© 2000 José Roitberg - atualizado em dezembro 2021
fale com o autor roitberg@gmail.com Você encontra centenas de propagandas antigas para o Natal e cartões de Natal do século XIX e início do XX em
Este artigo mostra como vários costumes de povos diferentes foram incorporados para forma da festa de Natal conhecida a partir do século 20 e também aborda a criação comercial dos diversos personagens clássicos.
Desde tempos ancestrais o meio do inverno é o momento de celebrações em todo o mundo. Séculos antes de Jesus, os antigos europeus celebravam a luz e e também o nascimento do mais escuro e longo dos dias do inverno.
Muitos povos se reuniam no solstício de inverno quando o pior do inverno ficava para trás e eles podiam olhar em frente, esperando por dias mais longos com mais luz do sol. No Brasil é o solstício de verão, quando temos o dia mais longo com luz do Sol.
Na Escandinávia, o Yule era celebrado no dia 21 de dezembro, o solstício de inverno. Em reconhecimento ao retorno do Sol, pais e filhos traziam grandes toras de madeira, as quais ateavam fogo. As pessoas comemoravam até as chamas se apagarem: podia durar 12 dias.
Yule e suas formas gramaticais nórdicas antigas jól e júl tem origem incerta, Acredita-se derivar do proto-germânico jehwlą (celebração, festividade).
Os nórdicos acreditavam que cada fagulha representava um novo porco ou cabeça de gado que iria nascer durante o ano seguinte. O final de dezembro era a época perfeita para celebrar na maior parte da Europa.
Nesta época do ano a maior parte do gado já havia sido abatida para ela não ter que ser alimentada durante o inverno. Para muitos, era a única época do ano quando obter carne fresca.
Além disso, a maior parte do vinho e da cerveja produzida ao longo do ano já estava fermentada e pronta para consumo.
Na Alemanha, as pessoas honravam o deus pagão Oden, durante o meio do inverno. Os alemães tinham muito medo dele por causa de seus bem conhecidos voos noturnos no céu nos quais ele definia quais pessoas iriam prosperar e quais iriam perecer. Por causa da presença dele, a maioria das pessoas ficava dentro de casa.
Oden é a pronúncia nórdica e centro-europeia para Odin, o “deus-chefe” do Valhalla, moradia dos deuses na mitologia politeísta da Escandinávia, que antes da chegada do culto ao deus único se espalhou pelo norte e centro da Europa.
Em Roma, onde os invernos não eram tão fortes quanto no norte da Europa, existia a Saturnália, em honra a Saturno, deus da agricultura. Começava na semana antes do solstício de inverno e continuava por um mês.
A Saturnália era um tempo de fartura, onde comida e bebida eram disponíveis e a ordem social romana era virada de ponta-cabeça. Por um mês, os escravos se tornavam mestres. Pessoas normais comandavam as cidades. Negócios e escolas eram fechados para todos se juntarem às festas. Era uma das épocas em que as orgias romanas eram mais ativas.
Também em torno do solstício de inverno, os romanos observavam a Juvenália, honrando as crianças de Roma. Membros das classes dominantes também celebravam o nascimento de Mithra, deus do Sol, no dia 25 de dezembro. Acreditava-se que Mithra, um deus infantil, havia nascido de uma pedra. Para muitos romanos, era o dia mais sagrado do ano.
Nos primeiros anos do cristianismo, a Páscoa ou a Ressurreição era o feriado principal. O nascimento de Jesus não era celebrado.
No século IV, oficiais da Igreja decidiram instituir o nascimento de Jesus como feriado. Mas havia um problema: a Bíblia não menciona a data de seu nascimento.
Apesar de algumas evidências sugerirem que o nascimento de Jesus ocorreu na primavera, o Papa Julius I (337 DC a 352 DC) escolheu o dia 25 de dezembro.
Alguns estudiosos acreditam que a Igreja adotou esta data num esforço de absorver as tradições pagãs do festival romano da Saturnália.
Primeiro foi chamado de Festa da Natividade. O costume se espalhou para o Egito em 432 DC e chegou até a Inglaterra no final do século VI. Esse nome foi mantido ou adaptado nos países de língua latina. Em espanhol continua-se comemorando a Navidad e em português o Natal (de natalício, nascimento).
Ao final do século VIII, a Natividade tinha-se espalhado por toda a Escandinávia. Hoje, as Igrejas Ortodoxas grega e russa, celebram o Natal no dia 6 de janeiro, também referido como o Dia dos Três Reis, que seria o dia em que os 3 Reis Magos teriam encontrado Jesus na manjedoura.
Mantendo o Natal no mesmo período dos tradicionais festivais de solstício de inverno, os líderes da Igreja aumentaram as chances do Natal se popularizar e também conseguiram ter a habilidade de ditar como ele seria celebrado.
