! Se o Estado puder jogar este ou aquele direito individual no lixo no momento em que desejar sem a reação da sociedade, o Estado se verá compelido a repetir e a violar outros direitos fundamentais individuais da mesma forma!

 

Isso não é um desabafo individual ou em defesa de um grupo! É uma questão de princípios. Nenhum direito meu está sendo violado pelo ENEM, mas os direitos de outras pessoas estão e se todos se calarem, quando o meu direito for violado, todos também se calarão!

 

Já há discurso antissemita em portais da internet e blogs por conta desta questão. A retórica é simples e fulminante: "segundo a Constituição todos são iguais perante a Lei portanto se pune a todo os não-judeus e não-adventistas com a obrigação de chegar no horário sob pena de encontrar as portas fechadas e não poder fazer a prova, enquanto judeus e adventistas poderão chegar ao por-do-sol." Como qualquer discurso antissemita, não importa que não seja verdade e que os dois grupos "privilegiados" tem que chegar no mesmo horário de todos os alunos e aguarda 5 horas para começar a fazer a prova, espera que vai detonar seu desempenho e capacidade para responder às questões. O antissemitismo vai ainda mais longe, quando estes autores dizem claramente "que é uma manobra de judeus e adventistas para fraudar o ENEM e fazer as provas já com os resultados em mãos."

 

Esta aberração não precisava acontecer. Para que marcar essa prova insignificante e não obrigatória para um fim-de-semana e não para um dia normal onde tais problemas não existiriam? Ninguém responde a isso.

 

Mas se o ENEM não é obrigatório, por que criar este caso todo? O ENEM era uma prova, contestada por alunos, por professores, por diretores de escolas, por educadores criada para avaliar o ensino de segundo grau (ou médio) no Brasil: gerar uma estatística para nortear as políticas públicas de educação. Não era uma prova para avaliar o aluno. Muito menos, não era uma prova que agora é a primeira fase OBRIGATÓRIA do vestibular de todas as universidades federais do país. Portanto, o que tinha uma finalidade agora tem outra. Não fazia diferença participar ou não da prova. Agora se o aluno quiser ter ensino público superior Estatal Federal é obrigado a fazer o ENEM. Portanto, o cidadão é obrigado a fazer algo e violar sua crença por algo que não é Lei, portanto isso é ilegal sob todos os aspectos.

 

Agora vou defender uma alternativa: ignore as universidade federais.  Elas são o melhor exemplo da falência do MEC. Centros de excelência são apenas centro de funcionários grevistas, com publicações de fortíssimo caráter antissemita e anti-Israel. Há falta total de condições de ensino e de aprendizado. Isso se aplica a quase todas as unidades sucateadas, com algumas exceções louváveis. Ignore a possibilidade de estudar de forma paga pelo governo porque você não paga seu estudo e não recebe instrução realística: é uma troca justa. Eu sou ex-aluno da UFRJ e posso falar isso com a maior tranqüilidade.

 

E nestes anos de ENEM qual foi o verdadeiro impacto dele no ensino médio no Brasil? Por acaso algo melhorou nas escolas públicas? Claro que não! O ensino público é considerado uma doença crônica no Brasil.

 

Agora vou criar outro caso. O filósofo Santayana tem uma frase célebre: quem não conhece o passado está condenado a repeti-lo. A parte de umas poucas reclamações de famílias de judeus que guardam o shabat, ninguém mais se importa com a questão. Estas famílias estão repetindo o passado, por ignorá-lo. Tudo que diz respeito ao "caso ENEM" nada mais é que o cerne da "Questão Judaica" de Bruno Bauer na Europa Central na primeira metade do século 19. Era um momento em que se discutia se os judeus poderiam ou não ter direitos políticos plenos – as mulheres também não tinham. Na Inglaterra, na França e nos Estados Unidos os judeus tinham direitos plenos. No Império Austro-Húngaro, nos Estados Germânicos, na Península Ibérica, no Império Turco-Otomano e no Império Russo, não tinham. A Rússia desta época era "livre de judeus" confinados ao assentamento de Pale – região da Europa Central do Mar Báltico ao Mar Negro, onde se encontram Polônia, Ucrânia, Lituânia, Estônia, Bielorrúsia, Bessarábia e outras regiões onde nossos antepassados viveram por Lei, não por escolha. Era uma região tampão cheia de judeus entre os dois impérios rivais – Russo e Austro-Húngaro. Mesmo no Brasil pré-independente os judeus não tinham direitos plenos e sequer podiam construir uma sinagoga no térreo com frente para a rua!

