domingo, 29 de dezembro de 2013

Movimento Sionista Betar no Brasil 1947-1961

Surgiram estas preciosas fotos do Movimento Sionista Betar, que ia além de um grupo juvenil em suas atividades no Rio de Janeiro.

Com o monopólio historiográfico judaico por pessoas da esquerda judaica o Betar no Brasil foi varrido da história como se nunca tivesse existido. Exatamente o mesmo que movimentos juvenis de esquerda (Shomer, Dror, Chazit, Ichud, Bund, Clube da Juventude Israelita, Iugen Heim, ASA, Frischman e tantos outros) fizeram com a memória dos jovens que não eram da esquerda e combateram no Gueto de Varsóvia.


Pavel Frenkel

O Betar estava no Gueto de Varsóvia e praticamente todos os seus integrantes foram mortos em combate ou logo depois. Assim sobrevivendo jovens da esquerda, somente, contaram a história como lhes convinha. O Betar formou o ZZW (ZIDOWSRY ZWIZAEK WOJKSOWY - União Militar Judaica). Seus comandantes foram Pavel Frenkel e Leon Rodal, mortos em combates contra os soldados nazistas em abril de 1943


Leon Rodal

O Betar também combateu nos levantes dos guetos de Vilna e Bialistok. Poucos dos que sobreviveram a estes dois combates se incorporaram a unidade partisans de guerrilha. Todavia os membros dos grupos do Betar nos vários países da Europa foram praticamente 100% exterminados no Holocausto.

O Betar sempre foi acusado de ser “da direita fascista”, pelos militantes da esquerda já nos anos 1930 em Israel pelo fato de seu uniforme ter camisas de cor marrom-avermelhada escura. Os judeus de esquerda afirmavam que eram os 'camisas marrons' fascistas e nazistas. Mas convenhamos, as SA nazistas usavam marrom claro, quase bege, e os fascistas italianos usavam camisas pretas. Obviamente não interessa à propaganda judaica de esquerda que as camisas marrom-avermelhadas escuras foram criadas junto com o movimento na Latvia, em 1923, dois anos antes de Hitler escrever o Mein Kampf e sonhar com suas próprias camisas beges. Para o Betar o tom de marrom de suas camisas significava a terra de Israel.

Posteriormente, com a ascensão do nazismo o Betar fora da Alemanha passou a usar camisas brancas ou camisas azuis. Lembre que a imprensa era com fotos preto e brancas e a simples menção de "camisas marrons" era complicada por não ser possível ver os tons de marrom nas fotos. Na foto abaixo, uma manifestação de rua do Betar em Berlim, em 1934, já em pleno vigor da administração hitleriana. Podemos ver os jovens com camisas brancas e bandeira do movimento que unia a 'bandeira sionista' com uma menorá estilizada com a base como uma lâmina de punhal.

Betar na rua um Berlim em 1934


Mas a esquerda determina que tudo que não é esquerda é fascista. Apenas propaganda partidária. Assim, democratas são fascista, republicanos são fascistas, legalistas são fascistas, conservadores… Ah, estes são muito fascistas. É a visão da esquerda e é o que foi propagado por seus livros e ícones culturais.

Mas as pessoas do Betar aí estão, burgueses, democratas, pró-Israel, sionistas que foram embora, sionistas que ficaram.

O Betar não deixou sua história escrita no Brasil, nem na Europa, pois praticamente todos imigraram para Israel. Seus ícones são detestados pela esquerda judaica e pela direita religiosa ortodoxa judaica.


São Jabotinsky e Trumpeldor que desde antes da Primeira Guerra Mundial já pregavam que os judeus fossem capazes de se defender dos pogroms na Europa Oriental, enquanto a esquerda buscava e depois implementava sua revolução sanguinária e os religiosos implementavam a vontade de Deus para retirar dos cristãos ortodoxos do Império Russo e depois dos comunistas não tão ateus assim, a responsabilidade pela matança de judeus. Exatamente o que o Rabino Chefe Sefaradi, Ovadia Yossef z´l fez poucos anos atrás em relação aos nazistas. Nessa visão absurda da ortodoxia (mas não é uma visão geral), os que mataram judeus agiram movidos pelo “nosso Deus” para nos punir. Ah! Que se danem os que pensam assim e rezam para Deus mandar chuva todo ano…

Em março de 1920 oito judeus foram mortos num ataque árabe contra o povoado de Halsa, bem ao norte. Entre eles, Josef Trumpeldor fundador do movimento sionista russo Hejalutz. Entre 1919 e 1920, Halsa estava sob controle francês. Em dois meses, os árabes atacaram outras oito colônias de judeus. Esses ataques levaram os judeus a criarem a Haganá - Força de Defesa em junho. No ano seguinte os ataques árabes continuaram em áreas rurais e se iniciaram nas áreas urbanas, em Jaffa, Rehovot, Petah Tikva, Hadera, Haifa e Jerusalém, onde o bairro judeu foi duramente atacado e os árabes repelidos pela Haganá. Neste clima anti-judaico, os ingleses proíbem os judeus de entrar na "Tranjordânia."