Na Idade Média o cristianismo tinha substituído a maior parte das religiões pagãs europeias. No Natal, os crentes iam à igreja, depois celebravam intensamente, se embebedavam, numa atmosfera carnavalesca.
Na Inglaterra a cada ano, um desocupado ou um estudante era aclamado como o “Lorde da Má Conduta” e os participantes brincavam com suas ordens e desmandos. Os pobres iam às casas dos ricos e exigiam a melhor comida e melhor bebida.
Se os donos da casa falhavam em fornecê-las, os visitantes os aterrorizavam. Natal se tornou uma época do ano em que as classes dominantes pagavam seus débitos reais ou imaginários com as parcelas menos afortunadas da sociedade. Aqui você também pode perceber de onde surgiu a tradição de “Gostosuras ou Travessuras” da festa americana do Halloween, além do conto "Conto de Uma Noite de Natal", de Dickens
No começo do século XVII, uma onda de reforma religiosa se abateu sobre a Europa e mudou a forma como o Natal era celebrado.
Quando Oliver Cromwell e suas forças Puritanas tomaram conta da Inglaterra em 1645, eles decidiram tirar a Inglaterra de seu rumo decadente e como parte desses esforços, cancelaram o Natal.
Por força popular, o rei Charles II foi reconduzido ao trono e com ele, voltou o Natal.
Os Peregrinos, ingleses separatistas que chegaram à América em 1620, eram mais ortodoxos em suas crenças puritanas que Cromwell. Este é um dos fatores que se propaga até os dias hoje com ateístas e puritanos se posicionando contra a explicitação pública do Natal nos EUA.
Como resultado, o Natal não era um feriado ou festa na América. De 1659 até 1681, a celebração do Natal foi proibida por Lei em Boston. Qualquer um que demonstrasse espírito natalino era multado em 5 shillings.
Depois da Revolução Americana, os costumes ingleses foram abandonados, incluindo o Natal. O momento era de relegar os costumes do colonizador e criar uma identidade nacional americana. De fato, o Congresso estava em seção no dia 25 de dezembro de 1789, o primeiro Natal sob a nova Constituição. O Natal só foi declarado feriado federal em 26 de junho de 1870.
A versão americana de Santa Claus, recebeu essa inspiração de uma lenda Holandesa de Sinter Klaas, trazida por fazendeiros imigrantes no século 17 que se estabeleceram em Nova Iorque, chamada na época, de Nova Amsterdã, cidade que atraia os novos imigrantes holandeses pois foi fundada pelos holandeses que foram expulsos do Brasil, depois de tentar se fixar, durante vários anos em Olinda, Pernambuco. a maioria judeus descendentes dos que haviam sido expulsos da Espanha (1492) e Portugal (1498) pelis Reis Católicos e imigrado para a Holanda.
São Nicholas fez sua primeira aparição na cultura popular americana em 1773 e depois em, 1774, quando um jornal de Nova Iorque publicou um artigo sobre o encontro de famílias Holandesas "para honrar o aniversário da morte dele." O nome Santa Claus, evoluiu do original holandês Sinter Klass.
Num artigo escrito em Nova Iorque, em 1809, Washington Irving 1783-1859 (ao lado) descreve a chegada de St Nicholas, num cavalo, em cada véspera do dia de São Nicolau - 6 de dezembro.
Em 1822 um ministro episcopal,
Clement Clarke Moore 1779-1863 (ao lado), escreveu um poema de Natal para suas três filhas, intitulado “
An Account of a Visit from St. Nicholas” - Um Relato da Visita de São Nicolau, também conhecido como “
The Night Before Christmas” - A Noite Antes do Natal. Curiosamente Moore foi
o primeiro a imprimir um dicionário de hebraico para inglês em 1809, com apenas 30 anos de idade.
Moore hesitou em publicar o poema devido à sua natureza frívola mas é o responsável pela moderna imagem de Santa Claus, como “um elfo rechonchudo” com habilidades sobrenaturais de subir por uma chaminé apenas levantando sua cabeça. (texto completo em inglês no final deste trabalho)
Uma senhora chamada
Harriet Butler conseguiu o texto com um dos filhos de Moore e o submeteu ao editor do jornal Troy Sentinel, de Nova Iorque, onde foi publicado no Natal do ano seguinte, em 1823 - longos 47 anos ANTES do Natal se tornar um feriado. Sem autor definido, o texto foi publicado posteriormente em diversos jornais e revistas chegando a constar do The New York Book of Poetry - Livro de Poesias de Nova Iorque, de 1837. Apenas em 1844 o próprio Moore assumiu a autoria.
