Por José Roitberg
De ontem para hoje minha opinião mudou. Passei a compreender parte do repúdio dos antivaxers, aqueles que se recusam a tomar vacinas e permitir que seus filhos tomem vacinas, mesmo quando a lei assim o determina (caso recente de Nova Iorque em relação ao sarampo etc).
Além das pessoas que repudiam a colocação de 'vírus' dentro de seus corpos, pelo Estado, existem as que atribuem doenças e curas exclusivamente a Deus, as que não acreditam existirem as doenças que nunca viveram ou tiveram. Mas existe um quarto grupo, que cada um de nós vê crescer a cada hora.
São as pessoas que não confiam na origem da vacina. Temos motivos lógicos para não confiar numa vacina oriunda de um país onde a doença se originou e com todas aquelas questões verdadeiras, hoje determinadas como chinofobia, ocorridas entre novembro de 2019 e hoje? Sim. Há motivos lógicos.
Vou enumerar apenas um e deixar de fora a questão de um país "Y" desenvolver uma doença e a vacina para ela. Talvez nunca se saiba se é verdade ou ou mitologia. O momento que vou definir é quando a China anunciou publicamente nos jornais do mundo inteiro, após o término da primeira fase de testes da vacina Coronovac, da empresa Sinovac, que iria aplicá-la em massa no seu próprio exército.
Depois da notícia, já se passaram meses e absolutamente nenhum dado foi divulgado. Não sabemos se essa vacinação dos militares aconteceu e qual foi o resultado dela. Pela lógica, se tivesse sido bom, teria sido divulgado como uma grande vitória tecnológica chinesa. Só que ninguém falou mas nada sobre isso. Assunto varrido para debaixo dos Himalaias.
E este é outra questão de crer ou não crer num medicamento desenvolvido na China que nem sabemos se está ou não sendo aplicado na China: há um controle completo da informação por lá.
Nada se sabe que o governo chinês não permita. Então, o mundo não imagina o que de fato ocorre em território chinês enquanto toda economia mundial vai por água abaixo e a chinesa cresce 4,9%, como se a doença originada lá, não afetasse 1,5 bilhões de habitantes e sua gigantesca economia. Apenas isso, seria motivo para desconfiar de um líquido translúcido a ser injetado em seu corpo.
E assim funciona parte das cabeças dos antivaxers. Se consideramos muito lógico não acreditar em vacina chinesa, como já nos revoltamos antes contra uma vacina cubana no governo Lula, devemos aceitar que outras pessoas também não confiem em vacinas de outras origens, as quais nós aceitaríamos e aceitamos porque foram inseridas em nossos corpos.
Por outro lado, tecnicamente a CoronoVac tem o formato mais seguro para vacinas, pois usa o vírus inativado. Ou seja, ninguém poderá pegar covid-19 com uma vacina de vírus inativado. Neste tipo de vacina o sistema imunológico do corpo cria anticorpos para o que parece ser o vírus completo, mas não é. Fala-se que se a vacina tiver 50% de eficiência na cobertura, neste momento de emergência mundial, vai estar ótimo.
Tomamos vacinas de H1N1 todos os anos sem pestanejar. Com o covid-19 a tendência é acontecer o mesmo. E as de H1N1 não são de vírus inativado e sem de vírus atenuado. Aquelas pessoas que relatam ter tido uma gripe após tomar a vacina, tiveram mesmo H1N1 de forma branda. A vacina de vírus atenuado informa ao sistema imunológico como o vírus de fato é e o corpo cria os anticorpos específicos.
Você sabe a origem de cada vacina que tomou?
VACINAS QUE MUDAM NOSSO DNA
Cá para nós, eu prefiro confiar mais numa vacina de vírus inativado que numa vacina de recombinante de DNA, como a de Oxford. ou de alteração de DNA como a da Pfizer.
Desde 2012 o pessoal que desenvolve a Oxford vem tentando usar um adenovírus de chimpanzé (vírus de resfriado de macaco, em bom inglês), para introduzir nas células do corpo humano o DNA do vírus MERS, um coronavírus surgido no Oriente Médio. Não conseguiram ao longo de oito anos e foi o ponto de partida para introduzir o DNA do NÃO DO vírus covid-19 em nossas células, mas apenas o DNA de uma proteína única do covid-19. Ou seja, é impossível pegar covid-19 desta vacina.
Imunologistas e cientistas já afirmaram que a forma mais simples de entender o princípio do DNA recombinante é imaginar que a vacina entrega um telegrama ao nosso corpo sinalizando o que os anticorpos deverão identificar. E os anticorpos teleguiados para aquela proteína, parte do covid-19 são gerados. Tentei explicar da forma mais simplista possível.
O sitema de Oxford faz com que nosso corpo identifique o tal do vírus do macaco contendo a proteína SPIKE, que não nos afeta. Não há mudança em nosso DNA.
