Alguns detalhes sobre o Genocídio dos Armênios, e não o "genocídio armênio" como falam por aí:
A Al Jazeera, agência de notícias árabe-sunita do Catar -- único país que apoiou o Hamas na última guerra de Gaza -- produziu grande conteúdo entrevistando alguns armênios que foram para Istambul para a celebração dos cem anos da matança. Os árabes e os turcos-otomanos são inimigos milenares. Ambos querem ser os líderes e controladores absolutos do Oriente Médio e do mundo islâmico. Assim não surpreende ver a agência oficial dos árabes alfinetando o inimigo turco. Mas errou ao chamar de "massacre armênio" o que, na verdade, foi um massacre PROMOVIDO pelos turcos CONTRA os armênios.
Mais adiante a Al Jazeera faz um revisionismo histórico pesado ao afirmar que "os ancestrais" dos armênios entrevistados "foram afetados pelos incidentes de 1915, quando as autoridades turcas expulsaram os armênios da Anatólia e os empurraram para a Síria", dando a entender que aquela teria sido uma ação legítima e que se alguém foi morto, talvez tenha sido pelos sírios. Dizer isso em meio à atual guerra civil na Síria soa estranho.
O Genocídio dos Armênios não foi um incidente isolado no ano de 1915, mas um processo que duraria sete anos, terminando apenas em 1922, quando já não havia mais quem matar.
A FARS, agência de notícias oficial do Irã, ainda não emitiu nada sobre a data. Mas publicou hoje um pedido do embaixador da Armênia para estreitar laços com o Irã.
O G1 (Brasil) publicou um "conheça a história" com conteúdo bem preciso e informativo, mas deixou de lado o mesmo que os países católicos e muçulmanos deixam de lado há um século: o simples fato de que o Império Turco-Otomano era muçulmano (pode parecer óbvio para você, mas não é para a população em geral), que seu líder foi o último Califa (hoje temos o ISIS restabelecendo o califado), portanto líder oficial de todos os muçulmanos do mundo, e que o um milhão e meio de armênios mortos pelos turcos eram CRISTÃOS ORTODOXOS.
Há um MEDO TERRÍVEL da mídia ocidental em mostrar que essa foi a primeira grande matança de cristãos pelos muçulmanos no século 20, sem ser em combate. Até porque os turcos já haviam matado em torno de 200 mil armênios nos anos 1895-1896 em pogroms semelhantes àquele os cristãos-ortodoxos faziam contra os judeus da Rússia. Na época ninguém falou nada, como também nada falavam sobre as mortes de judeus. Isso abriu caminho para que cerca de 20 anos depois houvesse um outro genocídio, porém com métodos mais modernos e industriais: o Holocausto.
A semelhança do Genocídio dos Armênios com o que os nazistas fariam mais tarde aos judeus é impactante: Entre 1915 e 1917 o Califa assinou leis expulsando de suas casas 1,7 milhões de armênios que viviam na Turquia há séculos. Outra lei lhes confiscou todos os seus bens e propriedades. A matança se deu por várias formas: fuzilamento; enforcamento; marchas pelo deserto (morte por exaustão); confinamento em campos de concentração, onde a fome, as epidemias e até incinerações em massa dos cristãos armênios em grandes fogueiras se encarregou de lhes dizimar. Isso perdurou até 1922. Tudo isso inspirou tanto a Hitler na década de 1940 quanto ao ISIS de hoje em dia.
Ainda assim existe até hoje UMA DELIBERADA VONTADE de descaracterizar este genocídio como um massacre de cunho religioso. É semelhante ao que vemos hoje, quando as incontáveis vertentes islâmicas se massacram mutuamente todos os dias, e a imprensa e os intelectuais de plantão insistem em dizer que é tudo política e que a religião tem que ser deixada de fora.
É semelhante à Guerra da Bósnia em 1992/95, quando os sérvios cristãos-ortodoxos partiram para cima dos bósnios muçulmanos e dos croatas católicos assim que o regime comunista iugoslavo caiu, em represália ao que os muçulmanos e católicos fizeram aos ortodoxos durante a Segunda Guerra Mundial.