Mesmo que alguns elementos do poema de Moore tenham sido pegos de outras fontes, ele ajudou a popularizar a ideia de que Santa Claus voa de casa em casa na véspera de Natal em um trenó puxado por oito renas voadoras, cujos nomes ele criou, e que entregava presentes para as crianças. O “An Account of a Visit from St. Nicholas”, inventou imediatamente um ícone popular americano repercutido por quem viesse a tratar do assunto em seguida, seja em publicações, seja em publicidade.
Papai Noel Vermelho e Branco em 1866
Em 1866, o cartunista político
Thomas Nast (abaixo) publicou um livro ilustrado em policromia (ao lado), a partir do conto de Moore e criou a primeira imagem moderna de Santa Claus, como conhecemos hoje. Chamava-se “
Santa Claus and His Works” - Santa Claus e Seus Trabalhos e foi encartado na edição natalina do jornal semanal Harper's Weekly, a principal mídia americana desde a Guerra Civil.
Seus desenhos mostravam um Santa Claus gorducho, alegre com uma grande barba branca e um saco cheio de presentes para as crianças. Nast também nos deu a roupa vermelha com “peles” brancas, a oficina do Polo Norte (não da Lapônia), os elfos, e a esposa: Mrs Claus.
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Thomas Nast 1840-1902 |
Mesmo depois disso, durante décadas em cartões de natal e no início do século XX em anúncios publicitários, havia outras imagens para Papai Noel, nos EUA e na Europa: magro, com roupas diferentes como mantos, roupas nas cores azul, branca, vermelha e marrom e muitos com roupa completamente diferente da hoje tradicional
Ao lado, impressão em policromia do final do século 19 com Papai Noel marrom, é um cartão de Natal com outros elementos contemporâneos e o Papai Noel morando em uma caverna, com uma rena deitadinha ali.
Ao lado, impressão a 3 cores de 1902, anúncio de revista Após muito pensar, temos uma opinião pessoal sobre os motivos da popularização da roupa vermelha de Papai Noel.
Observando os antigos anúncios das décadas de 1900-1920, percebemos que foi uma época da evolução e popularização dos processos de impressão de jornais e revistas.
Antes de se tornarem coloridos, o processo chamado de “três cores” ainda muito usado até hoje, era uma das coisas mais modernas que havia. Neste processo, temos na verdade 4 cores: o branco ou outra cor do papel; a tinta preta; e outras duas tintas de qualquer outra cor.
Combinando retículas de impressão, pode-se ter misturas entre as tintas e suavização delas com a cor do papel.
Adivinhe? A tinta mais usada era a vermelha, pelo motivo óbvio de chamar mais a atenção nos anúncios que o azul, amarelo ou verde.
Logo, para as propagandas de Natal, o Santa Claus teria a roupa branca, preta, cinza, azul ou em algum tom de vermelho. Qual você escolheria? Vermelho é claro!
Dê uma olhada em nossa seção de Natal e você verá anúncios originais, anteriores a 1932 onde o Papai Noel está em vermelho e branco e não tem nada a ver com a Coca-Cola.
Ao lado, impressão em policromia (65 mil cores) anúncio de revista da pasta de dentes Colgate de 1903, com roupa vermelha e preta.
Ao lado, típica impressão a 2 cores de 1907, anúncio de revista das canetas tinteiro Waterman, talvez a principal marca norte-americana mostra a bem sucedida abordagem estética do vermelho e branco, quando as tintas disponíveis eram apenas o preto e outra adicional. de fato ninguém se importa com a rena cor-de-rosa.
Apenas em meados do século XIX os americanos começaram a comemorar o Natal. Os americanos reinventaram o Natal e o modificaram de um carnaval, uma bagunça de rua, para um dia centrado na família, na paz e na nostalgia. Mas o que, em 1850 atraiu a atenção dos americanos para o Natal?
O início do século XIX foi um período de conflito de classes e confusão na América. Nesta época o desemprego era alto e conflitos de gangues sempre ocorriam durante o Natal. Em 1828, o Conselho Municipal de Nova Iorque criou a primeira força policial, para responder aos conflitos de Natal. Isso catalisou certos membros das classes mais altas para começar a mudar a forma como o Natal era celebrado na América. Ele precisava ser tirado das ruas.
Em 1819, o autor de best-sellers Washington Irving (o mesmo do jornal de 1809) escreveu "
The Sketchbook of Geoffrey Crayon" (Rascunhos de Geofrey Crayon), uma série de histórias, entre elas sobre a celebração de Natal em uma casa Inglesa. Os contos tinham uma pessoa que convidava os transeuntes para sua casa no Natal.
Em contraste com as situações de ódio das ruas americanas, os personagens do livro confraternizavam sem problemas. Na cabeça de Irving, o Natal deveria ser pacífico. Os personagens de Irving se divertiam com os costumes antigos e até mesmo o inglês “Lorde da Má Conduta” estava presente.