Já a da Pfizer e o da Moderna injetam nossas células com DNA para fazer com que nossas células produzam a proteína SPIKE e isso gera também a resposta imunológica.
Mas, os imunologistas e cientistas alertam: o treco muda nosso DNA. Você deveria se perguntar: mas quais células de nosso corpo serão injetadas com DNA pela vacina? Sei lá. Juro que pesquisei antes de escrever e não encontrei esta resposta que seria a principal.
Portanto os cientistas, pelo menos alguns mais preocupados, dizem que não se pode determinar o que esta recombinação de DNA acarretará a médio e longo prazo. E pior que isso. Os cientistas mais alarmistas, que não se empolgam, alertam: quais outros telegramas uma vacina de DNA recombinante poderão estar entregando ao nosso corpo. Se eu fosse mais fã do Arquivo X, poderia dizer que a tal "conspiração do híbrido humano alienígena", mas isso é só piada, neste momento.
Por outro lado, por mais catastrófica que esta abordagem possa parecer, é preciso acreditar que tal vacina vai enviar só o telegrama para o qual estaremos pagando. O bojo da ciência declara que DNA recombinante é a receita para as vacinas do futuro e esta será a primeira.
Não importa qual das 110 candidatas à vacina para covid-19 você e eu tomemos: ela será emergencial e sem ter passado pelos anos necessários de testes.
REVOLTA DA VACINA 2.21
A varíola, erradicada, foi o maior carrasco da humanidade. Tem gente que nem acredita que essa doença exisitiu. |
Não aceitar a vacina por que vem dos país Y e não do Z, ou porque o político do qual eu não gosto diz que ela é boa ou porque é uma tecnologia nova e radical é retomarmos a lógica da população durante a Revolta da Vacina.
O governador Dória, de SP, declarou em todas a mídias que a vacina chinesa seria obrigatória aos 44 milhões de habitantes do estado e medidas jurídicas e legais seriam adotadas para impor esta vacinação. Dória não conhece história. Foi exatamente a boa motivação do governo brasileiro, em 1904, que baixou um decreto tornando a vacina da varíola obrigatória para toda a população da capital brasileira, a cidade do Rio de Janeiro, cuja população era cerca de um milhão de habitantes.
"O estopim da revolta foi a publicação de um projeto de regulamentação da aplicação da vacina obrigatória no jornal A Notícia, em 9 de janeiro de 1904. O projeto exigia comprovantes de vacinação para a realização de matrículas nas escolas, para obtenção de empregos, viagens, hospedagens e casamentos.
Previa-se também o pagamento de multas para quem resistisse à vacinação." Ou seja, as tais medidas jurídicas possíveis.
Foram seis dias de confrontos nas ruas entre 10 e 16 de novembro, com a tentativa de um golpe militar para derrubar o governo, deixando 30 mortos, 945 presos e e 461 cidadãos do Rio de Janeiro degredados para o Acre, lá longe.
"No início da década de 1900, o Rio de Janeiro era um foco endêmico de diversas doenças, entre elas, febre amarela, febre tifóide, impaludismo, varíola, peste bubônica e tuberculose. Destas, a febre amarela e a varíola causavam o maior número de vítimas na capital. As tripulações e passageiros que chegavam ao porto muitas vezes sequer desciam dos navios para não contrair tais doenças."
"Em primeiro lugar, Oswaldo Cruz enfrentou a febre amarela, atacando a doença através da eliminação dos mosquitos e pelo isolamento dos doentes em hospitais.[22] Estruturou sua campanha em bases militares, utilizando os instrumentos legais de coação e, em menor medida, meios de persuasão."
Não havia seringas hipodérmicas. Elas foram inventadas pelas Alemanha na Primeira Guerra Mundial. A aplicação do soro de varíola (vírus atenuado) era feito dando cortes com cacos de vidro no braço das pessoas e pingando o soro sobre os ferimentos. Muitos de nós, mais velhos possuímos cicatrizes de vacinação de varíola dos anos 1940 a 1970, feita também com instrumentos metálicos criados para realizar os cortes.
Alguns historiadores afirmam que a vacina de varíola foi apenas um estopim pelo descontentamento da população que já não vinha aceitando o saneamento da cidade nem as reformas "bota abaixo" do prefeito Pereira Passos.
O que é mais assustador para uma população: um governo querendo cortar seu braço e pingar algo no ferimento, ou DNA recombinante? Ambos eram e são tecnologias corretas, adequadas ao seu tempo histórico. Na foto deste post, varíola, para os antivaxers que acham que ela nunca existiu. Foi o vírus mais assassino da história da humanidade.
O que é mais assustador, são setores da mídia criticarem o presidente Bolsonaro quando ele, corretamente, afirma que nenhuma vacina será obrigatória.
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