 

Bruno Bauer levanta a seguinte questão: como poderiam os judeus ser funcionários públicos, policiais, militares, políticos (votar e ser votados) se seguiam suas leis religiosas e não as leis do Estado válidas para todos os cidadãos? Note que nessa época havia cidadãos e não-cidadãos nos Estados... Se houvesse uma sessão do Parlamento no sábado os políticos judeus iriam? O soldado judeu estaria no quartel no sábado ou lutaria? Um judeu na limpeza pública carregaria lixo no sábado? E nas outras dezenas de datas especais e jejuns obrigatórios judaicos, dizia Bauer. Mas ele estava errado. Errado de forma inversa a que o governo brasileiro está hoje.

 

Para Bauer, todos os judeus seguiam a risca as leis religiosas judaicas, o que é o discurso antissemita até os dias de hoje. Como em qualquer época, havia os que seguiam e os que não seguiam. Aos que seguiam, que optassem por não ser servidores públicos ou políticos por exemplo. Para o governo brasileiro todos os judeus não seguem à risca as leis religiosas judaicas. Também é uma forma de antissemitismo. Não posso permitir que um pensador ou um Estado defina o que eu sou. Eu é que defino. Penso, logo reclamo!

 

Para se ter uma idéia de como Bauer estava errado – no fim das contas alguns estados deram direitos plenos e outros deram parciais – cerca de 70 anos depois desta discussão, na Primeira Guerra Mundial, de uma comunidade de cerca de 500.000 judeus alemães, cerca de 100.000 fizeram serviço militar obrigatório de guerra – soldados e oficiais - e participaram do conflito onde 12.000 judeus alemães morreram em combate. Um número significativo recebeu medalhas por coragem e mérito em combate. Portanto na mesma Alemanha de Bauer o judeu "secular" e o religioso conviviam em sociedade, cada um cumprindo com sua parte na sociedade em geral e na comunidade judaica.

 

Não se pode admitir que uns 150 anos depois da Questão Judaica ser debatida à exaustão, definida e resolvida, que as pessoas que não conhecem nada disso, porque história é chato para caramba – mas cai no ENEM – iniciem novamente este processo, por  um lado lamentável, em sua excência, por outro lado que levou os judeus a serem cidadãos como quaisquer outros em quase todos os países. Você pode não se dar conta, mas judeu e cidadão é algo muito recente na história da humanidade.

 

Como exemplo cito que todos os homens de minha família que tiveram idade para serviço militar no Brasil desde os anos 1930 se tornaram oficiais da reserva sendo que dois são ex-combatentes da FEB. Quase todos os de minha família também serviram como mesários, apuradores e presidentes de seções eleitorais em dezenas de pleitos. Em ambos casos sempre de forma voluntária, pois são atividades que são direitos do cidadão e vamos sempre nos comportar pelos direitos e deveres. Em nenhum momento fomos mais ou menos judeus por causa disso. Eu pessoalmente deixei de trabalhar nas eleições quando alguns anos atrás elas caíram no Iom Kippur, e aí não tem negócio: meu direito a liberdade de crença e culto deve prevalecer e prevaleceu sem nenhuma dificuldade. Fato que não aconteceu nas últimas eleições presidenciais com muito judeus.

 

Para fechar: quando eu citei acima que é uma questão de princípios e de confronto entre deveres do cidadão e seus direitos individuais, disse que não se pode deixar o governo violar estes direito. O governo deve ser o zelador destes direitos. Se deixarmos as violações ocorrerem daremos força a que continuem. Pois bem judeus trabalharam nas eleições passadas, obrigados por Lei e judeus não votaram (ou não deveriam ter votado – eu não votei) porque o Iom Kippur não termina no por-do-sol como o Estado não entendeu, mas uma hora depois, quando as seções já estavam fechadas. Protestamos e não adiantou na eleição lá atrás. Protestamos e não adiantou na última eleição no Iom Kippur. Agora temos o ENEM no shabat e o que virá em seguida?

 

José Roitberg - jornalista