O livro de Irving não foi baseado em nenhuma comemoração onde ele esteve presente e muitos historiadores concordam que ele tenha inventado a tradição quando afirmava, no livro, que "aqueles eram os verdadeiros costumes da época."
Ao lado, cartão de Natal de 1817 desenhado pela artista Katryn Elliot, absolutamente sexy.
Cartão de Natal de 1880 propaganda do Café Woolson, com os elementos bem reconhecíveis atualmente, mas apenas 4 renas.
Em 1843, o escritor inglês Charles Dikens (abaixo) lançou a clássica história de Natal: “A Christmas Carol – A Ghost Story of Christmas”. (Conto de Uma Noite de Natal - Uma estória de fantasmas do Natal).
A mensagem era a importância da boa vontade e caridade para toda a humanidade.
O conto atingiu em cheio a sociedade americana e inglesa e mostrou aos membros da Era Vitoriana, a importância e os benefícios de celebrar o Natal.
A família estava se tornando menos disciplinada e mais sensível às necessidades emocionais das crianças em meados do século XIX.
O Natal oferecia uma data onde se podia dar presentes e atenção às crianças sem parecer que as estavam mimando. Os americanos começaram a celebrar o Natal como um perfeito feriado familiar.
Os velhos costumes começaram a ser abandonados. As pessoas procuraram recentes imigrantes católicos para saber como a data deveria ser celebrada.
Pelos próximos 100 anos os americanos construíram a tradição de Natal por conta própria incluindo, roupas, objetos e outros costumes, como a decoração de árvores, enviar cartões e dar presentes.
A maioria das famílias logo comprou a ideia de que estava celebrando o Natal como havia sido por séculos. Os americanos reinventaram o Natal para preencher as necessidades culturais de SUA nação em crescimento. Nada tem a ver com Natal na Europa, na Europa Oriental ou na América Latina.
Na busca das raízes históricas de Santa Claus, é preciso ir fundo no passado para descobrir que Santa Claus é uma combinação de diversas lendas e criaturas mitológicas.
A base do Santa Claus cristão é o bispo Nicholas de Smyrma (Izmir), cidade hoje na Turquia.
Nicholas viveu no século 4 DC, quando o cristianismo estabelecia sua modernidade em Bizâncio (Turquia) e não em Roma, apesar de coexistirem Papas bizantinos. Ele era muito rico e generoso, sempre dando presentes para as crianças. Tinha o hábito de jogar presentes para as crianças pobres pelas janelas de suas casas. Isso é fato histórico relatado.
A Igreja Ortodoxa Bizantina elevou Nicholas ao status de “santo milagreiro”. Em sua honra, foi construída uma catedral na Rússia, destruida ao longo dos séculos. A Igreja Católica Romana honrou Nicholas por ele ter ajudado as crianças e os pobres, tornando-o santo das crianças e navegantes. Seu dia é o 6 de dezembro e não 25.
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A magnifica Catedral Marítima de São Nicolau, na cidade de São Petersbrugo na Rússia, construída entre 1753 e 1762, é considerada a melhor construção do estilo barroco sobrevivente na Rússia. |
São Nicolau nasceu em 280 DC, em Patara. Homem rico, se tornou sacerdote cristão ortodoxo e depois, bispo. Viajou por Bizâncio fazendo caridade. No ano 303 DC, o Imperador Romano, Diocleciano, ordenou que todos o tratassem como deus (a ele, Diocleciano), incluindo os cidadãos de Bizâncio.
Como os cristãos bizantinos acreditavam num deus único, resistiram às ordens, inclusive Nicolau, que passou 5 anos preso. Em 313 DC, Diocleciano, foi deposto, e Constantino assumiu o Império Romano. Nicolau foi solto e voltou ao seu posto de Bispo de Mira, continuando seu trabalho até 6 de dezembro de 343 DC, quando faleceu, aos 63 anos.
Pelo ano 450 DC, várias igrejas tinham sido construídas, em sua honra, na Turquia e Grécia. No ano 800 DC, foi oficialmente reconhecido como Santo pela Igreja Ortodoxa. Em 1200 e tanto, o dia 6 de dezembro passou a ser o Dia de São Nicolau na França. Em algum ponto, lá pelos idos de 1400 DC, São Nicolau passou a ser a terceira figura mais reverenciada no cristianismo, perdendo apenas para Maria e Jesus.
Posteriormente, com a adoção do Father Christmas e a Reforma Protestante na Inglaterra, Nicolau foi perdendo sua posição de devoção cristã e aos poucos entrando num circuito paralelo mais voltado à caridade na sua data.
Com o uso mercantilista dado pelos oportunistas do marketing do início do século XX, passou de figura religiosa à figura comercial. Muitas vezes seu caráter religioso é relevado até por praticantes de outras religiões e de santo, caridoso, passou a ser um mero objeto capitalista sendo explorado, vendido e comercializado em milhares de formas e produtos diferentes, mas até hoje, conserva as pesadas roupas de inverno e cores vencedoras - vermelho e branco - mesmo nos tórridos natais tropicais.