Joseph Turmpeldor com uniforme
britânico em 1916
Em fevereiro de 1915 o comando britânico em Alexandria, no Egito, aprovou o plano de Zeev Jabotinsky e de Joseph Trumpeldor para criar uma tropa formado por judeus imigrantes russos que iriam participar da libertação da 'Palestina' do Império Otomano. O recrutamento começou pelos judeus que estavam no Egito e tinham sido expulsos da 'Palestina' pelos Otomanos em 1914 por serem russos, portanto inimigos na Primeira Guerra Mundial. O primeiro contingente foi de 650 soldados, dos quais 562 participaram da Batalha de Galipoli. Era uma unidade de transporte chamada de Zion Mule Corps. Eles se uniram em solo turco ao 9th Mule Corps da Índia, na tarefa complicada de abastecer de água as tropas da linha de frente de combate. Apenas 13 soldaos do Zion Mule Corps foram mortos. Trumpeldor, recebeu o posto de capitão e levou um tiro de fuzil no ombro, mas recusou a ser evacuado, continuando em suas funções. O ZMC foi desfeito em janeiro de 1916. No ano seguinte seria formada a unidade de combate conhecida por Legião Judaica, mas é assunto para outro artigo.


Zeev Jabotinsky com uniforme
britânico em 1917
Jabotinsky fundou o Betar homenageando Trumpeldor em 1923. Este é um ano emblemático, pois foi quando o Império Britânico promove a Primeira Partilha da Palestina do Mandato Britânico, criando oficialmente a Transjordânia e ampliando oficialmente a proibição de cidadãos judeus lá, já em vigor desde 1920. Portanto, na prática, o Estado Árabe segregado composto por mais de 70% do território da Palestina do Mandato.





As fotos abaixo não possuem legenda alguma. Não sabemos o nome sequer de uma pessoa nelas. Seria interessante se pudéssemos identificar algumas. Use os comentários.

Todas as fotos foram divulgadas pelo historiador militar Israel Blajberg

Fotos do Betar no Rio de Janeiro 1949 - 1961 - 7 FOTO DE ISRAEL BLAJBERG
Essa é uma foto inequívoca de um grupo do Betar antes de embarcar em navio italiano para Gênova, fazendo aliá (emigração para Israel). A rota pela Itália, depois embarcando em navio menor para Israel era a rota comum do final dos anos 1940 e da década de 1950 inteira. É no Porto do Rio.


Fotos do Betar no Rio de Janeiro 1949 - 1961 - 6 FOTO DE ISRAEL BLAJBERG
Parece outra foto de emigração de outro grupo em data mais recente


Fotos do Betar no Rio de Janeiro 1949 - 1961 - 5 FOTO DE ISRAEL BLAJBERG
Tirada no centro do RJ pelo menos a mulher que está à direita com o livro na mão é a que está na fila do centro da foto anterior com camisa quadriculada. Quem terá sido o elemento expurgado do grupo? E qual teria sido o motivo?


Fotos do Betar no Rio de Janeiro 1949 - 1961 - 4 FOTO DE ISRAEL BLAJBERG
Gente de todas as idades, num evento do Betar com a emblemática frase judaica, já caída no esquecimento: “no ano que vem, em Jerusalém”, sempre na esperança dos judeus de voltar a sua cidade mais sagrada. Notamos que não há um bibico do Betar no Museu Judaico. Será que alguém ainda guardou um?


Fotos do Betar no Rio de Janeiro 1949 - 1961 - 3 FOTO DE ISRAEL BLAJBERG
Está foto é provavelmente no campo do América onde a Comunidade Judaica realizava grandes festas como o Aniversário da Independência de Israel, e já muito antes disso, a esquecida festa de Bikurim, comemorando as colheitas em Israel. Vemos os adultos em ternos e os jovens com uniforme o Betar.


Fotos do Betar no Rio de Janeiro 1949 - 1961 - 2 FOTO DE ISRAEL BLAJBERG
Evidentemente é um evento. Pela faixa incipiente com o nome do Betar em hebraico, onde se lê claramente a ortografia “Beitar” podemos arriscar imaginar que poderia ser a foto de fundação do grupo no Brasil. Mas é só suposição. Pelos ladrilhos, aparenta ser um salão do Liceu Português, mais do que no Clube Ginástico Português, muito utilizado pela Comunidade, durante décadas, antes da construção da Hebraica. É notável que a reunião tenha ocorrido sob o retrato de Trumpeldor, fixado bem alto na parede.


Fotos do Betar no Rio de Janeiro 1949 - 1961 - 1 FOTO DE ISRAEL BLAJBERG
Aniversário da Independência de Israel em maio de 1961. É a única foto da qual podemos ter certeza da localização temporal


José Roitberg - jornalista e historiador

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Roit
Porque você não envia essas fotos para o museu judaico ou divulga escrevendo um livro sobre as atividades político-social e cultural do grupo intitulado Movimento Sionista Betar de l947 a l96l ?
Pelo menos eu sei que vários movimentos sionistas em todo o mundo foram para Israel e lá conseguiram concretizar a criação de vários Kibuts, sendo que tiveram grande influências em todos os campos desde o cultural até o político, que ficou marcado na história indelével do povo judeu. Publique um livro contando as histórias verídicas desse grupo .shalom.