Se você mora no Rio de Janeiro, percebeu que os preços nos supermercados aumentaram na última semana e os preços de salgados e refrigerantes tiveram uma raquetada para cima de cerca de 12%, inexplicavelmente na terceira semana de maio totalmente fora da estabilidade que costuma existir entre fevereiro e novembro.
Temos coisas como um "joelho" em Copacabana custar 3,90 ou um kibe ou esfiha nas tradicionais lojas árabes do Largo do Machado estarem a absurdos 4 reais cada: 1 kibe + 1 esfiha + 1 lata de Coca = R$ 12,00. Por este valor se como refeições comerciais completas em vários pontos da cidade.
No caso, a lata de refrigerante a 4 reais está sendo vendida com uma margem injustificada de uns 240% (duzentos e quarenta mesmo). Note que há hotéis e restaurantes que cobram por uma lata, 5 ou 6 reais ou mais, desde meados do ano passado! Faça a conta: 2 dólares uma lata de refrigerante. Segundo a revista Business Week, a lata de Coca-Cola custa 1 dólar em Nova Iorque, 62 centavos de dólar em Buenos Aires, 77 centavos em Londres, 44 centavos em Xangai e 1,44 dólares em Moscou. Portanto, estamos vendo uma margem completamente abusiva no Rio de Janeiro.
Ontem a noite eu entendi essa onda de aumentos - preços que permanecerão neste patamar, dando um vislumbre do que teremos em nossa cidade na Copa e nas Olimpíadas, apesar no número de pessoas que virão à cidade nos eventos esportivos ser uma fração em relação aos jovens peregrinos, mas o poder aquisitivo será imensamente maior.
Acontece que o sindicato do setor de venda de produtos alimentícios está visitando e alertando todos os comércios do setor de alimentação para o fato de que os peregrinos católicos, que começarão a chegar à cidade receberão, cada um, dois vales refeição de 15 reais por dia. Estão instando o comércio a preparar pratos e combos de até 15 reais, ou de preferência neste valor exato, para alimentar cerca 2 milhões de pessoas por dia.
E o que péssimo comerciante faz? Fica ganancioso. Descobre que haverá uma injeção OBRIGATÓRIA de pelo menos uns 60 milhões de reais por dia no setor de alimentação do Rio de Janeiro, enquanto durar o Encontro Mundial da Juventude Católica. Ao invés e criar os tais combos, desalinha e aumenta seus preços individuais para o valor do vale. Veremos mais aumentos. A demanda é certa, este volume enorme de dinheiro vai circular no setor e NÃO IMPORTA quais preços serão praticados: os 2 milhões de pessoas irão comer.
Só que eu e você não recebemos tickets do Estado ou da Santa Sé e estamos sujeitos a este mesmo abuso do setor de alimentação. O fé dos outros vai nos dar indigestão.
José Roitberg - jornalista