25 de dezembro foi aproveitado comercialmente, para passar de um feriado religioso, de louvor e introspecção, para apenas uma data mercantilista, onde todos se veem compelidos, por uma tradição que julgam ser religiosa e milenar, a gastar seu décimo terceiro salário no mercado.
Nas áreas Protestantes do centro e nordeste da Alemanha, St. Nicholas ficou conhecido como Weihnachtsmann, literalmente "Homem da Noite de Natal". Na Inglaterra como Father Christmas, a partir de 1500.
Quando fez seu caminho junto com os imigrantes holandeses para os EUA, foi referido como Sinter Klass.
Como Christmas (referente ao nascimento de Cristo) e Santa Claus (referente a São Nicolau) se tornaram Natal e Papai Noel?
Bem, Natal é fácil, pois em italiano, onde fica a sede da Igreja católica, a festa é chamada e il Natale o “aniversário (dia do nascimento)”. Em espanhol é Navidad.
Sinter Klass é uma corruptela de Sint Nikolaas (o holandês para São Nicolau). Foi “inglesado” para o nome próprio Santa Claus, corruptela, língua de rua, totalmente inventada. Em muitos momentos a corruptela é adulterada mais um pouco para Santa Clause.
Mas e o tal do Papai Noel?
Essa é mais difícil. Parte vem do francês, onde o Natal é chamado de Noel, que não vem do nascimento de Jesus, mas vem da frase “les bonnes nouelles”, “as boas novas”, tradicional do Novo Testamento.
E o “Papai” vem da tradição inglesa de Father Christmas “Papai Christmas” que em francês virou literalmente Pêre Noel. Como nas primeiras décadas do século XX o Rio de Janeiro tinha forte influência cultural francesa, o Natal chegou aqui como costume francês comtradução literal para Papai Noel e não como costume americano com Santa Claus.
Este é um Pére Noel de 1909, a visão francesa do Natal, muito diferente da americana, e de como o Natal, já festa tradicional e comercial chegou ao Brasil, com nome francês.
Não é só o Santa Claus americano do século XIX que foi inspirado em São Nicolau para aparecer na época de Natal. Outras figuras similares são populares em outras partes do mundo.
Christkind com sua corruptela para o nome próprio Kris Kringle entrega presentes para as crianças na Suíça e Alemanha. Christkind significa “Christ Child” em inglês ou “Cristo Criança” e é uma figura tipo anjo que acompanha São Nicolau em sua missões de Natal. Por favor esqueça os filmes de Hollywood que dão o nome próprio de “Kris Kringle” ou “Mister Kringle”, ao Santa Claus quando ele se mistura com as pessoas normais!!!
Num filme lançado em 2002, “Meu Papai é Noel”, com Tim Allen, temos a maior pisada de bola de tradução da história do convívio do cinema americano com os péssimos tradutores para o português. Em um determinado momento, Santa Clause (como é chamado no filme) está ao lado de um de seus duendes, olhando de binóculo a chegada da Mamãe Noel. O duende fala: “Hei, it's miss Santa Clause”, o que significa apenas: “Ei, é a Mamãe Noel”, mas o tradutor sapecou: “Olhe! É a cláusula de Mamãe Noel”... Em inglês “clause” é realmente “cláusula”.
Na Escandinávia, um elfo mágico chamado Jultomten, entrega presentes num trenó puxado por bodes...
A lenda inglesa também fala que Father Christmas “Papai Christmas” visita cada casa na véspera do Natal.
Pêre Noel é o responsável pelos presentes na França.
Na lendas russas, existe uma velha, chamada Babouschka (significa vovó) que deu informações erradas para alguns sábios, que não conseguiram chegar a Belém e encontrar Jesus, quando ele nasceu. Depois, ela sentiu-se culpada mas não conseguiu achar os homens ou desfazer o engano. Neste dia, 5 de janeiro, ela visita as crianças russas deixando presentes perto de suas camas, na esperança de que alguma delas seja o bebê Jesus e que ela será perdoada.
Na Itália há outra lenda sobre uma mulher chamada La Befana (seria a epifânia), que voa numa vassoura e joga os presentes pelas chaminés para as crianças boas. Uma bruxa do bem.
O Natal como conhecemos hoje é uma invenção da era Vitoriana, ao redor 1860, tendo uns 150 anos de “tradição milenar”. É o feriado mais celebrado no mundo e o resultado da fusão de diferentes tradições de diferentes regiões, de culturas religiosas e seculares. Podemos encontrar fortíssima presença do Natal como elemento comercial e de tradição cultural mesmo em países não católicos como Taiwan, Coreia do Sul, sem religião como a China e muçulmanos orientais, como Filipinas, Malásia, Singapura, onde o Papai Noel convive com o Islã sunita oriental de Maomé sem nenhuma relação com festejos à Jesus.
