http://www.cesar.org.br/node/332
Esse material indicado de apenas 16 páginas é excelente e fundamental para o entendimento da TV Digital. É a melhor explicação simples abrangendo todos os aspectos que já vi. Parabéns ao autor se estiver nos lendo.
É importante entendermos o funcionamento deste novo modelo que será imposto ao longo dos próximos anos porque ele permite a convergência de conteúdos da web para TV e da TV para a web, celulares, PDAs e MP4 players de uma forma mais eficiente que os anteriores. Uma das maiores vantagens é que, certamente, o software nos aparelhos de TV e set-up-boxes deverá poder ser atualizado pelo provedor de serviços, permitindo um avanço tecnológico constante na interatividade. Mas será que passaremos a ter vírus de TV Digital?
Fico imaginando qual será a dificuldade técnica para alguém mal intencionado se misturar ao sinal de TV Digital Aberta e mandar vírus ou spam quem sabe. Até hoje não vi discussão sobre isso.
Mas... Como trabalho com TV, existe ainda um gargalo terrível
No lado da produção, estamos absurdamente atrasados. Há redes de TV como a Band e CNT, que em praças fundamentais como o RJ começaram a implantar edição não linear apenas neste ano. Imaginem no interior... Como passar de uma mentalidade de edição de TV linear com aqueles pré-históricos gravadores de fita Beta para transmissão com codecs MPEG4?
Quem não trabalha com TV não conhece estas coisas. Há um grande número de produtoras independentes que além de programas próprios, são contratadas para fornecer conteúdo, principalmente nos sitemas a cabo que estão se digitalizando rapidamente. As produtoras estão sempre no topo do avanço tecnológico, usando computadores quadra-core, memórias DDR2 800 ou já as DDR3, HDs de 1 terabyte. Programas de edição fantásticos sendo o AVID a base mais instalada nas produtoras, enquanto as TVs usam a droga do Adobe Premiere que é ligeiramente mais barato. Mas toda essa tecnologia digital de produção tem que ser gravada numa imensa fita cassete do sistema BETA. Poucas tvs aceitam conteúdo em Betacam Digital e falar de DV, DVcam e MiniDV nas redes é falar do reino perdido de Atlântida, apesar dessas fitas serem muito pequenas, completamente digitais com qualidade de imagem superior ao sistema BETA.
Hoje em dia grava-se em MiniDV ou DV, passa-se a fita para edição não linear, grava-se o resultado em BETA, que é entregue a rede de TV. Em seguida, a rede de TV digitaliza o conteúdo da BETA para seus servidores e o programa vai ao ar direto do HD do servidor com softwares de controle muito interessantes. Em canais mais caídos ou com menos poder aquisitivo, ainda temos operadores enfiando fitas BETA em gravadores para mandar programa para o ar.
Mas onde eu quero chegar: uma hora de TV, só para fazer o percurso miniDV -> ilha -> BETA -> HD do servidor do canal, leva 3 horas - uma hora para cada hora de programa com a fita rodando. Essa mesma uma hora, num arquivo AVI digital em qualidade de TV é um arquivo que hoje chega a ser ridículo, com apenas 8 gigabytes. Dá para levar num pen-drive e essas 3 horas mortas seriam convertidas apenas no tempo de cópia de arquivo em USB 2.0 fast, o que dá mais ou menos uns 15 minutos por hora de programa. Mas nenhuma rede de TV sequer imagina em implantar essas coisas e ganhar esse tempo. Se falarmos então em HDs portáteis firewire, esses 8 gigas vão passando para o servidor a 700mbits por segundo: tempo ridículo.
No fim das contas o que se prevê, é que toda essa cadeia de produção envolvendo uma misturada danada de gravações em fitas digitais e analógicas com várias digitalizações e conversões pelo caminho sejam mantidas e apenas a saída do sistema de transmissão é que converta o sinal através do codec MPEG4, que será decodificado em sua TV ou em seu set-up-box, que você será obrigado a comprar. Não parece existir uma proposta concreta para ele ser gratuito como na NET e SKY.
Para se ter uma idéia exata do que isso representa, basta saber que os 8 gigas de uma hora de TV atual, no codec MPEG4 padrão que já está em uso nas TVs a cabo, se resumem a um arquivinho mequetreque de 750 mb, que cabe num pendrive de apenas 1 giga, o que se fosse implantado e permitido pelas emissoras de TV, poderia detonar o paradigma de uma hora de fita por uma hora de programa, para 3 minutos de transferência de arquivo para uma hora de programa. Bastava aceitar os programas produzidos logo em MPEG4.
Criando conteúdo direto em MPEG4 - já há câmeras profissionais sem fita, com HDs ou cartões de memória nesse sistema -, as gravações digitais podem ser feitas assim, a colocação do conteúdo de TV na WEB não dependerá de mais outra conversão de arquivo e por aí vai. Isso para termos TV na WEB em tela cheia e não nas janelinhas de 320x240.
Como se pretende que a TV seja assistida pelos celulares de G3 para frente, fica outra pergunta: quem vai conseguir ler caracteres e textos rolantes numa tela do tamanho que os celulares podem ter?
Qual dos futuros possíveis nos estará reservado?
Abs,
José Roitberg
Visite o site da História da Publicidade da Coca-Cola
Nenhum comentário:
Postar um comentário