E você é daqueles que acham que os EUA são "islamofóbicos"? Você se recorda de que lado desta guerra os americanos e a OTAN entraram? Não lembra? Pois e eles atacaram por terra, mar e ar as tropas cristãs em defesa das forças muçulmanas. Depois prenderam as lideranças cristãs e levaram-nas aos tribunais de crimes de guerra e genocídio contra os muçulmanos, que jamais haviam pago pelas centenas de milhares de judeus e cristãos sérvios que mataram na Segunda Guerra Mundial com auxílio dos católicos croatas.
Pode parecer maluquice, mas os católicos croatas foram aliados dos alemães, compondo até mesmo uma divisão das Waffen SS. Eles até ganharam o "privilégio" de operar o campo de extermínio de Jasenovak. E foi apoiando os descendentes destes carrascos voluntários de Hitler que o democrata (assim como Obama) Bill Clinton bombardeou as forças cristãs. Então compreenda que a atual agenda pró-muçulmana americana é algo do Partido Democrata e não uma política oficial norte-americana.
A mídia de 1916 não tinha dúvida alguma sobre o que estava ocorrendo com os armênios. A Primeira Guerra Mundial foi muitíssimo bem documentada por relatos, fotos, desenhos e charges. A "Revista da Semana" (Rio de Janeiro) de 15 de janeiro de 1916 e mostra um muçulmano com feições simiescas usando um turbante decorado com uma meia lua (como no alto das mesquitas), uma grande faca na cintura e tendo em mãos uma cimitarra ensanguentada. A legenda, traduzida da publicação original no jornal italiano "L'Asino", é mais que clara: "Vou me vingando nos christãos que tenho em casa!"
Entenda: pela primeira vez desde as Cruzadas, as tropas católicas, anglicanas, e protestantes da Europa Ocidental e Oceania, além das tropas cristãs-ortodoxas russas estavam atacando o Império Muçulmano e visavam a tomada de Jerusalém (o que de fato aconteceu em 1917). Por que houve a decisão turca de matar seus cristãos-ortodoxos? Ninguém sabe, até porque os turcos se recusam até hoje a admitir o massacre. Mas pode-se especular que foi receio de ter 1,7 milhões de cristãos dentro do país apoiando as tropas cristãs que atacavam o império.
Mas aqui temos outro detalhe importante: os católicos, anglicanos e protestantes eram inimigos dos cristãos-ortodoxos. Até hoje temos o Papa Francisco, em pleno século 21, ainda às voltas com esta mesmo questão. Assim, os países expoentes destas religiões -- Itália inclusive -- venceram a guerra e pouco se importaram com o destino dos cristãos-ortodoxos armênios. A grande potência cristã-ortodoxa, o Império Russo, fora esfacelado pela Revolução Comunista. Por conta dessa contingência de fatores, os ortodoxos foram deixados de lado.
O segundo cartum foi publicado no "American Jewish Cronicle", definindo que a liderança turca era igual à liderança cossaca, mostrando as casas do armênios em chamas e eles sendo tocados para frente por um soldado turco a cavalo com chicote.
No terceiro, também do jornal italiano "L'Ansino", o cáiser Guilherme II (então imperador da Alemanha), visitando Constantinopla, é presentado pelo califa com uma cesta cheia de crânios: "Aceite-os! É uma lembrança do último massacre de cristãos". E pela janela vê-se um armênio empalado numa estaca.
No quarto, do jornal "Evening World" (Nova York), um armênio magro, esfarrapado e com uma criança faminta é posto para fora da sala por um gordo congressista norte-americano que lhe diz: "Saia! Você está partindo meu coração!"
No quinto ("Rocky Mountain News" [Denver] 1919) temos um mal encarado turco de corpo gigantesco e cabeça pequena, cujas mãos pingam sangue enquanto segura uma espada com uma criança armênia empalada. Ao fundo a Armênia em ruínas. A legenda questiona "Nossa Proteção?".
No sexto (Chicago Herald), soldados turcos levantam um monumento ao genocídio, composto por uma enorme cruz cheia de cadáveres de cristãos mortos.
E por fim o sétimo, de 1922, mostrando um gigante turco com espada pingando sangue chicoteando uma massa de armênios numa marcha da morte.
© 2015 José Roitberg - jornalista e pesquisador
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