A maior parte dos países da Escandinávia honra Santa Lúcia (St. Lucy) a cada ano no dia 13 de dezembro. A celebração do dia de Santa Lúcia começou na Suécia, mas se espalhou para a Dinamarca e Finlândia em meados do século XIX. Nestes países esta data marca o início do Natal, também referido como “pequeno Yule”. No Meio-Oeste americano, de colonização escandinava o Natal ainda pode ser encontrado como Yule, inclusive em publicidade.
Tradicionalmente, a filha mais velha de cada família, acorda mais cedo e vai acordar os outros membros da família, com um longo vestido branco com uma faixa vermelha e com um coroa com 9 velas acesas.
A iluminação de casas e ruas no Natal também vem dos países de inverno rigoroso para facilitar a visualização do caminhos durante os dias mais escuros e com menos visibilidade do ano, devido às nevascas, sendo uma de nossas asneiras culturais de verão no Brasil.
Em 1925, quando, cientificamente, se definiu que as renas não podiam viver no Polo Norte (onde estavam literariamente estabelecidas desde 1823), jornais americanos, revelaram que Santa Claus vivia, na realidade, na Lapônia, parte da Finlândia, onde não faltam renas.
Em 1927, num programa de rádio estatal finlandês, o locutor revelou que Santa Claus vivia na aldeia de Korvatunturi. Mas não existe tal aldeia. É apenas uma região ao nordeste da Finlândia onde o Papai Noel, sob o nome local de Joulupukki vive e tem sua oficina de brinquedos. As tradicionais cartas para Papai Noel, na Europa, são enviadas para o código postal 99999 Korvatunturi, apesar de serem levadas pelo correio para Vila de Papai Noel, a pequena cidade de Rovaniemi, 6 km abaixo do Círculo Polar Ártico.
Em 1931 a Coca-Cola usou Santa Claus (ao lado) em suas propagandas e o popularizou ainda mais nos desenhos do ilustrador
Haddom Sundblom que foram usados até 1964 e recentemente começaram a ser reeditados por falta de coisa melhor.
Há um mito de que os desenhos de Sundblom são auto-retratos: seria cara dele mesmo. Isso é baseado em fotos de Sundblom já idoso, mas ele era bem novo e magro quando começou a pintar as artes. Sundblom, é na verdade o Sprite (Espírito) que surgiu na propaganda da Coca-Cola em 1942. O conceito de Haddon e da Coca-Cola foi mostrar um Papai Noel "verdadeiro", o tal duende, e não um homem vestido de Papai Noel. Todos os seus trabalhos foram pintados a óleo, de 1931 a 1964. Eram telas em tamanho muito grande e hoje estão bem arquivadas. Os originais já foram expostos até no Louvre em Paris.
O modelo para as primeiras pinturas foi seu amigo Lou Prentiss, um vendedor aposentado. As crianças nas propagandas são baseadas em vizinhos do artista. Seu ultimo "santa" foi para a capa Playboy em 1972, muito diferente de seus outros trabalhos. O primeiro anúncio com Santa Claus específico da Coca-Cola é de 1930 (ao lado), e não foi pintado por Sunblom. Mas a Coca-Cola já possuía anúncios específicos de Natal desde 1904. Você pode ver mais de 130 deles neste link
http://jipemania.com/coke/natal/sococa/index.htm Outros artistas e outros produtos usavam Santa Claus nas suas propagandas muito antes da Coca-Cola. De 1931 a 1964 diversas empresas usaram a imagem de Santa Claus e não havia nenhum monopólio da Coca-Cola. Outros artistas fizeram desenhos até mais interessantes que os de Sundblom (abaixo) - (vários deles estão em nosso site http://jipemania.com/coke). Esta foto é de Haddon Sundblom quando ele era o super artista das pinturas publicitárias norte-americanas. Em minha opinição ele parece mais é com o Sprite.
Podemos achar horrível a ideia de um Papai Noel fumante, mas no conto original de Moore, ele fuma cachimbo. Muitos anúncios de Natal de cigarros trouxeram um Santa fumante. Só que também é um elfo pequeno, com um trenó em miniatura e mini-renas. Seu tamanho foi a solução de Moore para que ele entrasse pela chaminé.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Coca-Cola teve a sensibilidade de tirar a Santa Claus e substituí-lo pelos soldados em combate e os que retornavam para casa. Outras marcas não: o Santa continuou a divulgar produtos no Natal, mesmo com os homens americanos sendo trucidados mundo a fora.
