Considerações sobre História do Rio de Janeiro e dos Judeus no Rio de Janeiro, edição em vídeo, informática, fotografia e outras tralhas
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Sociedade Beneficente Israelita Achi Hezer - 1913
O RIO JUDEU QUE O POVO ESQUECEU
19 de setembro de 1913 - Fundada a Sociedade Beneficente Achi Hezer, na rua Visconde de Itaúna 113 (praça Onze) com biblioteca e teatro amador. Foi a primeira grande entidade local de amparo aos imigrantes.
Achi Ezer, em hebraico, significa "Ajuda ao Meu Irmão". Há várias instituições judaicas com este nome, ainda hoje em diversos países.
Em 1920 se tornou a Sociedade Beneficente Israelita e Amparo aos Imigrantes - Relief, provavelmente no mesmo endereço na praça Onze. Esta é bem mais conhecida. No final dos anos 1920 se mudou para São Cristóvão 189 (este número nunca existiu - arrisco-me a dizer que foi no 59), depois rua Joaquim Palhares, onde funcionava também um curso de português para os imigrantes.
Há pouca informação sobre ela e os historiadores contemporâneos a denominaram incorretamente de "Achiezer" como se fosse o nome de alguém. A data de fundação com a qual se vinha trabalhando até hoje era 1916, e também estava errada. O Diploma não preenchido quer era o título de sócio da Achi Hezer, coloca a história em seu devido lugar.
E como sempre, apenas esbarrei nele procurando outra coisa.
Será que alguém consegue encontrar outros diplomas destes nas coisas dos avós ou bisavós? Em 1913 havia entre 3 a 4 mil judeus no RJ, então o grupo que se associou deve ter sido bem restrito.
© 2014 - José Roitberg - jornalista e historiador
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
O homicídio do rapaz negro e gay
O homicídio do rapaz negro e gay em SP parece estar sendo comprado. Surgiu um diário do garoto de onde a mãe, negra e pobre, afirma que ele queria se matar. Não há como entrar nesta seara do crime hediondo de uma forma moderna.
Nem o Walcyr, o Carrasco, usou como personagem: gay arranca todos os seus dentes, se espanca e depois se mata. Vou de Nelson, o Rodrigues ao qual mando um beijo além túmulo e sei que ele vai cuspir de volta...
"A VIDA COMO ELA NÃO É
por José Roitberg.
Rapaz pobre. Achava que era bonito. Imaginava que o amariam. Coisa de juventude, alçar voos e imaginar que há futuro. A realidade é dura. Falta comida, falta dinheiro. Aquela roupa não dá. Aquele tênis não dá. Usa é a calça velha, o calçado puído. A cueca, pelo menos, lavada pela mãe.
E levado pela onda, levado pelo consumo o rapaz pobre fica deprimido. Sem as coisas que o dinheiro compra, nem o amor chega de graça. E quando chega é desgraçado. Vem de supetão. Vai de repente. Fica o garoto pobre. Fica a depressão.
As letras sempre foram gratuitas e seu terrível diário mostra quem é. Belo dia acorda após jornada de labuta e percebe que de bela nem a vida nem ele. Tomado de uma verdade devastadora olha-se no espelho e desfere o primeiro soco. Dói, mas não pia. O lábio sangra, mas se cala. Mais um soco. Outro soco. Dentes começam a cair. É tão fácil. Como ninguém fez isso antes. 'Sou feio.' E porrada. 'Sou feio.' E porrada. Vão-se os dentes fica a mente, fica o corpo magro que era feio e agora é desfigurado. O corpo precisa ficar igual ao rosto. E soco, soco, canelada na porta, joelhada na mesa.
Ninguém ouve. E se houve alguém, ninguém ligou. São os ruídos da vida em comunidade. Soco, canelada, chute. Não há mais rosto, não há mais corpo. Só há vida, mas nada vale. Então correr. Passa veloz pela mãe que vê a novela de Carrasco. Quase derruba a porta, mas não importa.
Ganha a rua e corre, corre, corre. Ninguém liga. Ninguém olha. Mais um garoto negro machucado correndo. Deve ser drogado. Deve ter apanhado do traficante. No fim ninguém dá a mínima como ninguém deu no começo. E corre, corre, corre. Chega a um viaduto. É noite. Luzes brancas, luzes vermelhas, pele negra, sangue vermelho, dor. 'Chega!'
E flutua. Vê os carros passando por baixo. Visão poética. Ninguém jamais viu. Só ele viu. Pensa na mãe. Pensa no amor. Pensa no gozo. Um estalo. Não entende o que aconteceu. Não pensa mais em nada."
domingo, 5 de janeiro de 2014
Osborne 1 o Pai dos Notebooks
Você já existia em 1981? Os microcomputadores já. Um dos mais impressionantes da época era o Osborne, portátil. Bastava fechar a tampa onde ficava o teclado e arrasta-lo para cima e para baixo. No centro do painel vemos uma tela de fósforo verde com 3 polegadas o que era similar ao HP da época. De cada lado, aquelas gavetas estranhas são duas unidades de disco flexível de 5 1/2 polegadas. Há várias grades de ventilação e conectores frontais para geek de 1981 ligar seus periféricos. Os conectores, são de padrões a muito falecidos: IEE 484 e RS-232C.
