sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Previsões para 2009 - quantos gigabytes você possui?

Acertei em cheio no ano passado. Em dezembro de 2007, quando as pendrives de 1 GB estava acessíveis, eu chutei que em dezembro de 2008 estaríamos nos 8GB. Estamos.

Mas errei em um aspecto. Não parecia que os cartões de memória também poderiam estar aí pelos 8 GB. Realmente não estão. Um modelo tende a se tornar o padrão: é o SD, já com dois padrões derivados.

O SDHC (Secure Digital High Capacity) ultrapassou a barreira dos 4 GB utilizando gerenciamento de arquivos FAT32, não possuindo mais limites de software. Também houve um tremendo ganho de velocidade. Os primeiros SDs eram de 1x. Os atuais têm as velocidades mais comuns de 60x, 100x e 133x. Hoje mesmo, sexta-feira 21/dez/2007, um cartão SDHC de 8 GB 100x custa ridículos 110 reais em lojas, não em camelôs, no centro do Rio. Em SP deve estar mais barato ainda. Aliás, camelô vendendo todos os tipos de "gigabytes"? Nem o James Cameron nos filmes dele...

Só que o sistema SDHC já é vendido no mercado nas capacidades 16 GB e 32 GB !!! Para perceber o que é isso, basta dizer que um arquivo de resolução máxima (não RAW) de uma máquina digital em torno de 8 megapixels é de cerca de 3 MB. Numa matemática porca, cabem 10.000 fotos destas no cartão... Deveríamos nos perguntar se, de fato, existe "usabilidade" para isso. Pessoalmente não vejo uso algum. Num bom trabalho profissional de cobertura de grandes eventos de algumas horas, 120 fotos é um número bom e se for um evento de dois dias, 600 fotos é um resultado ótimo. Agora, 10.000? Sei lá... Escolher 5 fotos para publicação entre 600 já é uma perda enorme de tempo. Agora, entregar 600 fotos, sem legendas, sem se saber quem aparece nelas é a terrível norma. Os fotógrafos já devem pensar urgentemente em ter um produtor para anotar nomes e conteúdo das fotos no momento em que são tiradas.

A minha previsão para dezembro de 2009 é que estaremos comprando, sem saber o que fazer com eles, os tais cartões de 32 GB, por 100 reais e que a indústria vai despejar cartões de 128 GB.

Em relação aos mega-pixels, me alinho com uma corrente da fotografia digital que afirma que qualquer coisa para cima de 8 megapixels para uso pessoal e jornalístico é perda de tempo e não traz nenhuma melhoria na qualidade das fotos. Alguns lançamentos profissionais de câmeras acima de 12 megapixels chegaram a ser cancelados. Os arquivos ficam grandes demais para passarem por uma USB2.0 fast e já precisam de uma firewire. Só que ainda não decidiram espetar esta porta nas câmeras fotográficas, apesar da tecnologia para isso estar disponível há mais de 6 anos. Não faltam câmeras de vídeo digitais muito pequenas, baratas e com firewire.

Os 12, 24 e 32 megapixels podem trazer resultados surpreendentes para a fotografia artística e publicitária, principalmente para formatos de impressão enormes. Para quem não sabe, há câmeras de 32 megapixels, onde sua ficha técnica indica a capacidade de UMA FOTO por gigabyte em arquivo RAW (um tipo de formato TIFF sem compressão alguma). Sacou? Um cartão de 4 GB lhe permite tirar 4 fotos. Em estúdio, estas máquinas estão ligadas direto a um notebook (firewire ou wi-fi) e cada foto via direto para dentro do HD.

O que fazer com essa "gigabaitagem ilimitada?"

Em primeiro lugar, as câmeras de vídeo vão abandonar as fitas mesmo! Quem gastar com câmeras de vídeo que gravam em DVD ou em HD interno ou externo vai jogar dinheiro fora. Com 32 GB dá para colocar 4 horas de vídeo em qualidade de produção de TV 720x480. Para que motores, cabeçotes, portas e tampas, fitas de 30 minutos ou 60 minutos, limpeza de cabeçotes, desgaste? Isso já tem que ir para a lixeira.

Com a captação da imagem sendo feita em arquivo mp4, o material vai ser jogado para dentro da ilha de edição por cópia de arquivo e não mais por digitalização. Se for USB2.0 fast, passa a 10 Mbits/s. Se for firewire, passa a 700 Mbits/s. Um leitor multi-formato, seja portátil enfiado numa USB, seja fixo no computador está custando 20 reais e TEM QUE SER COMPRADO por quem recebe fotos nos escritórios. Não importa a máquina do fotógrafo. Não importa se esqueceu o cabo, se o cabo é o errado. Estes leitores são para 50 formatos de cartões.

Notebooks... Ah, notebooks... Para que HD? A base instalada no Brasil tem hds de 80 GB para baixo. A maioria é de 40 para baixo. O cartão de 32 já está aí... Se os fabricantes pensarem sentados nos bits deles, vão fulminar o HD, vão lançar no limbo os fantásticos mini HDs de 4 gb que não serviram para nada e vão simplesmente embutir 32, 64 ou 128 GB de memória flash na própria placa mãe, ocupando a imensa área de 2 cm quadrados da placa... O custo vai ficar pau a pau, com tendência de despencar em relação aos HDs. Ecologicamente pensando a matéria prima gasta num cartão SD comparada a um HD chega a ser irrelevante.

Talvez volte a se pensar no notebook popular, cujo ponto mais fraco era a ridícula capacidade de armazenamento. Seja popular ou topo de linha, 128 GB de flash-ram + um multileitor externo podem mudar toda a relação que temos com nossos notebooks, aumentando o tempo das baterias, catapultando a velocidade de execução e eliminando o calor e ruído gerado pelo HD.

Mas sempre há um ponto onde tudo pode dar errado. O tamanho ínfimo do SDHC, só superado por sua outra derivação, o MINI-SDHC, que vai ser encontrado dentro dos telefones G3 já circulando (as companhias fazem o favor de dar um cartão de 128 MB enquanto um de 1 GB custa 20 pratas ali na esquina...) Se a base de memória, arquivamento e transporte, passar a ser realmente a memória flash-ram, jogando no lixo não só os DVDs (tem gente que achava que os ZIP de 100 MB seriam muito úteis ao longo do tempo), como o próprio padrão Blueray, já emparelhado em capacidade pelo SDHC e superado por ele em taxa de transferência e tamanho físico, onde é que vamos anotar em cartões e pen-drives o que tem dentro!!!

O hardware é tão pequeno com um conteúdo tão imenso que mal dá para escrever, de forma legível o número "1" na etiqueta de um SD...

Em dezembro do ano que vem, veremos onde estaremos. Ah, sempre lembre: se está à venda é porque é lixo tecnológico. O que está em fase final de aprovação e colocação em linha de produção já supera tudo que é vendido e o que está em fase de desenvolvimento deve ser impressionante até mesmo para especular.

Abs,
José Roitberg - jornalista - CC 2.5 - quem quiser usar, abuse.

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