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1943 Natal - propaganda da série militar da Segunda Guerra Mundial, leva à realidade dos soldados a fantasia do Natal |
Nas imagens do site, você poderá ver coisas horrorosas como Santa Claus fumando, anunciando até mesmo cigarros Camel e Luky Strike. Que presentão de Natal, hein? Câncer de pulmão, mas com sabor, baixos teores etc e tal...
Ao lado, policromia de 1919, anúncio de revista, da principal marca de cigarros "turcos" dos EUA.
Último “Santa Claus” de Hadon Sundblom, 4 anos ante de falecer aos 77 anos), para a capa da Playboy
A rena de nariz vermelho é a mais famosa de todas as renas e nasceu uns 100 anos depois das outras oito renas voadoras. Foi criação de
Robert L. May 1905-1976
(ao lado), que trabalhava na loja de departamentos Montgomery Ward. Os nomes corretos das outras você pode ver no texto original de 1822.
Em 1939 May escreveu uma história com o tema de Natal para atrair mais clientes para a loja. Ficando dentro do antigo tema de Moore, ele escreveu “Twas the Night Before Christmas”, onde contava a história de Rudolf, uma jovem rena que tinha sido desprezada pelas outras devido ao seu grande nariz vermelho. Foi 117 anos depois do poema de Moore. Ou seja Rudolf é o patinho feio das renas.
Mas quando houve nevoeiro na noite de Natal e Santa Claus não conseguia ir a lugar nenhum, Rudolf liderou as outras oito renas, iluminando o caminho com seu nariz vermelho e luminoso.
Em 1939, a Montgomery Ward vendeu 2,5 milhões de cópias dessa história. Quando foi reeditado em 1946, vendeu outros 3,5 milhões de exemplares. Texto, de fato vencedor no imaginário das crianças.
Em 1949, Jonhy Marks escreveu uma música sobre a história que foi gravada por Gene Autry e vendeu, imediatamente 2 milhões de discos. Desde então, a história já foi traduzida para 25 línguas e filmada para a TV em 1964, é passada quase todo o ano até hoje.
Como tudo sobre o Natal há várias versões que apontam para o mesmo lugar na Itália. Na primeira delas, que nos parece a errada, Ughetto Degli Atellani, um falcoeiro milanês de origem nobre, se apaixonou por Adalgisa, filha de um modesto padeiro chamado Toni. Para conquistar o coração da amada, o cavalheiro fingiu ser confeiteiro e inventou um pão delicioso, acrescentando à farinha e à levedura, manteiga, ovos, uvas passas e cascas de laranja e limão confeitadas. O duque de Milão, Ludovico Il Moro Sforza (1452-1508) autorizou o casamento, que foi celebrado na presença de Leonardo da Vinci e estimulou a fabricação do novo pão, o qual todos chamavam de "pane di Toni".
Na segunda versão o cozinheiro do Duque de Sforza teria tido problemas com a sobremesa de Natal e serviu um pão doce com recheio de frutas preparado por um de seus ajudantes de cozinha chamado Toni. O cozinheiro teria batizado o pão com o nome do ajudante.
A terceira versão parece a mais correta e vem da mesma época, quando as famílias italianas preparavam um pão especial para o Natal, um pão de luxo que no dialeto milanês se chamava “pane de ton”. Mas o que conhecemos hoje surgiu em 1919, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, pelas mãos do confeiteiro, também milanês, Angelo Motta, até hoje uma das marcas mais conhecidas na Itália.
Ele alterou a receita da massa e deu a forma tradicional de cúpula. Para isso a massa deve ficar em repouso durante 20 horas antes de ir ao forno e ganhar sua consistência macia e aerada.
A árvore de Natal
Ao longo dos tempos, árvores e plantas que ficavam verdes durante todo o ano tinham um significado especial nas mais diversas culturas. Se usava estas árvores em comemorações com a intenção de afastar maus-espíritos, bruxas, fantasmas e doenças. Os vikings, que deram origem aos escandinavos colonizadores do Meio-Oeste americano, achavam que tais árvores eram uma planta especial do deus Sol.
Sabe-se que por sua possibilidade estética e disponibilidade, os pinheiros eram preferidos como árvores sempre-verdes. No século 16, cristãos começaram a decorar seus pinheiros. Mas não era apenas uma árvore. Também eram feitas pirâmides de pinheiros nas praças. Acredita-se que Martinho Lutero tenha sido o primeiro a colocar velas nos pinheiros.
No século 19 os americanos não usavam árvores de Natal. A primeira colocação pública foi numa loja de imigrantes alemães nos anos 1830, na Pensilvânia. Nas casas dos imigrantes alemães era uma tradição mantida. O puritanismo retornado aos EUA como vimos mais acima, passou a considerar as árvores como símbolos pagãos e as baniu no final dos anos 1840.