Os discos ainda eram de face simples e podiam armazenar 100 kb cada um. Não havia fisco rígido. A memória RAM era de espantosos 64 kb, o máximo para a época. Havia computadores IBM de médio porte que usavam unidades de memória de 4 kb do tamanho de uma geladeira atual - ainda ficariam anos em uso -, então 64 kb ali dentro era espantoso. A CPU era a famosa e esquecia Z80A, que 10 anos depois serviria apenas como controladora do teclado do PC da IBM.
O software era completo. Havia CP/M, sistema operacional e CBASIC-2 para programação; Mailmarge para montar e ordenar malas diretas; Supercalc, que nã é tão diferente assim do atual Excel (sua evolução) e Wordstar, um processador de textos espetacular, que ainda usamos, evoluído, como Word. Nenhum destes softwares eram da Microsoft. Essa máquina foi o sonho de consumo de milhões de pessoas que queriam um computador. Mas 1.795 dólares em 1981, dava para comprar carro zero nos EUA, um Maverick por exemplo.
Note como a indústria dos "notebooks", dos quais este foi o primeiro operacional, apesar de estar mais para um "filebook", estabeleceu um preço mágico que se mantém para as máquinas topo de linha, que são sempre lançadas pouco abaixo dos 2.000 dólares, não interessa o que venha dentro. É o que as pessoas estão satisfeitas em pagar.
Anúncio de lançamento do Osborne em 18 de maio de 1981
Mas eu não estou trazendo isso, só porque o anúncio é velho. Ocorre que é mais um avanço que os judeus deram ao mundo. Arthur Osborne (1939-2003) não era judeu e vendeu sua editora para a McGraw-Hill, em 1979, decidido a criar um computador barato e portátil, coisa que não existia e que continuaria não existindo por muitos anos depois do lançamento o Osborne 1. Contratou Lee Felsenstein (nascido em 1945), este sim o judeu dessa estória, que projetou a máquina. O pacote completo foi desenhado para caber debaixo de uma poltrona de avião.
Nos primeiros 8 meses, foram vendidas 11.000 unidades, o que rendeu a MicroPro International, a empresa que criou o Wordstar, 50.600 dólares (4.60 por cópia). Mais 50.000 máquinas foram encomendadas e tinham uma taxa de falha e não funcionamento elevada, de 10 a 15%, exigindo a troca, que era feita.
Durante meses a venda se manteve na faixa das 10.000 unidades por mês e a Osborne rapidamente passou de seus originais 2 funcionários, para 3.000, com um faturamento de 73 milhões de dólares nos primeiros 12 meses.
Em 1982, o Osborne 1 passou a rodar o banco de dados dBase II, hoje o Access e as vendas explodiram exigindo a produção de 500 unidades dia, o controle de qualidade diminuiu. E é exatamente quando a IBM entra no mercado com o PC que era mais veloz e mais avançado, mas não era portátil. A Compaq surge com um portátil totalmente compatível com o IBM PC.
Os estoques começaram a acumular e o preço caiu 500 dólares no final de 1982 e despencou para 995 dólares em julho de 1983, apenas dois anos após o lançamento. E a empresa faliu. Foi o primeiro grande aviso de que as coisas são velozes demais para cima e para baixo no mercado da microinformática pessoal e que não é possível criar um computador e passar a vende-lo indefinidamente. Ele tem que evoluir o tempo todo.
A micro informática tem história. Lee Felsenstein já tinha projetado e construído outro computador antes do Osborne e continuou na ativa. Em 2003, desenvolveu sistemas de telecomunicações para levar celulares e internet para aldeias remotos pelo mundo a fora, foi nomeado "Pioneer of the Electronic Frontier".
© José Roitberg 2014 - jornalista e historiador
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Cerveja Way Cream Porter ???
Vc passou num supermercado hoje, dia 3 de janeiro em Copacabana? Viu os espaços vazios? Sem sorvetes, sem refrigerantes em lata que não fossem zero, sem qualquer garrafa d'água, faltando iogurtes, sem sucos, poucos leites...
Parece que uma horda de gafanhotos passou por Copacabana e os mercados se programaram mal. Tivessem dobro de estoque, talvez tivessem tido o dobro de vendas. As cervejas baratas também deixaram de existir e essa aqui me chamou a atenção.
Way, vê se isso é nome de cerveja, ainda mais se definindo com "cream porter"... Rotulo pintado em silkscreen...
Atrás, uma explicação dizendo que é preta, cremosa, encorpada com aveia, como as cervejas do século 18 feitas para serem levadas em viagens e expedições.
Com uma propaganda destas, merece ser comprada. E é uma cream porter adocicada perfeita que deixa a superprecificada Guiness irlandesa no chinelo.
Como qualquer cream porter, precisa estar bem gelada e servida em copo para a espuma cremosa subir. No copo é perfeita, do gargalo não vale um tostão furado.
Se vc gosta das pretinhas arrisque This Way e confie nos cervejeiros da Chácara Atubá em Pinhais, SC. Eles sabem o que estão fazendo. Vou tomar a segunda.
http://www.waybeer.com.br/qual-a-sua-way/
© José Roitberg - jornalista e historiador