quinta-feira, 12 de maio de 2016

Vitrais do Palácio dos Correios em Petrópolis

Em outubro de 1841, D. Pedro II assinou o decreto de implantação dos Correios na cidade, um dos primeiros do país. O atual Palácio dos Correios é uma obra bem posterior, construída em 1922, já bem dentro da República.

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Sua imponente arquitetura neoclássica domina a av... no centro de Petrópolis e não há visitante que não dê uma segunda ou terceira olhada no prédio. Mas só pelo lado de fora. Pode entrar! Deve entrar! Em 2012, para a comemoração de 90 anos foi aberta uma sala da memória do local. A arquitetura do palácio já é algo notável.

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O hall de entrada com seu pé-direito altíssimo abriga um busto de D. Pedro II e os pisos e lustres, todos são originais de 1922.

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Mas a delícia para os olhos exige que o usuário dos correios ou o turista olhem para cima e contemplem um vitral oval enorme, ocupando quase todo o teto do salão de atendimento. Melhor ver nas fotos, que tentar explicar.

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Clique para ver o vitral bem maior. É uma peça lindíssima, com tons muito interessantes de marrom. No centro, dominando a arte, uma imagem ufanista do que poderia ser uma “dama dos correios”, em uma nau remetendo às pequenas de três velas que tanto circularam pela Baía da Guanabara, com um garotinho, sobre nítidos pacotes de encomendas. Ela brande uma longa flâmula com as cores brasileiras.

Atrás vemos alguns navios parecidos com os de 1922. No detalhe inferior, postes com linhas telegráficas e na arte superior, um avião biplano já bem superado para a data de inauguração do Palácio. O conceito é simples: mostra o transporte de cargas e correspondência pelo mar, pelo ar e as mensagens via ondas elétricas.

No retângulo superior, fora da estrutura oval, temos uma série de pequenos navios.

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E do lado direito de quem entra, uma deliciosa escada em espiral para o segundo andar recebe luz natural através de outro enorme vitral, até que desinteressante em sua maior parte, mas com uma cumeeira espetacular.

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Vamos concordar que a arte desta peça é no mínimo… suspeita. O que levaria o artista, ao invés de fazer um caravela (provavelmente não sabia como era), produzir uma nau tipo fenícia, como remos laterais e três grandes velas Cruzadas? Óbvio: isto não simboliza a presença de Portugal no Brasil e é um grande curiosidade.

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Pode ser que muitos dos leitores estejam sendo apresentados pela primeira vez à caixas-postais do universo real, e não do espaço virtual. Caixas em madeira, com fechaduras e chaves, e sem qualquer tipo de “@”. Ainda hoje, principalmente em cidades do interior, é normal que pessoas ou empresas que não possuam endereço fixo ou não queiram comprometer seus endereços alguém caixas-postais. Antigamente era a norma e não a exceção. Imagine você como um imigrante, ora nesta pensão, ora noutra. Num quarto alugado aqui, três meses em outra cidade num emprego temporário. Seu endereço fixo para contato com a família acabava sendo uma destas caixinhas de madeira numa agência de correios.

Há outros palácios e palacetes, mansões impressionantes em Petrópolis que guardam lindos tesouros arquitetônicos desconhecidos por seus habitantes e fora das vistas dos turistas.

Esse foi só um gostinho da história de Petrópolis que as pessoas não veem. Indo a Petrópolis e passando na porta, entre, e aprecie esta edificação o quanto quiser.

E nem falamos dos vitrais da catedral... Alguns dos mais espetaculares do Brasil.

© 2016 José Roitberg – jornalista e pesquisador (texto e fotos)
Membro da ABEC – Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais.