Calma! Não é um novo filme em resposta ao bizarro Abraham Lincoln Caçador de Vampiros... É a vida real do recém falecido Sir Christopher Frank Carandini Lee. Vamos deixar para lá seu pior papel nominado como conde Dooku, grande aliado de Sifo Dias em Starwars... E vamos nos concentrar no que ele fez na vida real.
Nascido em Londres, em maio de 1922, filho de um tenente-coronel do exército britânico, que combateu na WW1 e na Guerra dos Boers, Lee não foi criado pelo pai, que se separou de sua mãe quando ele tinha apenas 4 anos de idade. Mas ao iniciar a Segunda Guerra Mundial Lee se voluntariou para combater os soviéticos, em 1939, então aliados dos nazistas, que haviam invadido a Finlândia. Tinha 17 anos. O batalhão inglês desta fase pouco divulgada da WW2 não entrou em combate. O governo finlandês optou por colocar aqueles soldados nas posições de guarda e segurança na retaguarda, liberando soldados do país para o combate. Aliás, a Finlândia venceu os soviéticos.
Em 1941 se alistou na RAF - Real Força Aérea, recebendo treinamento de piloto. Em sua última aula antes do voo solo, passou mal, com dores de cabeça e visão borrada e foi diagnosticado com falha no nervo ótico, sendo proibido de voar novamente. Passou então por vários postos em terra na RAF até decidir alistar-se no serviço de inteligência. Sua decisão foi deplorada por seus superiores que o transferiram para o serviço de carcereiro na prisão de Salisbury. Alguns meses depois desta punição, foi enviado para África do Sul e depois para Suez, no Egito, onde passou a trabalhar como oficial de inteligência aérea. Foi comissionado como oficial piloto e designado como oficial de inteligência para o Esquadrão 260 da RAF, participando da campanha contra o Afrika Corps nazista do general Romell. Durante o auge desta campanha, o 260 executava cinco missões por dia. Terminada a campanha africana, o 260 participou da invasão da Sicília.
Depois da Sicília veio a Itália. Lee foi transferido para a Oitava Divisão de Infantaria Indiana, os Gurkas, com os quais participou da batalha para a tomada de Monte Cassino como oficial de ligação com a força aérea. Em 1944, estava presente na libertação de Roma, onde foi tirada a foto que acompanha esta matéria. Foi promovido então, a tenente e enviado para o Quartel General da Força Aérea, participando lá do restante da guerra. Lee dominava fluentemente o francês e o alemão. Quando a guerra terminou, foi transferido para o Registro Central de Criminosos de Guerra com a função de localizar criminosos de guerra nazistas. Em sua biografia ele nos conta:
"Nos deram dossiês do que eles fizeram e nos mandaram encontrá-los, interrogá-los o quanto fosse possível e depois entregá-los às autoridades competentes... Nós vimos aqueles campos de concentração. Alguns tinham sido limpos e arrumados. Outros não." Deu baixa na RAF apenas em 1946 com a patente de tenente aviador.
O grande personagem Drácula, viria apenas em 1958. Foi uma escolha estranha, pois um ano antes Christopher Lee tinha se lançado no cinema como o monstro Frankenstein, com seu parceiro de vários filmes, Peter Cushing, como o barão.
© 2015 José Roitberg - jornalista e pesquisador