sábado, 16 de abril de 2011

LAAD 2011 Panorama Geral

Foi uma consolidação do Brasil, do Rio de Janeiro e dos organizadores. Uma feira enorme, excelente quanto a qualidade dos equipamentos expostos e a quantidade e diversidade dos convidados e participantes. Para todos os lados, grupos de oficiais dos mais diversos países, literalmente de todo o planeta.

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Como exemplo dessa diversidade escolhi a foto de um oficial muçulmano, do país de maior população islâmica do mundo, a Indonésia com seus 250 milhões de seguidores de Maomé. Numa época em que estamos acostumados a associar o Islã às longas barbas e uma aparência árabe, é bom ver o Islã da maioria e não da minoria, personificado pelo simpático general George T. (diga-se George Tee), um quatro estrelas, comandante dos paraquedistas da Indonésia. Talvez o pessoal do Timor não o ache tão simpático assim, mas as coisas são como são.

Outro ponto notável foi a quantidade de oficiais femininas das três forças armadas nacionais. A evolução da oficialidade e a nova composição da tropa salta aos olhos.

O foco mundial está bem claro: proteção do soldado. Há muito mais empresas dedicadas a isso do que dedicadas às armas. E proteção assume uma gama enorme de produtos. Blindagem adicional de todos os tipos, indo de coletes e capacetes à veículos praticamente a prova de minas terrestres. No foto você pode ver o tamanho enorme desta classe de veículos, neste caso um sulafricano, o melhor contra minas e que pode levar 12 homens com equipamentos, no ar-condicionado, por até 700 km. Resiste à minas anti-tanque. E é caro…

transporte-de-tropas-sulafricano

Proteção nuclear, química e biológica. Cada vez mais veremos soldados treinados e equipados para sobreviver num campo de batalha deste tipo, que pode ser até mesmo uma área de acidente nuclear como Fukushima. E é complicado pois é um cenário em que outros, sem proteção, não sobrevivem. O treino para lutar e trabalhar vestido com estas roupas é trabalhoso

protecao-nbc

A proteção do soldado hoje também passa pelo desenvolvimento de novas armas para combate urbano, havendo todo um novo ramo de foguetes de muito curto alcance: apenas 10 m até 300 m, projetados para derrubar portas pesadas e abrir buracos do tamanho de um homem em paredes de tijolo e concreto. Acompanhando essa necessidade há uma gama enorme de granadas não letais – tiram o inimigo de combate pela concussão, clarão ou ruído, ou com ferimentos superficiais – permitindo sua captura e a tomada do objetivo que não deve ser destruído. Um das curiosidades são as granadas de mão de borracha, que quicam, podendo ser lançadas por “tabelas” em corredores e outros espaços complicados.

scania

Um dos ramos disputadíssimos é o do transporte de tropas e equipamentos. Os grandes fabricantes nacionais e mundiais estiveram na LAAD e o destaque fica para esse “vagão de trem” 8x8 apresentado pela Scania, um veículo que foge às proporções do que você chamaria de “um caminhão grande”: esse é enorme.

Todos os países estão utilizando aeronaves não tripuladas. Elas podem ser do tamanho de um aeromodelo equipadas com câmeras, até enormes aviões robô de combate com autonomia de dezenas de horas e capazes de atingir alvos no solo com precisão absoluta. É uma forma de guerra do futuro que está ocorrendo hoje. E o maior fornecedor do mundo deste tipo de aeronaves é Israel através da empresa IAI.

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Sempre chegando primeiro, a IAI apresentou a linha Panther de UAVs chamados pequenos, com capacidade de decolagem e aterrissagem vertical, também podendo pairar no ar para acompanhar uma ação em solo de forma mais simples.

india

Esse ramo da guerra teleguiada e robotizada está apenas no seu início. Várias nações já fabricam ou já desenvolveram mísseis de cruzeiro para rivalizar com os Tomahawk americanos recém utilizados às dezenas contra a Líbia. O Brasil já possui seu projeto, assim como o de bombas inteligentes. Mas a Índia já está adotando seu avião robô a jato próprio, sempre lembrando do estado constante de conflito com o Paquistão e a existência de arsenal nuclear em ambos países.

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Um aspecto que pode se considerar como sendo de proteção do soldado é o treinamento de tiro por computador, sem uso de munição real mas com armas reais. Vários fabricantes oferecem sistemas similares que podem ir desde uma instrução clássica de tiro para ensinar a manusear, mirar e disparar a arma, até um enorme acervo de situações de combate. Aproveitando a capacidade gráfica dos PCs e da oferta de grandes TVs de LCD, o custo é tão baixo que cada unidade militar e policial deveria possuir um simulador destes e fazer com que seus homens treinassem à exaustão. É um treinamento eficiente e muitíssimo barato. Estes simuladores ainda não chegam perto dos militares antigos, ainda da época do vídeo-disco, que permitiam treinamento em conjunto (vários atiradores) ou o treinamento em qualquer posição da simulação, por exemplo: treinar como o primeiro homem do pelotão, como o do meio, como o sargento etc.

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O saldo do mostrado na LAAD é vermos um soldado cada vez mais envolvido pela eletrônica e informática desde o treino até o campo de batalha, um soldado que precisa ter inteligência para operar estes equipamentos mais sofisticados. E como o soldado é mais valioso, ele precisa ser melhor protegido e ter mais capacidade para sobreviver, pois não dá para formar estes especialistas em pouco tempo. A época de um homem com um fuzil na mão andando para frente, já se foi há muito tempo.

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