Sempre achei fantástico o discurso sem a letra A, o discurso sem verbos e o discurso com a letra P. Todos estão aqui no blog. Eles mostram a riqueza da língua portuguesa quando se pensa e escreve não só fora da caixa com fora da mesa onde a caixa está. Mas também achava que eu escrevia tão bem quanto eles e me propus o desafio de criar um novo texto, moderno, do século 21, apenas com uma letra. Escolhi a M por um estalo. E deu nisso aqui. Espero que motivados por este texto, o quarto de uma mínima série histórica de excelentes brincadeiras com o português outras pessoas produzam textos com outras letras. A inspiração foi uma musa, menina inatingível por este ou aquele motivo, em que a paixão inesperada e incontrolável precisava fluir para algum lado.
Minha
Magra meiga morena. Melhor mentir, montando moderna moralidade, mentalizando momentos memoráveis.
Metodicamente minha mente mostra manha, mantendo mista morna manhã mudando malogradamente.
Mas mesmo muda, mostra-me mudanças machucadas, manchadas, molhadas, meladas, melosas, mesmo momentaneamente.
Mulher maravilhosa, musa mencionada, menospreza-me, maçãzinha, mascarando meu momento mascado.
Momentos mornos, macios, mascavos. Meras maledicências merecidas.
Mentiras marotas melenas, mortais. Melhorando minha mocidade, merecendo mera mobilidade. Mesmo morrendo, memória motivada machuca, massacra, maltrata.
Meritíssima minha: mostre-me momentos melhores. Mande-me mostras merecidas, manipuladas, mescladas. Mostre-me mesmo meus motivos. Maldiga-me mero monstro metido, meliante. Metralhe-me morto, maltrapilho.
Mazelas movem motivações. Macaquices melancólicas moderadas.
Memorável moça, menti-me mesmo. Meti-me mandado, mudado. Mutando meada motriz movi-me meramente mínimos metros, milímetros, mícrons.
Motivei-me muito metódico. Modifiquei-me maximamente, maciçamente.
Meditarei mentalmente minuciosamente. Mas moverei montanhas martirizar-me-ei minimamente.
Madona motivadora, maledicente. Mude-me. Mostre-me. Monte-me. Mesmo meros minutos, maximizarei momentos merecidos.
Molhe-me, morda-me, minta-me. Mas mova-me mostrando-me merecimento. Metamorfoseie-se maripozinha.
Moçoila mafiosamente metida. Mentalize minha mágica mostra mecânica, mormente maluca, mestre, magistral, memorial.
Mine minha memória, mate-me metodicamente menosprezando mensagens. Muda mas mostre-se. Mude motive-me, mova-me milhas maiores. Melhore menina, memorize minhas moitas, meus muitos modos.
Maravilhosa musa. Mande-me mostrar meros motivos malditos, mínimos. Mosaica, mera moleca, merecidamente mora movendo meu miocárdio.
Mana... Maluco mesmo, moleque, metido, macaquinho marrom meio mundano. Molequinha macia, mordida, malvada, mostre-se mágica, mulherão... Minha.
de José Roitberg