Em 1846 na Inglaterra, a Rainha Victória e seu marido alemão, o Principe Albert, posaram com seus filhos e uma árvore de Natal para uma edição de jornal Illustrated London News (ao lado). A foto original se perdeu, e foi publicada com o litografia, circulando o mundo e lançando uma moda de imitar a realeza. Note que ela tem a configuração básica reconhecida até os dias de hoje e é uma tradição bem anterior à do Papai Noel.
No início do século XX as pessoas faziam suas próprias decorações das árvores. Um dos elementos muito utilizados era pipoca pintada nas mais diversas cores. Com o advento da eletricidade residencial, logo chegaram as iluminações de Natal. Colocar velas numa árvore dentro de casa era convite para um incêndio.
A existência de um presépio, remete diretamente ao catolicismo ou cristianismo com o nascimento de Jesus. Sem o presépio está mais para festa contemporânea cultural e comercial.
A FÁBRICA DE BRINQUEDOS
Este é talvez o ponto mais horripilante das estórias de Natal. Pelas datas, qualquer um pode ver que o Natal contemporâneo surgiu e cresceu par e passo com a Revolução Industrial. Hoje, ninguém se preocupa em entender como foi a transição do artesanato e da economia rural de pequenas propriedades para a urbanização, para o trabalhador em fábrica e todas as novas profissões criadas e também o acesso a educação formal.
Estabelecidas as fábricas os primeiros empresários e capitalistas operavam em uma base sem qualquer legislação. Atualmente, só se trabalha doze horas por dia, seis dias por semana, na China, mas isto era o habitual em todo o mundo. E estes empresários, junto com educadores, criaram escolas para formar mão-de-obra especializada, introduzindo nestas escolas o "apito da fábrica", a campainha que indicava a troca de turnos, a troca de processos de fabricação, as refeições, o descanso e a volta ao trabalho. As escolas adotaram as campainhas para treinar e acostumar os futuros empregados das fábricas a se condicionarem pelo seu toque. Infelizmente, os educadores contemporâneos não compreendem esta bizarrice e mantém as campainhas nas escolas até hoje.
A fábrica de brinquedos foi outro elemento introduzido neste processo. Ela deveria incutir nas crianças que trabalhar incansavelmente numa linha de fabricação, sempre sorrindo, e preferencialmente sem salários (pois os duendes não recebem compensação financeira) era o ideal. Assim, quando fossem empregados adultos imaginariam que os baixos salários e horas infindáveis era com o estar num Conto de Natal. Ainda bem que isso não funcionou.
A fábrica foi criada pelo cartunista Thomas Nast, como indicado acima, em sua publicação "Santa Claus and His Works" de 1886.
TRENÓ NO RADAR
NORAD, o North American Aerospace Defense Command (O Comando de Defesa Aeroespacial Norte Americano) decidiu legitimar o Papai Noel. Mas não foi recentemente. A primeira publicação foi em dezembro de 1948. No dia 24 de dezembro, a Força Aérea Norte-Americana emitiu o seguinte comunicado oficial, divulgado para todo o mundo pela agência AP (Associated Press): "O sistema de alerta antecipado de radar do Norte, detectou um trenó não identificado, movido por oito renas, a 14.000 pés (4.300 metros de altitude), rumo 180 graus (para o Sul)." Desde então isso se tornou uma nova tradição para a Força Aérea dos EUA.
PANDEMIA DE COVID-19
No dia 23 de dezembro de 2020, alguém na OMS, Organização Mundial de Saúde teve uma ideia vencedora. A OMS divulgou uma nota oficial, tendo como público alvo as crianças de todo o mundo, afirmando que Papai Noel é imune ao coronavírus e por isso nenhuma criança precisa se preocupar imaginando que Papai Noel não irá a casa dela devido a lock down e afastamento social. Ideia simples, gratuita e muito eficiente.
Importância no Brasil
Não vamos abordar ainda em profundidade o Natal no Brasil. O Brasil é a maior nação católica. O Natal é mais importante aqui. Vamos deixar só um gostinho. Tenha a certeza de que o Natal estava nos jornais e na casa das pessoas, completo. Veja este anúncio da Casa Barbosa Freitas, mas perceba que ele é para o Natal de 1900 !!! No dia 23 de dezembro na Gazeta de Notícias. Dois dias apenas para queimar o estoque!
Se você quiser usar este texto num trabalho de escola ou de faculdade, não precisa pedir autorização. Apenas cite corretamente o autor e informe pelo email roitberg@gmail.com para que eu tenha uma ideia de quantas pessoas usaram esse material.
Um leitor me chamou a atenção sobre o inglês difícil do poema do século XIX e é mesmo. Várias palavras sequer constam dos dicionários atuais e possuem outro sentido. Para ler o poema é preciso de um dicionário, portanto, há uma tradução livre na próxima página. A primeira palavra “twas” é uma contração de “that was” - “Era a noite antes do Natal”